Assim como o aparelho celular, o fone de ouvido se tornou uma das principais companhias do para o dia a dia, sendo normalmente levado para todos os lugares. Entretanto, especialistas alertam: esses dispositivos, queridinhos, principalmente, entre crianças e jovens, podem causar problemas auditivos. Segundo o otorrinolaringologista Roney Louvain, não há problema em usar o fone de ouvido, a questão é o uso inadequado dele, o que é comum entre os usuários que, normalmente, não só o utilizam muitas horas seguidas, como também em um volume mais alto do que os ouvidos podem suportar de maneira saudável.
De acordo com as previsões da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de metade dos jovens entre 12 e 35 anos, isto é, 1,1 bilhão de pessoas em todo o mundo, correm o risco de sofrer de perda auditiva. O principal motivo é a exposição prolongada e excessiva aos sons altos, incluindo o barulho dos fones de ouvido. Por isso, essa prática preocupa autoridades da área.
Dr. Roney Louvain explica: “Toda exposição a ruídos é prejudicial e o fone nada mais é que uma exposição agradável a esses ruídos. Os fones de ouvido são ajustados para um volume máximo de 105 a 110 decibéis. Para referência, a exposição a níveis acima de 85 decibéis, o som de um cortador de grama, por exemplo, pode causar possíveis danos aos ouvidos por mais de duas horas seguidas. Já a exposição a sons de 105 a 110 decibéis pode causar danos em apenas cinco minutos. O limite seguro de som contínuo para o ouvido é de 75 decibéis, o que corresponde à metade do nível de regulagem da maioria dos fones”, alertou o médico.
Então, é importante estar atento ao volume do seu fone. O especialista ensina uma boa dica para que consiga perceber se o volume está acima do adequado: “Se outras pessoas conseguem escutar ou reconhecer a música que você está ouvindo, o volume do seu aparelho sonoro está muito alto e você deve começar a proteger melhor a sua audição”, disse Dr. Roney.
Além disso, alguns tipos de fone de ouvido, como o intracanal, podem empurrar ou remover a cera do ouvido, que nada mais é que a proteção natural deste local contra infecções e outros fatores.
Ainda segundo especialistas, pessoas que normalmente ficam expostas a ambientes com muita poluição sonora também podem desenvolver algum problema auditivo, como músicos, DJs, operadores de som, metalúrgicos e até profissionais de trânsito e de construção civil. O risco também está presente para quem gosta de frequentar baladas e, principalmente, quando a pessoa tem o costume de ficar perto das caixas de som.
“O tempo de exposição é determinante para que aconteça uma lesão no ouvido. Nós temos em nosso ouvido as células auxiliares, principalmente as externas, que são praticamente amplificadores sonoros. Essas células são lesadas com o passar do tempo de exposição aos ruídos. Isso porque, primeiramente, o ruído faz uma ação inflamatória no ouvido, inflamando essas células, e quando expostas em longa duração, acabam sendo lesadas de maneira irreversível. Ou seja, acabam sendo prejudicadas e não retornando a sua função habitual, causando, assim, a perda auditiva”, alertou o otorrinolaringologista.
Atenção aos sintomas
Para Dr. Roney Louvain, é importante cuidar da audição e estar atento a qualquer sintoma diferente.
“Se o paciente começa a aumentar bastante o volume de seus eletrodomésticos, como televisão, rádio; quando a pessoa para de entender e compreender o que está sendo dito, esses são alguns sinais de lesões. E elas podem ser de tipos diferentes. Quando a pessoa precisa aumentar muito o volume, é aquele tipo de lesão que geralmente é no próprio ouvido, é uma perda da função do ouvido interno. Quando a pessoa não compreende o que o outro está falando é uma perda mais avançada em nível de córtex cerebral da parte auditiva. Ou seja, cada caso precisa ser avaliado detalhadamente pelo profissional”, finalizou o otorrinolaringologista.
Fique atento ao tempo de exposição e a intensidade dos sons:
– Até 80 dB – não há riscos
– 85 dB – até 8 horas de exposição
– 90 dB – até 4 horas de exposição (motor de ônibus, feira livre)
– 95 dB – até 2 horas de exposição (latido de cachorro, secador de cabelo)
– 100 dB – até 1 hora de exposição (liquidificador, choro de bebê, batedeira, aspirador de pó)
– 105 dB – até 30 min. de exposição (obra dentro de casa)
– 115 dB – até 7 min. de exposição (congestionamento intenso, rojão, ficar na balada perto da caixa de som)