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Sob fogo cruzado

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Opinião
Por Redação
29 de setembro de 2024 - 0h01
Perigo|Período prolongado de seca aumenta incidência de focos de incêndio (Foto do Leitor)

A seca que o Brasil enfrenta e uma escalada de incêndios florestais raramente vistos em todos os biomas têm sido o topo da pauta dos governos, da imprensa e da sociedade. Não se trata de sinais de fumaça.

Há pelo menos três décadas, ambientalistas alertam sobre os danos das queimadas, tradicionais em biomas como a floresta Amazônica, Pantanal, Cerrado, entre outros.

E as chamas ultrapassaram desta vez todos os limites, com fumaças chegando em cidades como São Paulo, a maior metrópole do país, ficando ainda mais cinzenta, e pelo menos durante dois dias, respirando o pior ar do mundo.

Campos apareceu em estudo da PUC-Rio como o município com maior quantidade de mercúrio no ar em todo o Estado do Rio de Janeiro, como consequência de queimadas e a baixa umidade, o que potencializa os riscos de doenças respiratórias na população (leia aqui reportagem especial da semana sobre o assunto). Entre os dias 13 e 17 de setembro, Campos registrou 16 incêndios em vegetação, segundo o Corpo de Bombeiros. O fogo também ardeu na área urbana do município.

Acrescente a questão da agricultura, com a lúcida observação dos produtores de que incêndios reduzem a fertilidade da terra, e podem comprometer, por exemplo, a próxima safra de cana-de-açúcar. Há quase dois meses sem chuva na região, o problema continua no ar, e comprometendo a qualidade dele.

Na verdade, estamos sob uma espécie de fogo cruzado. Os governos em todos os níveis – Federal, Estadual e Municipal  –  admitem que não estão preparados para enfrentar um problema de tamanha temperatura. Alguém pode querer negar, mas estamos, em uma figura de linguagem, colhendo o fogo que plantamos ao longo dos anos.

Os biomas ardem em chamas, na pior de suas secas, e o Rio Grande do Sul volta a ser vítima de chuvas torrenciais. O Brasil não está preparado para enfrentar eventos extremos, quer seja de fogo ou de água. Todos, aprendemos ainda na infância que os quatro elementos que regem a natureza são água, terra, fogo e ar.

Conclui-se que a água cai na hora e no lugar errado; que não se tem controle sobre um fogo desgovernado que compromete o ar da Terra. Algo tem que ser feito.