O médico carioca Gabriel Franca, 34 anos, cresceu envolvido no trabalho de ajudar pessoas, e levar o amor de Jesus a elas onde estiver. Aos 18 anos, por iniciativa própria, se juntou à ONG Ação Social Voluntária Amazônia (AESAM). O ano era 2007, no estado do Amazonas, onde morava com os pais. Atualmente, ele vive em Campos dos Goytacazes com a esposa e a filha pequena. Chegou a atuar quatro vezes por ano no Amazonas para ações voluntárias de saúde. Gabriel é especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo. Neste mês, ele atuará no continente africano pela segunda vez. A primeira foi no Níger, em 2018. O seu próximo destino é o Chade. Para chegar e estar lá, os desafios são muitos.
“Passei a realizar frequentes atividades missionárias e humanitárias, com apoio da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Sempre atuei na área de saúde. No começo, enquanto ainda era estudante de Medicina, participei como intérprete para médicos e missionários americanos, australianos e de vários países que vão para lá; como organizador de viagens, preparava toda a parte logística. Fundei e administrei o projeto AESAM, que leva estudantes a se envolverem na missão (e que ainda existe até hoje), e fui até piloto de barco. De 2007 a 2012 participei de inúmeras missões ao interior do Amazonas, em média quatro por ano”, recorda.
No dia 30, Gabriel Franca inicia sua segunda missão internacional, na África. Ele e uma equipe irão para o Chade, país muçulmano, com um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo. Esta viagem durará 40 dias. “Em 2018, tive a oportunidade de participar de uma viagem missionária promovida pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo – UNASP, ao Níger. Foi uma experiência enriquecedora, com duração de 18 dias”, cita.
De acordo com o médico missionário, nas ações no Amazonas e na África, são organizados eventos chamados de “Feira de Saúde”. As pessoas passam por stands pata aferição de glicemia, de pressão, análise nutricional e do peso, orientação quanto às formas de prevenir doenças. Ao final, a pessoa passa por uma consulta com um médico voluntário, e, se desejar, é oferecido aconselhamento espiritual. Na ida ao Chade, Gabriel contará com o apoio do pai, que também é médico.
“No Chade, a missão será um pouco diferente, porque já existe um hospital da missão lá. Vamos a pedido da organização Adventist Health International. Meu pai, o Dr. Isaac Franca, é anestesista, tem 71 anos, mora em Campos, no Farol de São Thomé, e trabalha no Hospital de Quissamã. A presença dele será fundamental para podermos realizar as cirurgias durante os 40 dias em que estivermos lá. Além do suporte técnico, vai ser muito importante para nossa saúde mental, ter alguém da família junto, num país de língua e cultura totalmente diferentes”, disse.
Longa jornada
Para chegar ao destino final no Chade, Gabriel, seu pai e outras seis pessoas terão que enfrentar muitas horas de voo, escalas em aeroportos e estradas de chão. “Sairemos de São Paulo com destino a Addis Abeba, na Etiópia. Como lá são 4 horas a mais, nosso dia de viagem terá 28 horas. Dormimos lá e no outro dia, pegamos um voo em direção a N’Djamena, capital do Chade. Já no país, pegaremos uma viagem de 8 horas de ônibus em estrada de chão, até a cidade de Kélo. Ali, vamos colocar as malas em cima de mototáxis para mais 2 horas de estrada de chão até o Hôpital Adventiste du Beré, que fica na cidade de Beré. À África eu fui apenas uma vez, não tenho tanta experiência para relatar. Posso afirmar que sempre voltamos exaustos, mas felizes”, explica Gabriel Franca.
Estigma missionário
A ida de missionários a lugares da África e de outros continentes desperta a curiosidade sobre a receptividade desses voluntários pelos governos locais. “Infelizmente, o termo ‘missionários’ tem sido associado à imposição cultural, por isso alguns países tem criado barreiras. Eu e minha esposa vimos isso de perto quando tentamos um visto para sermos missionários de longo prazo em Angola, em 2018. No Chade não é diferente. No entanto, eles têm recebido muitas organizações humanitárias, e estamos indo como médicos voluntários, não como missionários”, diz Gabriel Franca.
O médico voluntário conta que aprendeu dentro de casa a cuidar de gente. “Meus pais sempre tiveram o foco de aliviar o sofrimento das pessoas, e ensinar o amor de Jesus. Também tive bons exemplos de incentivo lendo as histórias dos missionários da Igreja Adventista do Sétimo Dia, como Leo Halliwell, e outros missionários da história, como o apóstolo Paulo e José Wolff. Eles abriram mão do próprio conforto e segurança em busca de ajudar o próximo’”, observa.
Para Gabriel, as missões humanitárias são sempre memoráveis. “Acho que o mais marcante é a sensação de realização pessoal ao ajudar o próximo. Lembro-me de uma viagem na Amazônia, em que identificamos uma doença cardíaca fatal em um garoto, e o ajudamos a conseguir a cirurgia. Se alguém quiser ajudar a missão do Hospital Adventista em Beré, no Chade, pode fazer uma doação em https://ahiglobal.org/donate e especificar “Bere, Chade” no campo observações. Estamos preparados para essa jornada”, finaliza.