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Diretor do Comitê Baixo Paraíba afirma que solução para água pode ser resolvida com boa vontade do Estado

"Governo do Rio precisa se mobilizar para aumentar nossa segurança hídrica", diz representante do órgão

Geral
Por Yan Tavares
29 de julho de 2024 - 17h25
Foto: Silvana Rust

O que mais se fala em Campos nos últimos dias é a condição e a qualidade da água potável na cidade. Moradores de vários bairros vem se queixando de gosto e odor de mofo e terra na água das suas casas, bem como a coloração em tom esverdeado tem chamado atenção às margens do Rio Paraíba do Sul.

O J3News divulgou em primeira mão na última sexta-feira (26) a análise laboratório da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), que aponta para o encontro de duas cianobactérias na água. O relatório atende a uma ação do Ministério Público.

A primeira substância é uma geosmina, que de fato confere gosto e odor de mofo e terra à água – podendo dar tais características a água potável. A segunda é uma substância que pode produzir potencialmente uma toxina, que segundo o estudo gera preocupação por conta dos possíveis efeitos em animais e humanos.

Foto: Silvana Rust

A reportagem conversou com o diretor do Comitê Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana, João Siqueira, sobre a situação:

“A qualidade da água começou a ficar pior no Rio Pomba (Minas Gerais), como sempre acontece todo ano neste período, quando diminui a vazão do Rio. Sem chuvas em Minas e na Serra Fluminense, que são afluentes de abastecimento do Rio Paraíba, a vazão natural diminuiu. A vazão que manteria o Rio (Paraíba) era a que vem de São Paulo. Mas, acontece que 2/3 delas está sendo transposta para o Rio de Janeiro. Nós estamos ficando com apenas 1/3, que é uma quantidade muito pequena: 70m³. O ideal seria 250m³. Assim, ficamos com uma vazão ecológica ínfima, 30% abaixo do natural”, comenta.

Também vice-presidente do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, ele alerta que por conta da baixa vazão, há maior concentração de esgoto no Rio Paraíba e por consequência, proliferação de algas nessas condições:

Foto: Silvana Rust

“O Rio Paraíba recebe esgoto de todas as cidades acima, tratadas ou não, todos os dias. Quando há maior vazão de água, ele é diluído. Mas, com baixa vazão, há maior concentração do esgoto. Essa concentração aumenta favorece a proliferação de algas, que dão essa cor esverdeada na água. O cheiro que está sendo notado na água também é proveniente dessas algas. Algumas delas são tóxicas, outras não. A geosmina, por exemplo, não é. Ela dá esse gosto e odor estranho na água, mas não causa doenças. Mas, existem cianobactérias que se alimentam dessas algas e produzem toxinas. Elas ainda não foram identificadas na água do Rio. Se isso acontecer, é preciso cessar a captação de água imediatamente”, comentou João.

João enfatizou que a questão pode ser solucionada com boa vontade do Governo do Estado do Rio de Janeiro, e que o engajamento da população no tema tem papel fundamental:

“A solução passa por aumentar a vazão das afluentes mineiras. A população precisa caminhar ao nosso lado, fazendo pressão aos órgãos públicos para regularizar a vazão do Pomba em Muriaé. Estamos lutando hoje para isso. É difícil, porque precisa de união dos governos de Minas e Rio, para que aconteça um esforço a nível federal. Minas quer essa regularização, porque muitas cidades por lá sofrem durante a estiagem. O governo fluminense não está se importando com o interior, se preocupa apenas com a capital, que está com água sobrando. O Governo do Rio precisa se mobilizar para aumentar nossa segurança hídrica”, complementou.

O J3News solicitou posicionamento do Estado sobre a declaração e aguarda resposta para atualização desta matéria.

Sobre a questão do gosto e odor na água, Siqueira explicou que não é possível retirar a geosmina do Rio, mas ressaltou que a Águas do Paraíba tem atualizado o Comitê sobre a qualidade da água e o tratamento que vem sendo feito para reduzir esses efeitos.

“A Águas do Paraíba segue fazendo análise nas águas e me disse nesta segunda-feira que até o momento não foi detectada nenhuma toxina patogênica (que faça mal à saúde). Ao mesmo tempo, eles vem trabalhando para melhorar essa questão do cheiro e gosto da água”, finalizou.

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