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Neurocirurgião defende centro especializado em AVC

Eraldo Ribeiro Filho diz que poder público deve atentar para a doença que mais mata no país

Saúde
Por Ocinei Trindade
27 de novembro de 2023 - 0h01

Neurocirurgião Eraldo Ribeiro Filho (Foto: Silvana Rust)

Com mais de 40 anos dedicados à medicina, o neurocirurgião Eraldo Ribeiro Filho tem se dedicado à proposta de criação de um serviço especializado em Acidente Vascular Cerebral (AVC), em Campos dos Goytacazes. Para o profissional, o poder público municipal, os hospitais, os especialistas médicos e demais profissionais da saúde precisam debater e se aprofundar acerca da doença que mais mata pessoas no Brasil. Apesar da tentativa de prevenção, o AVC pode afetar qualquer um, independentemente da idade. Adotar protocolos específicos ao assistir alguém com AVC pode evitar muitas mortes e sequelas causadas pela doença.

O AVC é a doença que mais mata e incapacita no Brasil e no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Uma em cada quatro pessoas está sujeita a ter um AVC que possui dois tipos: o isquêmico e o hemorrágico. O tipo isquêmico é o mais comum, responsável por mais de 80% dos casos. O paciente apresenta obstrução da artéria que leva sangue para determinadas regiões do cérebro. O tecido arterial fica sem sangue e resulta o AVC isquêmico. Já no hemorrágico, há ruptura da artéria por um pico hipertensivo ou aneurisma cerebral que rompe, e representam cerca de 20% dos casos. Esse AVC é também conhecido como derrame. Segundo o Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil, o AVC foi responsável por 104.486 óbitos no ano passado. A alta foi de 11,7% em relação a 2020.

O neurocirurgião Eraldo Ribeiro Filho considera a necessidade de cidades do porte de Campos terem um serviço especializado em AVC. “Com isso, há chance de resgatar vários pacientes, impedindo que se tornem sequelados para o resto da vida. É muito triste ver um paciente que faz um déficit neurológico agudo, se dirige ao pronto-socorro e, ao invés de se tomar uma atitude resolutiva, ele fica lá na enfermaria repetindo tomografias seriadas até que apareça a lesão definitiva. E, logicamente, a partir daí está criado um sequelado para o resto da vida”, afirma.

De acordo com o especialista, pode-se evitar sequelas e problemas relacionados ao AVC, com medicamentos e procedimentos endovasculares para a desobstrução de artérias entupidas, liberando o fluxo de sangue para aquela região do cérebro. “Quando isso é feito em tempo hábil, consegue-se recuperar, plena ou quase plenamente, esse paciente, devolvendo a ele  sua atividade funcional sem problema algum. Esses serviços podem ser realizados nos hospitais, que dispõem de profissionais como neurocirurgiões ou neurologistas que são capazes de identificar problemas no paciente supostamente com AVC, ou teria tido uma lesão. Primeiramente, o paciente se direciona ao pronto-socorro. O ponto número um é o socorrista que faz o primeiro atendimento, saber da existência desse serviço e automaticamente encaminhar esse paciente. Essa é a nossa bandeira em Campos para a instalação de um serviço especializado em parceria com o SUS”, defende Eraldo Ribeiro Filho.

Há cerca de seis anos, Eraldo Ribeiro propôs à Secretaria Municipal de Saúde de Campos um debate e estudos para aprimorar o atendimento a pacientes com AVC, em suposto serviço especializado na cidade. A reportagem procurou pela assessoria da SMS, mas não obteve resposta sobre o tema. 

“É preciso contar com equipe treinada e com protocolo definido para seguir todas as tramitações e os degraus que forem necessários no tratamento do AVC, sabendo que a janela ideal do tratamento são seis horas. Isto pode ajudar a salvar muitas vidas, além de promover economia de gastos para o sistema público de saúde, que precisa assistir as pessoas sequeladas pelo Acidente Vascular Cerebral, em home care e em outras caras despesas”, conclui o neurocirurgião.