×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Beda comemora 300 cirurgias robóticas em menos de dois anos

Marca alcançada destaca o hospital nos cenários estadual e nacional em saúde e tecnologia

Especial J3
Por Ocinei Trindade
19 de janeiro de 2025 - 7h00
Inovação|O investimento em cirurgia robótica começou em abril de 2023 (Fotos: Divulgação)

O Hospital Geral Dr. Beda chegou à marca de 300 cirurgias robóticas na semana passada. O resultado é bastante satisfatório, já que há menos de dois anos a tecnologia foi implantada na unidade. A direção do Grupo IMNE, assim como os médicos, cirurgiões e enfermeiros que integram o Programa de Robótica da instituição, consideram uma grande conquista para Campos dos Goytacazes e a medicina do interior fluminense. O investimento em tecnologia robótica do hospital começou em abril de 2023. Naquela ocasião, a primeira cirurgia com auxílio do robô Da Vinci foi de uma paciente para retirada de um tumor renal. Já a cirurgia de número 300, no último dia 13 de janeiro, envolveu uma paciente com endometriose.

Diogo Neves (Foto: Josh)

Para o diretor clínico do Hospital Beda, Dr. Diogo Neves, as 300 cirurgias robóticas representam mais que números expressivos. “Trata-se do amadurecimento da instituição, de seus profissionais de uma forma geral e da percepção da população sobre o diferencial que proporcionamos. A primeira cirurgia robótica em solo brasileiro foi realizada há cerca de 16 anos, e muitas pessoas já haviam recorrido a essa tecnologia, principalmente em grandes cidades. O que conseguimos foi capacitar profissionais já extremamente qualificados para realizar cirurgias robóticas com a mesma destreza de outros grandes cirurgiões, concentrados principalmente nos grandes centros urbanos”, afirma.

Diogo Neves relembra que, para se alcançar o número de mais de 300 cirurgias robóticas, houve um longo processo. “Iniciamos o Projeto de Robótica literalmente do zero. Além do robô e seus apetrechos, adquirimos um simulador de cirurgia robótica certificado pela Strattner (fabricante), onde nossos cirurgiões puderam realizar todo o treinamento sem deslocamentos. Facilitamos a certificação de grande parte deles. Conseguimos garantir estratégias comerciais que permitiram que grande parte dos cirurgiões certificados se tornasse proficiente em curto intervalo de tempo. Para isso, o cirurgião tem que realizar um número mínimo de procedimentos cirúrgicos determinado pelo fabricante. Dessa forma, eles estão aptos a realizar cirurgias robóticas com autonomia em qualquer lugar do país. Fico muito satisfeito em olhar para trás e saber que, há dois anos, tínhamos apenas um cirurgião proficiente. Hoje, temos mais de 10 nas mais diversas áreas”, destaca o diretor.

Gustavo Araújo (Foto: Josh)

Para o coordenador do Programa de Robótica do Beda, Gustavo Araújo, as primeiras 300 cirurgias realizadas chancelam o hospital e seu corpo clínico de cirurgiões como a maior experiência em cirurgia robótica no Norte e Noroeste Fluminense. “Passamos por um período de muito trabalho com as certificações de nossos cirurgiões, mas atingimos essa marca antes do previsto, demonstrando assim a importância do Beda no cenário hospitalar do Rio de Janeiro. Hoje temos cirurgiões certificados em todas as áreas possíveis de atuação. Recebemos médicos de diversas cidades para operar em nosso hospital. Esse destaque se dá não só pela equipe de ponta, mas também pela qualidade tecnológica e hospitalar”.

Ivan Azevedo (Foto: Josh)

Investimento em tecnologia
Para o cirurgião torácico Ivan Azevedo, a tecnologia robótica elevou o nível da qualidade da assistência na região. “A direção do hospital teve coragem e visionarismo de empreender em um projeto de extremo sucesso. Fico muito honrado em fazer parte dessa história. O projeto cumpriu com maestria todas as etapas do processo e, em um curtíssimo espaço de tempo, conseguiu habilitar uma quantidade grande de profissionais. Isso é muito bom. É praticamente impossível, nos dias atuais, falar de medicina de precisão e oncologia torácica sem falar em cirurgia robótica. Esta vem melhorando cada vez mais os resultados oncológicos e cirúrgicos dos nossos pacientes”, diz.

De acordo com o cirurgião oncológico Jonatha Frazão, a cirurgia robótica tem sido um período bastante positivo em Campos. “Não só pela plataforma robótica em si, mas também por outras tecnologias que vieram acopladas, como o aparelho de ultrassonografia minimamente invasivo, que permite realizar um exame durante o ato cirúrgico, aumentando ainda mais a precisão no tratamento das lesões oncológicas. O destaque fica nos tumores colorretais e ginecológicos, onde a plataforma trouxe melhor oportunidade para dissecção de estruturas, diminuindo efeitos colaterais da cirurgia, e o campo aberto para crescimento em tumores do fígado e pâncreas, tornando mais seguro o manejo de vasos nobres através dos movimentos mais precisos que a plataforma robótica proporciona. A cirurgia robótica é um caminho sem volta”.

Para o cirurgião de cabeça e pescoço, Raphael Sepulcri, a tecnologia deve ser sempre bem incorporada na atenção médica. “Nestes dois anos, levamos o que é melhor para os pacientes de Campos e região. Cirurgias com menos morbidade, menor tempo de internação, menos sequelas. Na cirurgia de cabeça e pescoço, temos essas vantagens da cirurgia robótica e, em alguns casos, melhora na sobrevida dos pacientes com alguns tipos de câncer”, comenta.

A diretora administrativa do Grupo IMNE, Martha Henriques, destaca o histórico de inovação da instituição. “Nosso diretor-presidente, Dr. Herbert Sidney Neves, sempre busca inovar. Campos está no cenário nacional na área da saúde. O Programa de Robótica do Beda conta com médicos, enfermeiros e técnicos voltados exclusivamente para este serviço. A empresa muito nos orgulha com essa nova era. O robô é uma conquista em nossa história, lembrando que há muito a ser explorado em inteligência artificial”, diz.

Marco|Maria Eliza Guimarães e sua equipe realizaram a 300ª cirurgia (Foto: Ocinei Trindade)

Pioneirismo, 300ª cirurgia e o futuro
A ginecologista e cirurgiã pélvica Maria Eliza Guimarães foi a primeira mulher a receber certificação pelo programa do Beda para cirurgia robótica. Coube a ela e sua equipe participarem da cirurgia robótica de número 300 no hospital, para tratar uma paciente com endometriose:

“Eu me sinto honrada e realizada por esses marcos. Ser pioneira no Beda foi um passo significativo para minha carreira e para mulheres que podem conquistar destaque em áreas tecnológicas da medicina. Realizar a 300ª cirurgia é um reflexo do trabalho contínuo, da dedicação à minha especialidade e do compromisso da equipe em oferecer o melhor cuidado às nossas pacientes. O auxílio da tecnologia robótica tem transformado minha prática cirúrgica. Nossa equipe ultrapassou a marca de 60 procedimentos. A robótica não substitui o cirurgião, mas potencializa nossa capacidade de cuidar. Um caso que me marcou na cirurgia robótica foi de uma paciente com mioma. Na última miomectomia, retiramos 17 miomas que não apenas aliviaram as dores e a hemorragia, mas também mantiveram o útero da paciente, pois a mesma tem desejo reprodutivo futuro. Ficamos muito felizes com os resultados; afinal, conseguimos preservar o sonho de engravidar da paciente”, resume.

Equipe|Valéria Meireles, Ulisses Vieira (Strattner) e Gustavo Araújo

Para a enfermeira e coordenadora do Centro Cirúrgico do Beda, Valéria Meireles, qualificar uma equipe multidisciplinar em cirurgia robótica passa por treinamento e competência da equipe. “A enfermagem é primordial para esse sucesso, junto com os médicos, auxiliares e instrumentadores. Os médicos estão cada vez mais empenhados em procedimentos no sistema robótico. Em 2024, realizamos vários mutirões para a certificação dos nossos médicos em parceria com a Intuitive, trazendo avanço em tecnologia”.

E como será o futuro da cirurgia robótica? O urologista e coordenador do Programa de Robótica, Gustavo Araújo, diz que a evolução está perto. “Novas tecnologias são esperadas para um futuro bem próximo, como a tecnologia 5G e Single Port”. A cirurgiã pélvica Maria Eliza Guimarães espera que a tecnologia avance para tornar os procedimentos mais acessíveis e eficazes. “Vejo um futuro com a cirurgia robótica amplamente disseminada, com sistemas mais intuitivos e adaptáveis, permitindo diagnósticos e intervenções ainda mais precoces”. Para o diretor do Hospital Beda, Diogo Neves, a cirurgia robótica não pode mais ser encarada como um futuro distante:

“Eu diria que ela é o presente com muito potencial de crescimento. Estamos muito felizes com os números e, principalmente, com os resultados obtidos nesses dois anos de cirurgia robótica. Foi um crescimento de 100% em relação ao ano anterior. Para complementar nossa alegria, recebemos um novo acelerador linear, o Halcyon, equipamento sem paralelo tecnológico no tratamento radioterápico atualmente. O crescimento do nosso arsenal terapêutico é motivo de muito orgulho e, consequentemente, de muita responsabilidade”, conclui.