×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Inteligência artificial no tratamento da asfixia perinatal

Monitoramento 24 horas é em tempo real, conectado a centro de eletrofisiologia, por telemedicina pela UTI Neonatal Nicola Albano

Geral
Por Ocinei Trindade
8 de novembro de 2021 - 0h02



Anualmente, cerca de um milhão de recém-nascidos em todo o mundo morrem por causa da asfixia perinatal.  As razões variam, mas ocorrem basicamente por problemas antes, durante ou logo após o parto.  O diagnóstico de asfixia perinatal não é tarefa fácil e requer treinamento de equipes de saúde.  As convulsões neonatais, também de difícil diagnóstico e muito frequente na asfixia perinatal requerem monitorização cerebral contínua.   Os bebês acometidos por asfixia perinatal, que sobrevivem, têm risco elevado de paralisia cerebral.   Atualmente, o tratamento eficaz para diminuir morte e evitar que crianças que tiveram asfixia desenvolvam paralisia cerebral é a Hipotermia Terapêutica. A UTI Neonatal Nicola Albano, do Grupo IMNE, possui dois Centros de Hipotermia, em Campos e em Macaé. Em todo o Estado do Rio de Janeiro existem quatro unidades com este tipo de assistência. A médica Laura Afonso Dias está à frente da UTI Neonatal Nicola Albano desde 1994. Ela destaca a necessidade de toda a sociedade atentar para os problemas graves causados pela asfixia perinatal, além de combatê-los.

“Nosso slogan na UTI Neonatal Nicola Albano é: O PRIMEIRO MINUTO DE VIDA DURA PARA SEMPRE”. A asfixia perinatal é uma patologia da hora do parto ou próximo a ele e é uma doença extremamente prevalente, e que a maioria dos pais não conhece.  Hoje no mundo inteiro, o único tratamento que diminui morte e paralisia cerebral é a hipotermia terapêutica.  Precisamos resfriar o corpo do bebê a uma temperatura de 33 C, por 72 horas.  Isso é feito por meio de equipamento sofisticado e de um colchão térmico.

Dra. Laura Afonso Dias

Após o nascimento, por mais que haja socorro prestado, o bebê que sofreu asfixia grave necessita de diagnóstico preciso e rápido.

“Quem atende ao bebê precisa diagnosticar a asfixia e classificar o caso como quadro grave.  Se for diagnosticado asfixia moderada ou grave, o bebê tem até 6 horas para iniciar a hipotermia para os melhores resultados.  Muitas crianças, que resfriamos, chegam de outras unidades e outras cidades (recebemos bebês de 41 cidades do Estado do Rio de Janeiro)”.

No Estado do Rio existem quatro centros de Hipotermia Terapêutica.
 “A Hipotermia não é um procedimento simples. É bastante sofisticado tecnologicamente. Nosso monitoramento é em tempo real, conectado a centro de eletrofisiologia, por telemedicina e inteligência artificial para controle de convulsões.    


SOS Neuroproteção /  SOS Asfixia
Preocupados com a neuroproteção das crianças recém-nascidas, a UTI Neonatal Nicola Albano investiu há cinco anos em um aparelho que monitoriza o cérebro dos bebês. Os equipamentos que ficam em Campos e em Macaé são ligados a uma central de monitoramento remoto com inteligência artificial, em São Paulo. São acompanhados os prematuros e as crianças graves com infecção ou asfixia, por exemplo. Em tempo real, todos recebem monitorização cerebral.

UTI Neonatal


“Quando nascem, no primeiro dia de vida, é o período mais crítico de convulsões para os bebês e a monitorização cerebral faz com que além do diagnóstico possamos tratar e verificar em tempo real a melhora das crianças quando é identificada a convulsão. 

“Há uma população de crianças recém-nascidas que precisa muito ter seu cérebro monitorizado. São as crianças que sofreram asfixia. Seja antes do parto, durante ou pouco depois do parto. Cada convulsão que não vemos e por isso não tratamos, lesa o cérebro e destrói células nervosas.
A UTI Neonatal Nicola Albano criou os projetos “SOS Neuroproteção” e “SOS Asfixia” para informar e chamar a atenção de toda a população para proteção dos cérebros dessas crianças.  Estar preparado para assistir um bebê nascer requer treinamento de equipes e conhecimento da asfixia e de seu tratamento”.

Desafio coletivo

Desde 2001, a UTI Neonatal Nicola Albano faz parte de um programa estadual para redução da mortalidade de bebês.

“Atualmente dispomos de 35 vagas em Campos e 20 vagas em Macaé para crianças reguladas pela Central de Regulação do Estado. Elas vêm de diversas cidades da região para vários tratamentos em nossas unidades
De acordo com estudos técnicos especializados, a internação de um bebê com asfixia perinatal em UTI neurológica com o  Centro de Hipotermia reduz a mortalidade em 25%; aumenta a chance de sobrevida normal em 65%; reduz os danos neurológicos graves em 32%; e a chance de paralisia cerebral em 38%”.

É importante salientar que o custo do cuidado de um único indivíduo com paralisia cerebral é estimado em um milhão de dólares ao longo de sua existência.

“A  asfixia é uma causa de todos nós: sociedade, família, criança, profissionais, hospitais e gestores públicos. Precisamos de todos para diminuir a paralisia cerebral e a morte.  Precisamos lutar por crianças saudáveis e com cérebros brilhantes”, conclui Laura Dias.