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Que destino terá o famoso castelo do Parque Aurora?

Imóvel de 3 mil metros quadrados tem lugar especial no imaginário dos campistas

Clube J3news
Por Clube
27 de agosto de 2023 - 5h05
(Fotos: Silvana Rust)

Por Clícia Cruz – A venda de um imóvel de 3 mil metros quadrados, incluindo área construída e dois terrenos, vem chamando a atenção desde que entrou para as páginas de classificados em Campos dos Goytacazes. O imóvel fica na rua Maria Célia Martins. Muito natural ver esse tipo de anúncio, não se tratasse do famoso “Castelo do Parque Aurora”. A construção, que faz parte da paisagem campista, habitando inclusive o imaginário de muitos, que acreditam que o local é “assombrado”, está à venda, para quem se dispuser a pagar a quantia de R$ 1,2 milhão. Não há informações concretas do ano em que o castelo começou a ser construído, mas o fato é que nem o construtor, nem o proprietário que o sucedeu conseguiram concluir a obra, que está, hoje, em estado de abandono.

Nas últimas semanas o anúncio vem gerando muitos comentários nas redes sociais e a torcida é grande para que o próximo proprietário transforme o local num espaço de entretenimento. “Uma boate seria maravilhosa no local, nos anos 80 aconteceram muitas festas lá, principalmente de halloween, e era muito bom ter aquela atmosfera de mistério”, conta a internauta Érica Martins.

Mas, porque alguém constrói um castelo e depois o abandona?
A historiadora Rafaela Machado, conta que quem construiu o castelo em estilo medieval foi Joanito Mattoso. “Mas ele teve problemas e não conseguiu terminar a construção. Ele morreu nos anos 80, quando já havia vendido o imóvel”, conta Rafaela.

Ainda segundo a historiadora, oito famílias chegaram a habitar o castelo, mesmo inacabado, mas acabaram se mudando do imóvel.
Numa publicação feita numa rede social, a filha do Joanito, Gizella Mattoso, contou que o pai conversava com o “sobrenatural” e recebeu instruções para que construísse o castelo. “Meu pai era uma pessoa espírita, ele em suas visões e conversas com o mundo sobrenatural, tinha um espírito que pediu pra que ele construísse o castelo… Enfim, meu pai morreu em 1985 e antes de falecer vendeu o castelo”, relatou.

Cláudia Márcia e a filha Ághata

Na postagem da rede social, outro internauta pergunta se o castelo já vem com as assombrações ou se quem comprar vai precisar invocá-las.
Para quem mora no bairro onde está localizado o imóvel, o castelo já faz parte da paisagem. Todos os dias quando vai para a escola, a pequena Ágatha, de cinco anos, aproveita para admirar a construção e diz que gostaria de ser a compradora do imóvel. “Quero pintar ele todo de rosa”, sonha a menina. A mãe dela, Cláudia Márcia, conta que mora no bairro há pouco tempo e que não conhecia a história da construção, que ela considera fascinante. “Eu faço questão de passar por aqui pra olhar o castelo, uma pena ele estar nesse estado, imagino ele pronto, como ficaria lindo!”, diz.

Simone Noronha posando em outro castelo (Foto: Acervo pessoal)

De festas de Halloween ao abandono
Nos anos de 1980, o local foi palco de muitas festas, principalmente reunindo o público universitário. As de Halloween eram sempre sucesso, até mesmo devido a atmosfera de mistério que tem o local.

A jornalista Simone Noronha conta que chegou a frequentar as festas no castelo. “Não lembro o ano, mas devia ser início dos anos 1990, eu fazia faculdade de Comunicação e não perdia uma festa. O castelo era um dos points de Campos, e eu e minhas amigas fomos lá umas três vezes. A primeira lembrança que me vem à cabeça é que era uma “festa estranha com gente esquisita” de Halloween, mas o lugar era muito legal. Imponente, grande, um castelo de verdade. Parecia o da Cinderela. Ninguém tem foto porque era a época da câmera de filme e a gente nem ligava pra isso, pois íamos nos divertir de verdade. Sem rede social, sem nada disso. Tinha gente de tudo que é jeito no castelo e o público dependia da festa – fui em uma que teve show da banda TB-6, que saudade… Chegar até lá, na época, era parte da festa também. Longe de tudo, o bairro escuro, não tinha “ônibus no final do baile”. Enfim, outra época, outro mundo, outra vida. Nunca mais voltei lá, e soube que estão vendendo. Se fosse investir, faria do lugar uma casa de festas linda. Duvido a noiva que não ia querer ter o seu dia de princesa num castelo de verdade”, diz a jornalista que hoje vive em Macaé.

Nos últimos anos, o local que ficou abandonado, além de sofrer a ação do tempo, também foi ocupado, muitas vezes, por usuários de drogas e chegou a ser palco de crimes de dois homicídios.

O muro que já existiu no local caiu e a área está cercada por arame farpado, mas o acesso ao interior do prédio é fácil, até porque o local não tem porta.
Moradores próximos utilizam a área esporadicamente para abrigar cavalos e outros animais.

Nenhuma proposta concreta
Nas redes sociais, não faltam sugestões para utilização do prédio, como construção de um salão de festas e lanchonete temática. Fato é que, até o fechamento desta matéria, não havia alguma proposta concreta.
A venda do Castelo do Parque Aurora está a cargo de um corretor de Campos. Ele conta que muitas pessoas já perguntaram sobre valor, tamanho do imóvel e forma de pagamento, mas que até agora, de fato, não houve nenhuma proposta firme. De acordo com o corretor, o prédio tem quatro andares construídos, faltando acabamento, fica num lote de esquina, numa rua calçada, com água e energia elétrica e o proprietário aceita outro imóvel como parte do pagamento.

O atual proprietário do castelo é morador de Campos. O J3News tentou obter o contato para saber dele porque nunca concluiu a construção e também o que ele vislumbrava quando adquiriu o imóvel, mas o mesmo não gostaria de se pronunciar.