O doutor Herbert Sidney Neves, médico e empresário, é diretor-presidente do Grupo IMNE, que em 2025 celebrará seu Jubileu de Ouro. Há quase 50 anos, sua trajetória é marcada pela busca contínua de excelência. Ele se especializou em endocrinologia e, desde 1975, investe em inovações no setor da saúde, incluindo o desenvolvimento do Hospital Dr. Beda, OncoBeda e Beda Prime. A tecnologia de ponta e o trabalho de uma equipe altamente qualificada são pilares do sucesso do grupo. Com orgulho, ele destaca o compromisso dos mais de dois mil colaboradores e a satisfação dos pacientes que recebem um atendimento dedicado. Em sua mensagem, Herbert Neves reforça o agradecimento a todos e os votos de um 2025 cheio de realizações e saúde.
Sobre sua trajetória como médico e empresário, o que costuma gostar de destacar?
Não vamos colocar em termos de começo, meio e fim, pois o fim, creio, ainda está longe. Eu me formei em 1972 pela Faculdade de Medicina de Campos e, posteriormente à formatura, fiz residência no Hospital do Servidor do Estado, que na época era o melhor hospital do país. Após essa residência, fiz outra de um ano e meio no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia. Lá, conheci o professor José Schermer, que foi uma luz na minha vida. Ele me disse que eu precisava evoluir na medicina e sugeriu que eu passasse um período no NIH, o National Institute of Health, Bethesda, Maryland, Estados Unidos. Ele disse que lá eu entenderia o que é pesquisa médica em diversos setores. No NIH, conheci Sheldon Wolf, o homem que comandava a instituição. Ele simpatizou comigo, gostou de mim. Disse: “Olha, seu ramo não é pesquisa. Você não tem afinidade com isso. Vou te mandar para o Johns Hopkins Hospital, em Baltimore.” Fui então, já certo de que gostaria de seguir na endocrinologia.
Como foi no Johns Hopkins Hospital?
O chefe da endocrinologia era japonês. Nos Estados Unidos, há uma frase sobre hospitais de ponta: se o chefe de uma cadeira não é de origem americana, ele precisa ser, no mínimo, duas vezes melhor do que qualquer outro. Ele me recebeu de forma muito positiva e me colocou em uma posição de destaque entre os residentes do Hopkins em endocrinologia. Completei um ano e meio de residência lá. Considerando toda a minha formação médica, tive o sexto ano da faculdade no Hospital da Lagoa, dois anos no Servidor do Estado, um ano no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia, seis meses no NIH e um ano e meio no Hopkins. Retornei ao Brasil em 1975, participei de uma inauguração, voltei aos Estados Unidos para finalizar a residência e, no mesmo ano, me estabeleci definitivamente em Campos.
E como foi sua volta a Campos após ficar nos EUA?
Antes de 1976, já havíamos formado um grupo para instalar a medicina nuclear em Campos, algo completamente novo na região. Quando se falava em medicina nuclear, os médicos da época arregalavam os olhos porque era algo muito diferente. Inicialmente, éramos sete sócios: eu, Osvaldo Ferraz, Luís Augusto Nunes, Reinaldo Nunes e outros. Em determinado momento, Luís Augusto propôs que sorteássemos quem ficaria e quem sairia da sociedade. Fizemos isso colocando os nomes em uma sacola, e, no final, ficaram eu, meu pai e Oswaldo Ferraz. O Oswaldo decidiu permanecer para ajudar na administração do Instituto de Medicina Nuclear, mas, na prática, precisei me dedicar inteiramente para fazê-lo crescer.
Como foi o desenvolvimento do Instituto de Medicina Nuclear (IMNE)?
Além da medicina nuclear, incluímos novos serviços, como o ultrassom, que era uma grande novidade na época. Campos foi a primeira cidade a ter um ultrassom, embora ainda fosse em preto e branco. Outro avanço foi a hemodiálise, que não existia na cidade. Montamos um grupo liderado por Luiz Carlos Osti Magalhães, um dos sócios, para implantar o serviço. As coisas foram crescendo, e acredito que foi com a ajuda de Deus. Reinaldo, um dos sócios, sugeriu que abríssemos espaço para um serviço de oncologia, e assim seguimos expandindo.
O Serviço de Oncologia foi iniciado e logo chamaram mais dois médicos para compor a equipe. Contudo, faltava à Oncologia o setor de Radioterapia. Decidi, então, buscar uma solução.
Saí de Campos e fui ao INPS, onde o presidente na época era Henrique Martins, sem marcar hora. A secretária disse que ele não me atenderia. Esperei um dia inteiro sem comer nada. Quando ele saiu de sua sala, o abordei e disse: “Dr. Henrique, vim de Campos e estou esperando há quase oito horas. O que preciso falar não leva um minuto.” Ele, surpreso, respondeu: “Você tem um minuto.” Eu disse que fui obter a autorização para montar um serviço de radioterapia em Campos. Ele me olhou e disse: “Se você montar o serviço, eu dou a credencial.” Saí de lá determinado. Montei o serviço e o convidei para a inauguração, sem acreditar que ele viria. No entanto, ele compareceu e declarou: “Esse jovem me procurou para montar um serviço de radioterapia. Não acreditava que ele conseguiria, mas, como alcançou o objetivo, o serviço está credenciado a partir deste momento.”
E depois disso?
No dia seguinte, os pacientes começaram a ser atendidos na bomba de cobalto, que era o equipamento da época. Hoje, é o acelerador linear que domina a radioterapia. Porém, havia um detalhe que esquecemos: precisávamos de um radioterapeuta. Procurei ajuda no Hospital dos Servidores do Estado e conheci Leonardo Miranda. Propus que ele viesse para Campos, mas ele resistiu, dizendo que sua vida estava estabilizada na Ilha do Governador e que sua esposa, Valdete, estava plenamente adaptada. Insisti: “Valdete, me dá uma chance. Vamos conhecer Campos.” Consegui convencê-los a visitar a cidade. Levei-os para conhecer Grussaí, Atafona e o Pontal. Também comprei goiabada e chuvisco para agradá-los. Depois de algum tempo, recebi um telefonema do Leonardo: “Valdete concordou. Vamos para Campos.” Foi uma festa. O setor de Oncologia já funcionava bem com a Quimioterapia, sob a coordenação do Reinaldo e sua equipe, e, com a chegada de Leonardo, que trouxe consigo um técnico de radioterapia, completamos o serviço de Radioterapia.
O IMNE se tornou conhecido em seguida?
Começamos a receber pacientes de Itaperuna, Muriaé, São Fidélis, Cachoeiro de Itapemirim. Enfim, de toda a região. A coisa foi andando numa velocidade que nós concluímos que precisaríamos de uma área de internação. Então, partimos para a obra, financiamento da Caixa Econômica Federal, para montar 24 leitos para receber os pacientes de oncologia. Nós começamos a receber pacientes de Macaé. E chegou um ponto que nós falamos: temos que aumentar a área de internação.
Seguiram com as ampliações?
Sim. A Medicina evoluiu numa rapidez fantástica. Ali havia duas situações: ou estabilizava no que já tinha feito ou avançava junto com o que de novo estava aparecendo. E nós decidimos avançar. Digo com toda tranquilidade que o Hospital Dr. Beda não perde em qualidade para nenhum hospital do Rio de Janeiro e de São Paulo. Recebemos a titulação ONA1 e estamos entre os 100 melhores serviços de Medicina Intensiva do Brasil. Isso foi um reconhecimento espetacular. O Beda atingiu um patamar que não deve em qualidade a nenhum hospital das grandes capitais. Nossas unidades contam com tecnologia de ponta. Em termos de imagem, comportamos três unidades de ressonância de última geração, dois tomógrafos de tecnologia avançada, além de 20 ultrassons de ponta. Decidimos criar o Beda Prime, que atende todas as necessidades do homem e da mulher, em termos de diagnósticos. Nossa qualificação não está somente restrita à Unidade de Terapia Intensiva, pois abrange todos os outros setores e todas as especialidades médicas. Por isso é um hospital geral.
Em 2025, o IMNE completa 50 anos. Acredito que há motivos para comemorar além da tecnologia, pois muitos profissionais já passaram pela instituição. Como avalia esse histórico?
Nós temos profissionais que, em qualidade, você não encontra em grandes centros. Conseguimos formar uma equipe que é comprometida, isso é muito importante, e que está presente em todas as necessidades que um hospital geral requer. Temos, sim, muitos motivos para comemorarmos esse tempo vivido.
Que mensagem o senhor daria para os mais de dois mil colaboradores que trabalham no Grupo IMNE?
A única mensagem que eu tenho, com muito orgulho, a mandar para os funcionários que trabalham na área médica, que trabalham em apoio à área médica, é de agradecimento. Nós formamos um time hoje que raramente se consegue visualizar em outras unidades. Eu acho que hoje, além de valorizar os profissionais nas diversas áreas, o que eu posso dizer é que, quando há uma necessidade premente, a resposta imediata no atendimento qualificado é natural dentro do conceito dos médicos que aqui trabalham. Eles não têm hora. A hora é a hora das necessidades para servir os pacientes.
E aos pacientes, o senhor gostaria de deixar uma mensagem?
Nós recebemos muitos agradecimentos de pacientes. É frequente ver faixas e cartazes afixados aqui no entorno do prédio do hospital, além de mensagens de gratidão que são publicadas na internet. Eu encaro isso como um retorno ao esforço empreendido na necessidade do que o paciente requer. Eu acredito que nós estamos com um time que é como o Botafogo dentro da Medicina (risos). Deixo o meu abraço e o meu respeito a todos os nossos pacientes e colaboradores. Desejo um Ano Novo de muitas alegrias. Que cada um consiga obter as aspirações que sonhamos. Cada um de nós sonha com alguma coisa, e que esse sonho se realize em 2025.