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Fonoaudióloga alerta sobre o atraso na fala e benefícios do teste da orelhinha

Segundo o Ministério da Saúde, a cada 10 mil nascidos, 30 apresentam problemas auditivos

Geral
Por Kamilla Póvoa
15 de agosto de 2022 - 0h03

Teste da orelhinha | Exame de prevenção que todo recém-nascido deve fazer

A perda auditiva pode afetar a vida de uma criança de várias maneiras e uma delas é no desenvolvimento da fala. Por isso, é importante que os pais e as mães fiquem atentos aos sinais que as crianças dão, principalmente até os dois anos de idade, para que elas não sofram efeitos negativos no desenvolvimento, que podem acarretar em problemas para toda a vida. Segundo dados do Ministério da Saúde, a cada 10 mil nascidos, 30 apresentam problemas auditivos e por conta desse fator, especialistas alertam para a importância do teste da orelhinha.

A fonoaudióloga Olívia Crespo explica que o atraso na fala começa logo na fase inicial, ainda bebê, por volta de um ano de idade. Por isso, é necessário prestar atenção aos primeiros sinais.

“O atraso de fala aparece quando a criança não tem desenvolvimento adequado para aquela idade. Por exemplo, aos 12 meses, a gente espera que ela já comece a falar algumas palavrinhas. Se aos 18 meses, não tem um vocabulário de pelo menos 30 palavras, já é um atraso de linguagem”, explica.

A especialista ressalta, ainda, que um bom desenvolvimento da linguagem começa nos pequenos detalhes da rotina de uma criança.
“De 9 a 12 meses, o bebê tem que usar vocalizações parecidas com as palavras. Ele já precisa apontar para coisas ou até mesmo esboçar uma frase. Tudo que está fora dessa curva de linguagem, a gente já considera atraso”, diz.

Fonoaudióloga |Olívia Crespo explica que o atraso na fala começa logo cedo

A estimulação da fala requer dedicação da família e de quem cuida. O brincar é muito importante, porque a criança aprende a se comunicar brincando, quando dialogam com ela, defende a fonoaudióloga.
“A criança gosta de brincar com embalagem, pote plástico e até mesmo papel. O que é importante é sentar na altura da criança para brincar, dedicar um tempo a ela, sem celular e fazendo contato visual. Tem que brincar e interagir. É nessa hora que a criança se empodera da linguagem”, enfatiza.

Teste da Orelhinha
O teste da orelhinha é um dos exames de prevenção que todo recém-nascido deve fazer para diagnóstico precoce de doenças. O teste é obrigatório por lei e deve ser feito ainda na maternidade  para avaliar a audição dos bebês e detectar precocemente algum grau de surdez.
O Ministério da Saúde recomenda que se faça o teste da orelhinha em até 48 horas de vida da criança. Mas, caso a família não consiga fazer dentro desse prazo por algum motivo, ele não perde a eficácia. Segundo Olívia Crespo, é importante que o teste seja feito mesmo fora do intervalo recomendado, e, caso se perceba alguma alteração, o bebê seja encaminhado para um especialista.

“O teste da orelhinha é um teste que compõe a bateria de triagem do recém-nascido. É uma triagem auditiva, ele é um teste rápido e simples, que não incomoda o bebê e detecta perdas auditivas precocemente. Por meio dele, a gente consegue fazer uma intervenção e evitar que as crianças tenham problemas futuros. Desde 2010, o teste da orelhinha passou a ser obrigatório por causa da nossa prevalência de deficiência auditiva no país. Por conta dos sinais do bebê, que a mãe chama e não olha. Por ser obrigatório, tem um alcance nacional e aí, os benefícios são inúmeros”, reflete.

Este teste é gratuito e normalmente é feito durante o sono. Em alguns casos, pode ser recomendado que o teste seja repetido após 30 dias, principalmente quando há maior risco de alterações auditivas, como no caso de recém-nascidos prematuros, com baixo peso ou cuja mãe teve alguma infecção durante a gravidez que não foi devidamente tratada, adiciona a fonoaudióloga.

Tratamento
O teste da orelhinha também permite identificar pequenas alterações auditivas e que poderiam interferir no processo de desenvolvimento da fala, de forma que o fonoaudiólogo e o pediatra podem avaliar a capacidade auditiva do bebê e, caso seja necessário, indicar o início de tratamento específico.

“Os pais demoram muito para levar para um especialista porque, às vezes, tem alguém da família que diz: ‘está muito cedo para levar’. Considero a idade de um ano importante para trabalhar essa estimulação precoce. Quanto antes puder intervir e lidar com essa questão, e oferecer estratégias para a criança desenvolver a fala, é melhor. Não precisa fazer dois anos para potencializar essa criança”, finaliza.