A turismóloga e professora Sandra Rabelo já atuou em vários segmentos do setor, em empresas como Soletur e Grupo Othon. Guia de Turismo Regional e Nacional formada pelo Senac, foi docente na Faculdade de Filosofia de Campos, no curso de Turismo e Hotelaria, por cinco anos. A profissional faz parte da reportagem “Viagens para descobrimentos dentro da cidade” (clique aqui). Ela defende o potencial turístico de Campos dos Goytacazes.
Campos é um município extenso, com recursos naturais variados (mata, serra, rios, lagoas), grandes áreas rurais e um conjunto arquitetônico relevante. Como avalia o potencial turístico para esses segmentos?
Campos tem um grande potencial turístico. Como você disse, temos serra, mar, rios e lagoas, e um enorme conjunto arquitetônico. A praia do Farol de São Thomé tem enorme potencial para o surfe, kitesurfe, alambiques, e o próprio Farol que foi projetado pelo engenheiro francês Gustavo Eiffel. Tem toda uma história para ser contada, que muitos campistas não conhecem. O Rio Paraíba do Sul é próprio para a pratica do esporte do remo e alguns trechos que são navegáveis.
Temos muitas lagoas. A Lagoa de Cima é um espetáculo! Quem conhece, fica encantado com tamanha beleza. As lagoas Feia e do Vigário podem ser revitalizadas e estruturadas para poder receber os munícipes para pratica de esporte e lazer. Há cachoeiras que hoje já estão sendo muito bem trabalhadas pelo turismo de aventura, caminhadas, e mesmo para a prática da canoagem.
Sobre a nossa arquitetura belíssima, temos os solares, os casarios, as praças. Poderia citar todos com suas características, as igrejas como a Nossa Senhora do Carmo no Centro da cidade, que está sendo restaurada. É de uma riqueza que todos deveriam conhecer e divulgar, não devendo nada para as igrejas de Ouro Preto.
Há anos tenta-se implantar no município parcerias para incrementar o turismo em Campos. Como analisa a iniciativa do poder público e participação ou interesse do setor privado?
Tenho visto algumas ações que estão sendo desenvolvidas por empresários locais, como a pratica do esporte de asa delta no Morro do Itaoca; o turismo de aventura, caminhadas ecológicas no Imbé. A iniciativa tem que partir do setor privado, entender que os atrativos estão aqui. Precisamos ter um receptivo que não dependa do poder público para trabalhar em cima dos potenciais que a cidade apresenta. Sendo assim, o poder público vai atuar na infraestrutura, que é dar segurança aos turistas, melhorias nos transportes e nas vias de acesso aos locais de destino.
O turismo de negócios e ocupação da rede hoteleira em Campos são considerados satisfatórios ou abaixo do esperado?
Trabalhei por cinco anos na hotelaria. O turismo de negócios foi de maior destaque até a pandemia. Recebíamos empresários de vários lugares do mundo, como Indonésia, Tailândia, França, Alemanha, entre outros. Acho que agora a hotelaria está voltando a ter uma boa ocupação, com as empresas voltando a operar aqui na nossa região.
As festas religiosas como o Caminho de Santo Amaro é uma reivindicação da CDL para melhor estruturação e divulgação estadual e nacional. Como vê essa possibilidade de exploração turística no segmento religioso, assim como os templos católicos históricos da cidade?
O turismo religioso é o segmento que mais cresce no mundo. Um exemplo é o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, onde envolve toda a cadeia produtiva do turismo. A Igreja da Penha, em Vitoria; Lourdes na França; Nossa Senhora de Fátima em Portugal. Poderia dar vários exemplos onde turistas de todas as idades se planejam para fazer suas viagens.
Campos tem a festa do Santíssimo Salvador que também é um turismo religioso. A Festa de Santo Amaro já faz parte do calendário do município, onde recebemos vários devotos para cumprir suas promessas. Particularmente, acho que deveria ter uma maior divulgação para atrair turistas de toda parte do Estado; quem sabe, estrangeiros também; movimentando todo o trade turístico, gerando empregos diretos e indiretos.
Você também atua na área de gastronomia. Campos tem tradição dos doces e já organizou festivais de petiscos em Farol, e gastronômicos em restaurantes locais. Como observa esse tipo investimento para explorá-lo turisticamente?
Gastronomia é cultura. Temos vários restaurantes de boa qualidade na cidade. Os festivais e os circuitos gastronômicos movimentam a economia local. Precisamos de apoio e divulgação como é feito nas cidades vizinhas. Cada um com suas características, valorizando nosso produto local. Nossos doces, chuvisco e goiabada são conhecidos, mantendo a tradição.
O que considera relevante para alavancar o setor turístico em Campos?
O turismo é um grande gerador de empregos. É preciso entender que toda cidade tem turismo, pois ela tem sua história para ser contada. Nós temos todos os atrativos natural, cultural e histórico. Precisamos acreditar, conhecer e valorizar nosso potencial; e despertar o interesse nos empresários locais para fazerem seu papel de empreendedor. Ter o poder público como facilitador em busca de verbas estaduais e federais para o desenvolvimento turístico da região. Sendo assim, ele estará gerando empregos para todos os setores. Enfim, Campos tem turismo.
