As reclamações sobre os bloqueios feitos pela Arteris Fluminense, por solicitação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), nos acessos entre o Terminal Rodoviário do Shopping Estrada e a BR-101, estão tomando proporções cada vez maiores, pouco mais de duas semanas após terem sido instalados. Nos últimos dias, as queixas de munícipes que moram ou trabalham no entorno do espaço chegaram ao Ministério Público e à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Desde o início do mês de outubro, dois acessos entre o Shopping Estrada e a BR-101 foram fechados. Também foram retirados quebra-molas da rodovia no trecho. Assim, a região ficou apenas com uma entrada para o terminal rodoviário e uma saída para a BR-101. A alteração, que segundo a PRF tinha o objetivo de dar fluidez ao trânsito, teve efeito contrário. Os bloqueios vêm causando congestionamentos e gerando uma série de reclamações da população campista e cobranças por uma solução.
Diante dos transtornos causados diariamente, um grupo – formado pela Associação dos Lojistas do Shopping Estrada, empresas de ônibus, Sest Senat, concessionárias de veículos, atacadistas e demais empresas nas adjacências, além dos cinco condomínios residenciais – se reuniu em comissão, em busca de soluções para o tráfego de veiculos no local. O movimento gerou uma carta aberta em forma de protesto, que foi enviada na última quinta-feira (24) à Arteris e PRF, bem como também à Subsecretaria de Mobilidade do município, ao Ministério Público e à ANTT.
“Reunimos todas as partes interessadas buscando mudanças para garantir a fluidez do trânsito, além de aliviar os diversos impactos que estamos sofrendo. Várias pessoas estão deixando de circular pelo Shopping Estrada. O movimento nas lojas caiu mais de 50%. Os motoristas de ônibus estão tendo dificuldades para fazer manobras na saída da rodoviária. Muitas pessoas estão sendo afetadas”, comenta Rodrigo Viana, consultor de vendas de uma concessionária de veículos situada nas redondezas.
Já na quarta-feira (23), a Prefeitura de Campos, por meio da Subsecretaria de Mobilidade, enviou um ofício informando que os bloqueios implantados na área do Shopping Estrada estão prejudicando as condições de acesso no local.
Grande parte do público afetado é composta por moradores de condomínios, pequenos hotéis e prédios residenciais situados próximos à rodoviária. Entrar ou sair de casa em direção ao Centro de Campos tornou-se um desafio. Apenas os cinco condomínios localizados no entorno do Shopping Estrada abrigam 1530 moradias. Tomando como média que cada residência tenha pelo menos duas pessoas, são mais de 3 mil atingidos. Como relata Paulo Renato da Costa, síndico de um condomínio na região, com 448 moradores: “Os condomínios estão sendo muito afetados. Estamos tendo que sair de casa com uma antecedência de 40 minutos a uma hora. Porque está gerando fila de veículos para sair na BR-101. Se uma pessoa passa mal em casa, dificilmente consegue ser socorrida com rapidez. Sem falar que os moradores estão tendo dificuldades de pegar transporte por aplicativo ou receber entregas, porque por conta dos congestionamentos muitos motoristas e motociclistas estão recusando solicitações do serviço na região”, relata.
O taxista Kaiky Fernandes trabalha na rodoviária do Shopping Estrada e comenta que a alteração vem prejudicando o seu serviço no dia a dia. “Agora para sair da rodoviária e pegar a saída para a BR-101 está demorando mais, porque dependemos dos motoristas, que estão vindo no sentido Sest Senat, darem espaço para a gente passar e pegar o acesso. Quando isso não acontece o trânsito embola e a gente fica por muito tempo parado. Como estava antes era mais prático, agora o que deveria ser uma solução complicou mais”, analisa.
A dificuldade para trafegar pelo entorno do Shopping Estrada com a mudança no trânsito é reforçada pelo motorista de aplicativo Alan Navarro: “Complicou muito, porque agora todos os motoristas têm que usar a mesma saída. Não importa a localização no Shopping Estrada, tem que sair lá pelo final. E essa saída sempre foi muito complicada, principalmente em horário de pico. Sempre dependemos da boa vontade dos motoristas que passam pela rodovia, mas dava para atravessar enquanto estavam no quebra-molas”, diz.
Também motorista de app, Roberto Cabral aponta para outro problema causado pela alteração: “Tem que voltar como era antes e colocar um sinal para quem sai da rodoviária, principalmente para os pedestres que precisam atravessar a BR. Outra coisa, não tem lógica um ônibus que vem do Rio para Campos ter que ir até o Trevo do índio para desembarcar no Shopping Estrada. Isso só aumenta o trânsito e dá esse nó em certas horas do dia”, alerta.
Em nota, a Arteris declarou que “a medida tem caráter experimental com estudo de novas propostas de melhorias em sinalização visando a segurança no trecho”. A PRF se posicionou dizendo que “solicitou à concessionária da rodovia alguma medida para melhor fluidez do trânsito”, informou a assessoria”.
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