Candidato a prefeito de Campos dos Goytacazes, Professor Jefferson (PT) ingressou com uma ação na Justiça Eleitoral do município pedindo a cassação do registro de candidatura do atual prefeito Wladimir Garotinho (PP) por suspeita de abuso de poder político e econômico. O pedido ocorre 48 horas após a Operação Pleito Mortal, do Ministério Público e da Polícia Civil, que prendeu em flagrante um vereador do partido de Wladimir, suspeito de participação na morte de um cabo eleitoral na Baixada Campista. Na casa do vereador Pezão (PP), foram encontrados quase R$ 1 milhão. Ele foi solto na manhã desta sexta (20), após audiência de custódia.
“A recente prisão de um vereador do partido do prefeito Wladimir Garotinho, envolvido em suposta lavagem de dinheiro, parece ser só a ponta de um iceberg que ameaça a legitimidade das eleições. Estamos diante de graves indícios de potencial compra de votos na campanha do partido do prefeito, com uso de dinheiro público. Um escândalo que não podemos e não vamos tolerar! De onde veio 1 milhão de reais encontrados com esse vereador do partido do prefeito Wladimir?!”, questionou o Professor Jefferson.
Para o candidato a prefeito, este caso representa mais uma ameaça ao processo eleitoral no município. “Nossas eleições estão seriamente ameaçadas”, disse. O prefeitável gravou um vídeo em frente à sede do TRE em Campos na quinta-feira (19), onde explica por que decidiu entrar com uma ação de investigação eleitoral contra seu principal adversário, que busca a reeleição.
“Nossas eleições estão seriamente ameaçadas“
“Estou aqui, em frente à Justiça Eleitoral, com uma missão clara e inegociável: a defesa da nossa democracia e da moralidade administrativa! Estou entrando com uma ação de investigação eleitoral para cassar o registro de candidatura do candidato Wladimir Garotinho”, disse Professor Jefferson.
Professor Jefferson, que representa a Federação Brasil da Esperança (PT – PCdoB e PV) e tem apoio de candidatos também do Psol, ainda lembrou um vídeo recente que circulou nas redes sociais em que funcionárias da prefeitura, contratadas por meio de RPA (Recibo de Pagamento de Autônomo), associavam a entrega de alimentos ao pedido de voto para o atual prefeito nas urnas no dia 6 de outubro.
“Recentemente, outro escândalo veio à tona. Um vídeo que circulou nas redes sociais expôs RPA’s comemorando a entrega de sacolas de alimentos, mencionando, sem qualquer pudor, a campanha de Wladimir Garotinho. Isso é inadmissível!”, disse o Professor Jefferson. “Temos que lutar contra os escândalos que insistem em manchar o processo eleitoral em nosso município, em especial os abusos de poder político e econômico”, declarou.
Por fim, o candidato cobra providências da Justiça Eleitoral para garantir a lisura das eleições municipais em Campos:
“Exigimos que a justiça seja feita! Se o prefeito estiver envolvido, que seja cassado o registro de sua candidatura! Chega de conchavos e esquemas obscuros em Campos. Exigimos eleições limpas! Exigimos que investigações sejam feitas com rigor para essas eleições! Isso é urgente! Chega de impunidade! Se houver culpados, que sejam punidos, sem exceções! A população não pode ser enganada mais uma vez!”, disse ele.
Entenda o Caso
Polícia apreendeu arma e mais de 970 mil na casa de vereador do partido de Wladimir
Filiado ao Progressistas (PP), mesmo partido do atual prefeito e candidato à reeleição Wladimir Garotinho, o vereador Bruno Fernando Santos de Azevedo, conhecido como Bruno Pezão (PP), foi preso em flagrante na operação Pleito Mortal, comandada pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPRJ.
Pezão é suspeito da morte de Aparecido Oliveira de Morais, de 69 anos, conhecido como Aparício, que atuava como cabo eleitoral do candidato a vereador Diego Dias, opositor de Pezão. Aparício foi executado com 10 tiros dentro de um carro no dia 19 de julho, na Estrada de Campo Novo, na Baixada Campista.
Na casa de Bruno Pezão foram encontrados uma pistola do mesmo calibre da arma que foi usada no crime e mais de R$ 500 mil, de origem desconhecida. O montante estava dividido em maços, muitos com identificação de localidades da cidade. Os agentes também identificaram no local R$ 470 mil em cheques e notas promissórias. No gabinete de Pezão na Câmara de Vereadores e no seu comitê eleitoral também foram cumpridos mandados de prisão.
Traficante fazia campanha de dentro de Bangu 4
Outras cinco pessoas foram alvos da Operação Pleito Mortal. Entre elas, o traficante José Ricardo Rangel de Oliveira, conhecido como Ricardinho, que já se encontrava preso na Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho (Bangu 4), no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio.
Investigações do Gaeco/MPRJ e da Polícia Civil indicam que o crime teria motivação política. Aparício trabalhava como cabo eleitoral do candidato a vereador Diego Dias, que não tem o apoio da facção criminosa que domina a localidade. A relação entre os investigados é apontada pelo GAECO/MPRJ em um episódio em que o candidato a vereador realiza um comício eleitoral, com a participação de Ricardinho, líder do tráfico de drogas na localidade, por intermédio de videochamada originada do interior da prisão, com projeção de sua imagem em um telão para toda a comunidade.
Mais sobre a Operação Pleito Mortal
Mais cinco mandados de prisão, expedidos pela 1ª Vara Criminal de Campos dos Goytacazes, foram cumpridos em endereços nos bairros de Centro, Novo Jóquei, Parque Tamandaré, São Sebastião e Vivendas do Coqueiro. A operação Pleito Mortal contou com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), da 134ª Delegacia de Polícia Civil (Campos), da Superintendência de Inteligência do Sistema Penitenciário (Sispen), da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap-RJ).