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ONG Nação Basquete de Rua coloca em pauta as favelas campistas em reunião na Uenf

O programa Papo Reto, que é viabilizando pela Fiocruz, propõe o desenvolvimento desses territórios e uma nova construção de narrativa

Campos
Por Gabriela Lessa
30 de novembro de 2023 - 22h13
Equipes dos Programas Papo Reto e MovimentArte, da NBR (Foto: Josh)

A Organização Não Governamental (ONG) Nação Basquete de Rua (NBR), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Ministério da Saúde, realizou uma reunião solene, nesta quinta-feira (30), no Centro de Convenções Oscar Niemeyer da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), para a apresentação do programa Papo Reto.

Intitulado “Programa integrado de formação, informação e apoio à saúde pública e a participação social, com foco no desenvolvimento dos potenciais positivos das nossas favelas e periferias, sobretudo das juventudes e seus papéis na construção de seus próprios futuros e nas melhorias dessas comunidades”, o Papo Reto propõe o desenvolvimento desses territórios e uma nova construção de narrativa: informação e mobilidade.

Segundo o presidente da ONG NBR, Lebron, o programa parte da formação juvenil, porque há o entendimento de que, em Campos, muitos tem pouco acesso ao ensino médio, que dirá ao ensino superior.

“O ponto de partida do programa é a incursão como um todo. Entraremos nos territórios, dialogaremos com as lideranças, para que a gente consiga criar laços com territórios que a gente não tem e reforçar com os que já temos. Isso já está em curso. Após essa reunião solene de lançamento, no início do ano, nós vamos organizar um processo de divulgação do programa, com essa finalidade juvenil. Então, em fevereiro, divulgaremos, para que os jovens se candidatem”, diz Lebron.

Em complemento a essa fala, ele explica que sabem que a informação pode não chegar a esses jovens, então haverá divulgação nos locais.

“A ideia é que a gente dê esse acesso a jovens de toda a cidade, contando com áreas prioritárias. Esses jovens receberão uma bolsa em dinheiro, que, a princípio, é de R$ 150,00 mensais, para participar das atividades, como uma ajuda de custo. Eles serão formados, dentre outras coisas, com as Nações Unidas, para que eles consigam pensar o mundo. Para que a gente posa, quem sabe, daqui a 5 ou 10 anos, ter um jovem nosso fazendo controle social fora do país”, idealiza Lebron.

Presidente e vice-presidente da NBR, Lebron e Tamillys Lírio (Foto: Josh)

Papo Reto

“O Papo Reto teve início em 2018, com uma proposta de rodar as escolas, para que a gente pudesse conversar com os alunos, entendendo que eles estavam com deficiência de conversa e de conversa franca. A proposta era realmente ser um papo reto, como gostaríamos que ter tido acesso a esse tipo de diálogo na nossa adolescência, sem tabu”, conta Lebron.

Por ser uma gíria bem popular nas favelas do país, o Lebron diz que foi pensado em dar maior amplitude ao significado da expressão, então eles se propuseram a ter esse “papo reto” com as pessoas relacionadas com esse tipo de juventude. “Para deixar claro qual era a juventude que a gente estava dialogando”, fala.

Vínculo com a Fiocruz

Equipes dos Programas Papo Reto e MovimentArte, da NBR (Foto: Josh)

O presidente da NBR explica que o programa “Papo Reto” foi contemplado em edital de processo seletivo realizado pela Fiocruz, em parceria com a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), em 2022.

“Foram apresentados entre nove e doze propostas do município de Campos, em que apenas a nossa foi pré-selecionada e, posteriormente, aprovada para receber os recursos. Nossa instituição recebeu o investimento de R$ 300 mil. Outro ponto importante é que, das 104 organizações originalmente aprovada, apenas duas não eram da metropolitana 1, 2 e 3. O resto era tudo de Maricá pra cima. Naquele momento, devido ao teto de gastos, não pudemos receber o investimento e já estávamos desacreditados, mas esse ano fomos convocados pela Fiocruz”, detalha Lebron.

O programa será iniciado em agosto de 2024 e toda a metodologia precisou ser ajustada, já que não há mais o contexto de pandemia, que foi o período em que o programa foi submetido ao processo seletivo.

“Estruturamos então um plano de informação e mobilização em prol do desenvolvimento das favelas e periferias de Campos. Dentre outras questões, a gente está focado na formação de jovens, queremos trabalhar na saúde mental, desenvolvimento econômico desses territórios e, principalmente, trabalhar a construção de novas narrativas”, fala Lebron.

Uma nova perspectiva

Ao detalhar o que seriam essas “novas narrativas”, Lebron fala sobre a visão generalizada que grande parte da população têm quanto às favelas, com, por exemplo, Tira Gosto, Baleeira, em que olha-se pelo lado da crimialidade.

“Quando falamos desses territórios, logo pensam em apreensão de drogas, em questões policiais. É uma realidade que existe, sim, mas também está pautado no pré-conceito. Então, hoje, a gente têm realizado projetos nessas comunidades que mostram o lado positivo, como festividades, por exemplo”, conta.

O lançamento do programa foi realizado na Uenf, porque há o objetivo de reunir as universidades, para que possam compor, junto a ONG, um grupo de trabalho, para que possam pensar as políticas públicas.

“Por exemplo, eu não achei nenhuma pesquisa que fale da situação econômica das favelas e periferias da cidade, que mostre faixa de renda, vocação econômica, negócios que são desenvolvidos ou que coloquem parceiros para dentro desses territórios, para poder potencializar esses negócios. Isso também está dentro do escopo do nosso programa”, diz o presidente da NBR.