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Acidentes de moto sobem 18% em Campos

Município tem quase 1,5 mil ocorrências nos primeiros cinco meses de 2024

Campos
Por Yan Tavares
16 de junho de 2024 - 7h01
Perigo| Com 340 casos, maio foi o mês com mais acidentes (Foto: Silvana Rust)

Um acidente de trânsito no último fim de semana deixou uma professora de dança em estado gravíssimo, em Campos. Tatiane Rangel de Deus, 32 anos, está em observação no Centro de Tratamento Intensiva (CTI) do Hospital Ferreira Machado, desde o dia 8 de junho. Ela estava em uma moto, com outras duas pessoas: uma mulher, que permanece internada em um hospital particular do município com uma fratura no osso frontal da testa, e um homem, que pilotava a motocicleta e sofreu ferimentos leves. O caso gerou grande repercussão e chamou atenção para os riscos de acidentes envolvendo motocicletas na cidade. De acordo com dados do Hospital Ferreira Machado, a unidade registrou 1.495 colisões envolvendo motos entre janeiro e maio deste ano. São quase 500 registros por mês.

O último mês, inclusive, foi o que teve maior número: 340. Número bem próximo de março, quando foram 338 casos. Já em abril, 315. Apesar do período de verão, os meses de janeiro e fevereiro tiveram números menores: 274 e 228, respectivamente. Um aumento de 18% em relação ao ano passado. Em 2023, foram 1.266 casos de janeiro a maio. São 229 registros a mais em 2024.

De acordo com o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), a Campanha Maio Amarelo, realizada em Campos, contou com mais de 40 ações, cerca de 4 mil condutores abordados. O tema da campanha este ano foi “Paz no Trânsito Começa por Você”, que teve como objetivo alertar a população sobre um problema nacional, que são os altos índices de acidentes de trânsito.

Acidente
As duas mulheres saíam de um show em uma casa de eventos na Avenida Alberto Lamego. O acidente aconteceu logo em seguida, nas primeiras horas do sábado (8). O Corpo de Bombeiros informou ao J3News que realizou no local o atendimento de três vítimas, após colisão entre uma moto e um automóvel. O homem, que conduzia a moto, não teve ferimentos graves.

Motos por aplicativo
O transporte de passageiros por motocicletas via aplicativo, por ser mais rápido e mais barato, vem ganhando espaço em todo o país. Em Campos, não é diferente. A jovem Maria Clara, 18 anos, trabalha como babá e conta que se desloca todos os dias utilizando motos por aplicativos.

“Para ir e voltar do trabalho, faço diariamente o trajeto entre o Jóquei e Guarus. Teria que pegar dois ônibus, sair de casa com uma hora de antecedência e sem ter certeza de que conseguiria chegar em tempo. Já a moto, posso chamar meia hora antes e ir direto. Duas passagens de ônibus são R$7. O valor da moto circula na casa dos R$9. Vale muito mais a pena pela praticidade”, comenta.

App| Christian Barros (Foto: Josh)

O que começou como complemento de renda, hoje em dia funciona para muitos como única forma de sustento. Apesar dos desafios e obstáculos para os trabalhadores, como carga horária extensa e falta de suporte. É o caso de Christian Barros, morador do Parque Prazeres e que está no serviço há um ano e dois meses.

“No início, dava para faturar dois salários mínimos (hoje R$ 2.842). Atualmente, no máximo R$1.800. E, para isso, tenho que trabalhar o dia todo. Começo às 6h, faço uma pausa próximo da hora do almoço, e depois vou até a noite. Por vezes, até às 23h. Esse ritmo é de segunda a sexta-feira. Aos sábados, vou até às 15h. Se tiver algum problema com a moto, acidente ou questão de saúde comigo, não tenho nenhum suporte”, conta.

Vítima|Letícia Oliveira

A reclamação pela falta de suporte dos apps de transporte vai além. Letícia Oliveira é recepcionista em uma academia, estava indo para o trabalho utilizando o serviço e sofreu um acidente de trânsito em fevereiro deste ano. Ela quebrou a clavícula, teve outros ferimentos e agravantes após o caso. Letícia lembra que teve uma série de problemas com o aplicativo, todos relacionados à falta de suporte:

“Reportei o acidente no app. Eles demoraram e depois me encaminharam para a seguradora deles. A empresa demorou quase dois meses para me ressarcir e, mesmo assim, foi um suporte muito ruim. Precisei usar tipóia, eles não cobriram. Quebrei um aparelho ortodôntico, tive que remover e colocar novamente, eles não quiseram pagar. Estou tomando remédios para questões psicológicas, como ansiedade, depois de ter uma crise na volta ao trabalho. E eles também não pagaram nada”, revela.