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O “Sim” sob as bênçãos de Buda e Krishna

Casamento em Campos fugiu da tradição cristã e união foi selada por um monge budista e um brâmane do movimento Hare Krishna

Geral
Por Redação
15 de agosto de 2021 - 0h05
Caio e Bárbara – Fotos: Rafael Leal

Caio Paes, 27 anos, psicólogo. Bárbara Lacerda, 26 anos, professora de Ioga. Embora tenham se conhecido em 2009 quando cursavam o Ensino Médio, foi no dia 22 de julho de 2021 que suas vidas ganharam um novo e diferente capítulo. Eles se casaram à luz do dia numa cerimônia ecumênica que mesclou as tradições Budista e Hare Krishna. Foi um dos poucos casamentos Hare-Budistas realizados em Campos. A festa chamou atenção pelos detalhes que traduziram os estilos de vida e personalidades do casal.
Dois sacerdotes conduziram rituais religiosos e filosóficos, mas o ponto alto do evento foi o momento da troca de votos matrimoniais, iniciada no dia anterior ao casamento. “Sentamos juntos para escrever as páginas mais importantes das nossas vidas. Fizemos, ali, promessas possíveis de serem cumpridas, o que é comum no casamento budista”, contou Bárbara.
O texto foi levado para a festa, lido por ambos e testemunhado por todos. Além disso, o momento ainda contou com a tradicional troca de alianças. Adepto ao Hare Krishna, Caio protagonizou o ato simbólico de transformar sua noiva em uma mulher casada, como manda a cultura indiana. “Este foi o momento de marcar a testa de Bárbara com um ponto vermelho”, comemora.


Bárbara ainda relembra outros rituais. “Logo no início, meu pai colocou uma guirlanda de flores no pescoço de Caio e uma de minhas madrinhas casadas também colocou um colar em mim. Esta é uma forma de sermos abençoados em um casamento de sucesso”, resume.
Em mais um ato, outra madrinha do casal entrelaçou uma fita vermelha nas mãos de Caio e de Bárbara, o que, na tradição japonesa, representa união eterna por meio da ligação entre dois corações e uma fita invisível.
Por fim, foi realizada a Cerimônia do Fogo. “Lançamos grãos e temperos naturais no fogo, como se estivéssemos ofertando estes alimentos a Deus, representado por sua múltipla personalidade. Ele é todo-poderoso e pode se dividir em quantos quiser”, falou Bárbara.


Outro momento marcante da cerimônia foi quando o sacerdote Marcelino recitou um mantra, tocou tambor indiano e transmitiu vários ensinamentos de vida, principalmente vida a dois, reafirmando o compromisso da união do casal por toda a vida.“Emocionou a todos. Para alguns convidados, o estilo do nosso casamento foi uma novidade. Para outros, não. Mas o mais importante é que reunimos familiares e amigos de várias religiões, como católicos, evangélicos e também pessoas sem religião e todos gostaram muito, participaram ativamente e respeitaram a nossa escolha”, finalizou Caio.

Casamento-relâmpago inter-religioso
Embora noivos há cinco anos, a pandemia do coronavírus atrapalhou os planos do casal em definir uma data e organizar o casamento. Porém, em maio de 2021, Caio e Bárbara decidiram marcar o dia e escolheram o mês de julho para a celebração. Entre a decisão e o evento, restaram apenas 60 dias para preparar tudo.
“Pesquisamos tudo na internet, assistimos a vídeos e entramos em contato com líderes religiosos. Foi quando encontrei o Monge Diego Campos, que veio do Rio de Janeiro para celebrar o casamento. Marcelino Moreira Magalhães foi o outro sacerdote que convidamos para conduzir a cerimônia”, contou Caio.


Tradição e inovação
Apesar das peculiaridades do casal, Caio e Bárbara também levaram tradição brasileira à cerimônia, por meio dos trajes utilizados pelos noivos, músicas, decoração e fotografias. Bárbara casou de vestido branco e sapatos fechados. Já os cabelos foram tonalizados em multicores. Caio usou um terno, mas inovou com a cor vermelha, além de um penteado trançado. O cardápio foi vegano e vegetariano, estilos de vida pelos quais os noivos são adeptos. O casamento foi transmitido pelo YouTube.