No tempo do Imperador, o canal Campos-Macaé era uma joia da coroa sendo uma obra de engenharia da qual a corte imperial tinha orgulho. Parte dele foi aberto pelas mãos de escravos, e Dom Pedro navegou por essas águas.
O tempo se foi e a grande obra de engenharia da época passou a ser denominada pelos campistas, no trecho urbano, de Beira-Valão. Desde então, a joia tem sido tratada como bijuteria.
Necessário frisar que o canal perdeu espaço para a modernização do transporte e a hidrovia ficou ultrapassada quando a ferrovia entrou em funcionamento em 1874.
Agora, o prefeito Wladimir Garotinho se posiciona definindo o projeto de limpeza do canal em sua área urbana, em execução pelo governo do Estado, através do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, como “equivocado e descoordenado”.
Embutido neste posicionamento está, também, a palavra “perigo” já que o prefeito admite risco de desmoronamento de pistas e edificações às margens do canal no trecho. Os escravos batiam mãos para abrir o canal e os órgãos do estado parecem bater cabeças na tentativa de limpá-lo.
É um assunto da maior seriedade. O J3News ouviu especialistas que sugeriram a participação das universidades no projeto. Pertinente lembrar que em 2023, a Prefeitura apresentou o projeto de obras de canalização e urbanização do canal Campos-Macaé, que prevê paisagismo e a construção de uma pista auxiliar ao longo de um trecho de 3 quilômetros de extensão da Avenida José Alves de Azevedo.
O canal, além de patrimônio histórico, cumpre hoje, ou deveria cumprir, um papel fundamental no aspecto de saneamento e via de escoamento de água do Rio Paraíba do Sul nas grandes cheias.
Tem tudo a ver, em se tratando de patrimônio histórico, estética, saúde e equipamento para minimizar enchentes. É preciso que haja uma coordenação que venha a desfazer os equívocos.