Falta de assistência médica, filas de espera para exames sem prazo definido e dificuldades para conseguir consultas são algumas das principais reclamações de moradores de Macaé, que dependem do atendimento oferecido pela prefeitura da cidade para tratamentos médicos. Um dos locais apontados pelos moradores é o Centro de Especialidades Médicas Dona Alba. Em denúncias feitas à reportagem do J3News, duas pessoas disseram que entes queridos morreram esperando atendimento na saúde pública da cidade governada atualmente pelo prefeito Welberth Rezende (Cidadania), cujo secretário de Saúde, Alexandre Cruz, não é médico e não tem experiência na área.
O marido da comerciante Carmem Alves, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), não conseguiu acesso aos exames necessários; e o pai de Amarildo dos Santos Gomes, que morreu no último domingo (24), sem conseguir resultado dos exames que precisava.
O pai de Amarildo completaria 83 anos na próxima quarta-feira (27) e o filho enfatiza que a saúde de Macaé está deixando a desejar. “Precisamos fazer exames pelo SUS e demoram-se meses e anos para termos atendimento. Perdi meu pai no domingo passado. Ele ficou aguardando exames e não conseguiu a maioria. Uma situação bem complicada. Meu pai estava para fazer algumas cirurgias e ficou aguardando e infelizmente não conseguiu fazer”, fala.
Agora a preocupação é com a sua própria saúde, pois Amarildo necessita fazer uma cirurgia de retirada de pedras nos rins e já está há três meses aguardando na fila. “Estou aguardando para fazer essa cirurgia da retirada de uma pedra de 16 mm, provavelmente, depois de tanto tempo, devo conseguir na próxima semana”, conta.
Já a comerciante Carmem Alves, nasceu em Montes Claros, Minas Gerais, mas vive na cidade de Macaé, no Estado do Rio de Janeiro há 15 anos. Nos últimos dois anos, Carmem tem enfrentado uma série de dificuldades para obter tratamento odontológico, por conta de uma longa espera para marcação. Segundo ela, este atraso em atendimento com exames contribuiu para a morte de seu marido há alguns anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC).
De acordo com a comerciante, pagar por um tratamento odontológico neste momento está inviável. Ela depende exclusivamente do serviço oferecido pela Prefeitura Municipal de Macaé e seus equipamentos da saúde local.
“Eu tenho buscado por marcações de consultas há dois anos. Já estive no local responsável para pedir tratamento e exames muitas vezes. No bairro onde moro, informaram que precisava remarcar a ida ao dentista. Só que foram tantas as vezes de remarcações e demora, que acabei desistindo. Ainda não sei o que fazer, pois a demora é longa demais”, afirma.
Carmem contou que já teve um problema grave na família por conta de espera demorada para exames. Ela ficou viúva há alguns anos. De acordo com a comerciante, o então marido dependia de exames do SUS para tratar de problemas cardíacos.
“Meu marido teve um AVC. Ficou acamado um bom tempo. Ele dependia de exames cardiológicos para prosseguir no tratamento da saúde. A gente dependia de autorização de exames da Prefeitura de Macaé. Esperamos quase um ano pela autorização. Só que quando liberaram ele já tinha morrido. Acho que o atendimento da saúde em Macaé precisa melhorar muito”, conta.
Na segunda-feira (25), o J3News esteve no Hospital Público Municipal Dr. Fernando Pereira da Silva, de Macaé e pacientes relataram problemas da unidade (Leia aqui). O HPM é referência para a maioria da população que precisa de atendimento gratuito pelo SUS. Problemas estruturais na unidade e no atendimento da área de saúde foram relatados por usuários do serviço. A realização de simples exames médicos é motivo de reclamação de muitos pacientes do serviço público da cidade. A reportagem constatou algumas irregularidades no HPM e solicitou um posicionamento da Prefeitura de Macaé. Até esta publicação, não houve respostas do governo municipal.