É fato que a atividade física traz inúmeros benefícios aos praticantes. Porém, neste tempo de pandemia, os exercícios que mantêm os participantes ativos por pelo menos 150 minutos por semana têm um benefício a mais e podem ser uma estratégia para melhorar a resposta imune do organismo induzida por vacinas contra a Covid-19. A constatação é resultado de uma pesquisa feita por estudiosos da Universidade de São Paulo (USP), que reuniu dados de mais de mil voluntários. O levantamento considerou como tempo ativo não só a execução de treinos físicos, mas também práticas feitas no lazer, atividades domésticas e deslocamentos de rotina.
Para a professora de Educação Física Vânia Cruz, existem, sim, diferenças entre as práticas, mas, em um contexto geral, tudo isso é de fato considerado atividade física e eleva o gasto calórico. “Qualquer atividade é válida. Todas reduzem o risco de doenças cardiovasculares, melhoram a capacidade pulmonar, que é muito atingida pelo vírus, diminuem o nível de açúcar no sangue, o colesterol e o cortisol. Fazendo este controle, é possível ter um sistema imunológico mais forte. O exercício físico já é planificado, sistematizado e precisa de uma orientação profissional qualificada. Nele, você consegue trabalhar níveis de intensidade”, explica.
Ela ainda ressalta que, além de se exercitar, é necessário manter um estilo de vida mais saudável, com alimentação e descanso adequados. Esse conjunto vai influenciar na atuação das células de defesa do corpo que são a primeira barreira encontrada pelo novo coronavírus no corpo humano. Neste momento, a profissional destaca que há uma preocupação maior em relação à quantidade de pessoas trabalhando em home office.
“Em casa, nós comemos mais e ganhamos peso. Logo, existe a necessidade de fortalecer o organismo para construirmos uma barreira sólida. Na prática de atividades físicas, há a liberação de vários hormônios que trazem a sensação de bem-estar, ajudando nos quadros de depressão e até no emagrecimento. Porém, independentemente do objetivo, qualquer prática é bem-vinda”, comenta.
O poder da vacina
O infectologista Dr. Nélio Artiles Freitas reforça que os imunizantes normalmente mimetizam, ou seja, simulam um quadro infeccioso. Quando a dose é aplicada, o corpo humano começa a produzir anticorpos. Segundo o médico, o efeito das vacinas é conhecido desde o século XIX.
“A vacina tem uma importância que é mais do que conhecida. Por causa da imunização, nós conseguimos erradicar doenças tão terríveis, como a varíola e a poliomielite, por exemplo. Agora, o imunizante contra a Covid-19 tem uma eficácia também muito boa, mas é variável, cada pessoa responde de maneira diferente. A ideia que todo mundo tem é que quando você recebe a vacina é para proteção própria. Este não é o ideal! Normalmente, você recebe a vacina para povoar um coletivo, porque, quanto mais pessoas que respondem à vacina estiverem no meio daquele coletivo, nós temos uma maior chance da pandemia diminuir, porque vai reduzir a circulação de vírus”, pontua.
O especialista ainda alerta que é preciso entender que nenhuma vacina é 100% eficaz. As doses, na verdade, diminuem as chances de contaminação, de hospitalização e de mortes. “Quando a pessoa é ociosa, há uma tendência de predispor a várias doenças. Hoje, a realidade da população de não ter tempo para nada precisa ser mudada. Já está mais que comprovado que precisamos viver melhor e com saúde. Não é preciso ser um atleta, mas, se praticar alguma atividade física, evitar consumir bebidas alcoólicas em excesso, cessar o tabagismo e se vacinar, você aumenta as respostas imunológicas do organismo. E negar tudo isso é negar a própria vida!”, finaliza Dr. Nélio Artiles.