Rodrigo Lira – Doutor em política, professor e pesquisador do programa de doutorado em Planejamento Regional e Gestão de Cidades da Universidade Candido Mendes – A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos marca um retorno ao poder de uma retórica polarizadora e protecionista, típica de sua primeira gestão. No cenário global, testemunhamos o fortalecimento da extrema direita, impulsionado por discursos que evocam nacionalismo exacerbado, políticas anti-imigração e desdém por pautas progressistas. Esse movimento ressoa em diversas nações, criando um ambiente de tensão e instabilidade internacional.
Recentemente, gestos controversos realizados por ElonMusk, como os supostos acenos a símbolos nazistas, levantaram preocupações sobre a normalização de atitudes extremistas no discurso público. Tais atitudes são emblemáticas de uma era em que figuras de influência utilizam suas plataformas para amplificar ideias divisivas. A crescente adesão de setores da sociedade a narrativas conspiratórias e autoritárias reforça esse panorama, tornando ainda mais desafiador o papel das democracias em preservar o pluralismo e os direitos individuais.
Esse avanço da extrema direita também se reflete na erosão de acordos globais e na fragmentação de alianças internacionais. O descompromisso com pautas ambientais, por exemplo, ilustra como lideranças nacionalistas priorizam interesses imediatos em detrimento de soluções sustentáveis. Além disso, o fortalecimento de regimes autoritários em diversas regiões evidencia a vulnerabilidade das democracias diante da ascensão de lideranças que desafiam normas institucionais e promovem discursos de ódio.
Governos e instituições multilaterais enfrentam o dilema de equilibrar interesses nacionais e a necessidade de cooperação global em áreas críticas, como mudanças climáticas, crises migratórias e desigualdades sociais. A proliferação de desinformação nas redes sociais agrava o cenário, dificultando o combate ao ódio e ao autoritarismo. As práticas revisionistas e a negação de eventos históricos também configuram um terreno perigoso, onde a verdade objetiva perde espaço para narrativas construídas em prol de agendas específicas.
Nessa conjuntura, o mundo parece atravessar um ponto de inflexão, onde antigos dilemas se entrelaçam com novas dinâmicas. As escolhas e os caminhos trilhados por governos, lideranças e pela sociedade civil serão decisivos para definir o equilíbrio entre retrocessos históricos e avanços possíveis. Como as nações responderão a esses desafios? Em meio às incertezas, resta a interrogação: quais valores e ideais prevalecerão diante desse cenário global nebuloso?
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