×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Ainda sem um novo horizonte

.

Opinião
Por Editorial
2 de julho de 2023 - 0h01

O saudoso sociólogo Betinho Souza dizia que “quem tem fome tem pressa”. O mesmo pode ser aplicado para os que não têm teto. Em Campos, a construção de um conjunto de casas, em três empreendimentos batizados de Novo Horizonte I, II e II, em Guarus, para beneficiar centenas de famílias, coloca cara a cara a pressa e a morosidade da justiça.

A reportagem especial desta edição mostra desencontros no projeto que resultaram em ação judicial que se arrasta há mais de dois anos. São 139 casas em Novo Horizonte I, ao custo de R$ 13 milhões: outras 336 unidades em Novo Horizonte II no valor de R$ 32 milhões, enquanto o Novo Horizonte III consumiu R$ 28 milhões em suas 297 unidades.

Leia também: Novo Horizonte sem definição

Fatores diversos, entre eles a compreensível pressa de quem precisa de um teto, levaram pessoas a ocupar essas casas antes de estar prontas. O que resultou na decisão da Caixa, financiadora da obra, em interromper o projeto e judicializá-lo. O sonho da casa própria acabou virando um pesadelo pela insegurança jurídica vivida pelos moradores, a maior parte deles cadastrada para ocupar os imóveis.

Fato é que ao invés da entrega das chaves, houve ocupação e assim o assunto que era para ser resposta a uma demanda de justiça social, acabou na esfera da justiça comum. A Prefeitura de Campos, parceira do projeto com o Governo do Estado mobiliza a secretaria de Desenvolvimento Humano e Social para acompanhar as famílias, compondo um cadastro técnico que permita a desocupação. O problema já desembarcou na mesa do governador Claudio Castro.

É preciso pressa nesta questão que envolve 772 famílias. A Caixa por sua vez, esclarece que o fato de ter ocorrido invasão, antes da finalização do projeto, forçou a adoção de medidas judiciais para reintegração de posse. É preciso entregar esses imóveis para as famílias, que justificam a realização do projeto.

Necessário também que a citada pressa faça as pazes com a chamada perfeição. As famílias erraram, talvez, na dose da pressa e o processo judicial precisa se contrapor a morosidade. Cabem sob o mesmo teto, todos os interesses envolvidos.