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IFF vai implantar Campus de Alta Tecnologia

Novo reitor fala sobre os desafios e reafirma do padrão de excelência na Educação

Entrevista
Por Aloysio Balbi
29 de janeiro de 2024 - 0h01
Foto: Arquivo J3News

O professor Victor Saraiva formado em Ciências Biológicas, com mestrado, doutorado e pós-doutorado em Micro-organismos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) assume a reitoria do Instituto Federal Fluminense. Ele era até o ano passado professor e diretor do Campus do IFF em Cabo Frio, na Região dos Lagos. Agora, assume o desafio da implantação total de mais um Campus do IFF, desta vez, em Itaboraí, próximo a região metropolitana onde a Petrobras pretendia construir uma refinaria. Em Itaboraí, o IFF está implantando um campus de alta tecnologia que vai influenciar uma área onde vivem mais de dois milhões de pessoas.

Hoje, o IFF possui 12 campi, um Pólo de Inovação e um Centro de Referência, abrangendo as regiões: metropolitana do Rio, Lagos, Norte e Noroeste Fluminense. Indiscutivelmente o IFF é um divisor de águas no que se refere à Educação de alto nível no interior do estado.

O senhor assume a reitoria do IFF, com alguns desafios como a implantação de um campus de alta tecnologia onde foi o Comperj em Itaboraí. Preparado para esse desafio?
Hoje o Instituto Federal Fluminense possui 12 campi, um Pólo de Inovação, e um Centro de Referência. Somos 14 unidades que atendem parte da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a Região dos Lagos, o Norte e o Noroeste do Estado. Sem dúvida, a implantação desta unidade em Itaboraí é uma demanda desafiadora. O Campus Itaboraí é um dos nossos campi, inserido em uma região com aproximadamente dois milhões de pessoas, com grande demanda para a formação profissional. De acordo as características sociais, ambientais e industriais de Itaboraí e municípios vizinhos, estrategicamente o tema predominante é a energia e a sustentabilidade, a base conceitual. Como missão institucional, o campus Itaboraí tem como objetivo a formação profissional e tecnológica em todos os seus níveis e modalidades promovendo a verticalização do ensino. Coragem, responsabilidade, conhecimento técnico e a valorização das pessoas são características de todos que farão parte da equipe gestora nesse novo ciclo Institucional, o que me deixa muito confiante para atender a toda comunidade acadêmica e o IFF atender a sociedade na sua área de abrangência.

E como vai funcionar esse novo Campus do IFF, quase que próximo a região metropolitana do Rio?
Atualmente estão sendo ofertados cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) na área de energias renováveis, utilizando como base os itinerários formativos elaborados pelo Programa para Desenvolvimento em Energias Renováveis e Eficiência Energética dos IFs – EnergIF. O Campus Itaboraí também possui a oferta de cursos na modalidade de ensino à distância (EAD), com aproximadamente 600 estudantes. Como perspectivas, cursos de graduação, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e de nível médio integrado a formação técnica, estão previstos.  A relação do IFF com a cadeia produtiva local, a integração dos estudantes com empresas públicas e privadas da região para inserí-los no mercado de trabalho e o desenvolvimento regional, fazem parte dos os objetivos do Campus Itaboraí seguindo nossa missão institucional. 

Hoje o IFF conta com quantos cursos de nível superior?
Os cursos de graduação do IFF estão presentes na maioria dos nossos campi e com previsão de implementação nos que ainda não possuem essa modalidade de formação profissional. Nossas graduações são distribuídas em Cursos de Bacharelado (11), de Licenciaturas (11) e Cursos de Tecnologia (6), contabilizando 28 diferentes cursos. Nossas graduações atendem as demandas regionais e temos egressos atuando em vários Estados do país. Além dos cursos de graduação, o Ensino superior do IFF conta também com a Pós-graduação Lato Sensu, sete programas de mestrado e um programa de doutorado. Vale ressaltar, que na última avaliação para recredenciamento dos cursos superiores do IFF, o MEC concedeu nota máxima, o que nos orgulha muito do trabalho desenvolvido pelos servidores docentes e administrativos e da qualidade demonstrada pelos estudantes da Instituição.

Existe, a médio prazo, intenção de ofertar outros cursos?
No plano de desenvolvimento institucional (PDI) do IFF, que aponta o planejamento da instituição para os próximos cinco anos, temos a previsão de implementação de novos cursos técnicos, cursos de graduação e Educação de Jovens e Adultos nos diferentes campi. O Instituto também passa pela consolidação de alguns campi e a possibilidade de ampliação de outros. A demanda por formação profissional é crescente na região de abrangência do IFF. Um dos desafios para a formação profissional é a constante necessidade do alinhamento dos nossos cursos com a evolução tecnológica, novas demandas do mercado e a sustentabilidade.

No ano passado o IFF implantou o primeiro curso superior de Enfermagem no ensino público. Como está indo esse curso?
Sim, estamos com o Bacharelado em Enfermagem em andamento, um curso que vem para atender uma demanda reprimida na formação de profissionais da área de Saúde. Os Institutos Federais têm sido pioneiros no estabelecimento da formação profissional pública em diversas regiões do nosso país, principalmente no interior, com IFF não está sendo diferente. A área médica é carente de profissionais em todo o país, principalmente no interior e o investimento na formação pública traz oportunidades para cidadãos e cidadãs que jamais teriam possibilidade de se deslocar e sustentar fora da sua região. O Campus Guarus é motivo de muito orgulho por estar cumprindo essa missão. 

Existe uma constante cobrança do estreitamento das universidades e faculdades de Campos para discutirem problemas das cidades. O senhor é favorável?
As instituições públicas de ensino precisam cumprir esse papel e dialogar com o seu território. Vejo muitas ações que já ocorrem nesse sentido, mas certamente a ampliação e estreitamento dessa relação será sempre necessária. As relações institucionais fortalecem a promoção das políticas públicas e consequentemente o bom atendimento da comunidade.

O senhor é egresso da UFRJ, foi professor e diretor geral do IFF Campus de Cabo Frio na Região dos Lagos. O interior do Rio tende realmente a mudar?
A expansão da rede federal de ensino tem como um dos objetivos promover o desenvolvimento educacional no interior. A formação profissional gera maior possibilidade de inserção das pessoas no mercado de trabalho e consequentemente a melhoria de serviços, produção industrial, atenção básica em saúde, socialização etc. O interior ainda precisa de muita atenção para avançar em várias áreas prioritárias, mas sem dúvida a presença dos IF´s e das Universidades pode contribuir muita na melhoria ao atendimento da população.

A empregabilidade é um desafio constante do IFF. O senhor vai manter as feiras com empresas buscando esse intercâmbio?
Nossa proposta é não só manter, mas ampliar em todo nosso território. Os IF´s têm um papel importantíssimo para as cadeias produtivas locais, a inserção dos nossos egressos no mercado de trabalho é uma oportunidade do setor produtivo captar profissionais qualificados que geram retorno para empresas de serviços, indústria, saúde e na educação. A oportunidade é para nossos estudantes, os egressos e também para as empresas.

O IFF realmente está fazendo a contenção de jovens, para a região metropolitana, ou seja, estamos mantendo aqui na região os jovens que antes tinham como uma saída a metrópole?
A interiorização da educação leva oportunidades para formação em diversos níveis, um estudante pode ter sua formação básica, de graduação e de pós-graduação em um mesmo Campus do IFF. Como citei anteriormente, essa formação verticalizada gera oportunidade ao estudante de se capacitar sem ter a necessidade de sair do seu lugar de origem, com isso também aumenta as chances da sua permanência e inserção no mundo do trabalho nessa mesma região. Vale ressaltar que a formação profissional de qualidade também abre grandes possibilidades para o trabalho em diversas localidades do país e também para o exterior. Investimentos no interior que proporcionem oportunidades para a população são certamente fundamentais para a permanência dos nossos talentos e os IF´s possuem um papel importante na indicação das necessidades básicas para o desenvolvimento regional.

Como o senhor avalia o corpo docente do IFF no aspecto de quantidade. Precisaríamos de mais professores para atender a demanda que tende a ser crescente?
Precisamos da consolidação dos nossos Campi de acordo com os projetos indicados para cada um deles conforme a demanda local. Para isso, haverá necessidade de mais professores em alguns Campi, mais Servidores Técnicos Administrativos e também melhoria de infraestrutura. Somos formados por 12 Campi e o Polo de inovação, cada um com a sua peculiaridade local. Em alguns casos nossos Campi já consolidados precisam passar por um processo de expansão para atender a demanda crescente.

Para fechar, como que o senhor vê o IFF daqui a cinco anos?
Vejo um IFF ainda mais inclusivo, fortalecido através da formação cidadã dos estudantes, além da formação Técnica. Espero um IFF cada vez mais participativo e envolvido com o seu território, interagindo cada vez mais com os municípios, com as outras instituições de Ensino e com a cadeia produtiva local. Espero ver o IFF com nossos servidores ainda mais entusiasmados, valorizados, ouvidos, e com a certeza do bom trabalho cumprido mantendo a excelência da nossa instituição e atendendo efetivamente nossa comunidade.