×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Declínio

.

Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
31 de janeiro de 2024 - 17h48

Nas últimas semanas a política de Campos desceu mais alguns degraus em sua ininterrupta decadência, caracterizada pelo desrespeito à população, às instituições e à tradição que remonta há quase 350 anos dos tempos de Villa e 188 quando foi elevada à categoria de cidade.

Desta feita, o protagonismo vergonhoso ficou por conta da votação da LOA (Lei Orçamentária Anual), que tecnicamente e à guisa do melhor aproveitamento define quanto e como o dinheiro público será investido em favor da população para atender a saúde, educação, obras, repasse a instituições, etc. Neste particular, é saudável a discussão entre Legislativo e o Executivo no sentido de encontrarem o melhor planejamento de receitas e despesas

Mas não. O debate não foi técnico. Ao contrário, foi rebaixado a interesses políticos inferiores, numa tacanha disputa de ‘poder’ ao melhor estilo ‘Sucupira’ – pedindo desculpas a Dias Gomes por usar a obra como caricatura, visto que não cuidava de LOA alguma.

Em escritos anteriores – dois reproduzidos nas ilustrações acima – e um terceiro, publicado na Folha, em 2016, sob o título ‘Decadência’, advertiu-se acerca do assolamento político imposto ao município, visto que Campos não conta – numa visão larga – com liderança alguma.

Registre-se, salvo melhor entendimento, não é um infortúnio apenas desta legislatura, ou da anterior, ou da anterior a esta – bem como das gestões do executivo –, mas algo que se mostra avassalador há cerca de três décadas.

Bem entendido, Liderança não é quem “lidera” filhos, parentes ou amigos. Liderança não se cria em um ou dois mandatos ou se dá por favores. Liderança diz respeito ao homem público que arregimenta e lidera grupos de cidadãos que lhe são fiéis por sua postura, dinamismo, valor e incansável na luta em favor da população. Não precisam estar no exercício de mandato ou angariar grandes votações.

Exemplificando, Tiririca foi o deputado mais votado em 2010. Nem por isso, exerceu qualquer liderança. Já Ulisses Guimarães, que não foi um “campeão de votos”, inscreveu seu nome na história política brasileira.

Algumas Lideranças: Barcelos Martins, Alair, Heli, José Alves, Nilo Siqueira, Walter Silva…

Estudiosos advogam que os segmentos da vida são formados por ciclos. Torçamos para que sim, visto que este que nos desonra evolua ao que nos orgulhe. E que seja breve, ou até mesmo – depois desses episódios deslustrados – imediatos.

Campos não precisa recuar a 100 ou 200 anos para identificar nomes à altura de nossa cidade. Por ordem alfabética e certamente com omissões as quais me desculpo, a terra de Nilo Peçanha foi brindada por figuras da estatura de Admardo Gama, Alair Ferreira, Barcelos Martins, Edmundo Vaz de
Araújo, Ferreira Paes, Heli Ribeiro Gomes, José Alves, José Carlos Vieira Barbosa, Nilo Siqueira, Padro Rosário, Raul Linhares, Rockefeller, Theotonio Ferreira de Araújo, Walter Silva e tantos outros aqui não citados e de passado não tão distante.

Infortúnio

A LOA foi votada. Assunto encerrado. Mas, da forma como se deu, é episódio a ser riscado de nossa história. Vale lembrar, e refletir, que a legislatura passada foi renovada em 80%, enquanto as principais capitais do Brasil, Rio e S. Paulo, as renovações foram, respectivamente, de 30% e 38%.

Já a “Briga política”, conforme autodenominada numa live lamentável, repleta de insinuações maldosas, impropérios, xingamentos e palavrões de um ex-vereador que se disse “descontrolado”, remete ao deplorável. Então, confessado o descontrole, não merece sequer comentário, visto que não se combate baixaria reportando baixaria.

Campos não merece.