A tradicional festa do padroeiro da cidade de Campos completa sua 369ª edição no dia 6 de agosto. Após a publicação da reportagem sobre a comemoração na última edição do Jornal Terceira Via (veja a matéria aqui), um leitor questionou o nome da festividade, uma vez que são, comumente, usados dois termos semelhantes: Festa de São Salvador e Festa do Santíssimo Salvador. A historiadora a Graziela Escocard esclareceu essa dúvida.
“As duas formas estão corretas. Contudo, quando se fala ‘Santíssimo Salvador’, podemos entender que o termo faz referência a Jesus. Já ‘São Salvador’ pode ser associado ao santo de nome Salvador”, afirmou a historiadora.
O Novo Testamento narra a data da festa como “Transfiguração do Senhor”. E a ocasião festeja Jesus Cristo, o salvador da humanidade. O cenário da festa é a praça principal com a Catedral ao fundo.
Graziela explica que a origem do nome que a festa carrega advém da religião instituída pelo apóstolo Paulo.
“São Salvador é o modo que o português chama o Santíssimo Salvador, ou seja, Jesus Cristo. Aqui em Campos, adotamos essa forma de falar, mas nosso São Salvador não é Santo. É sim o próprio Salvador (Jesus, o Salvador). Vale ressaltar que o nosso padroeiro da cidade não é Santo. São Salvador, que não é Santo, e sim o próprio Jesus Cristo, divindade máxima da Igreja Católica, filho de Deus, sacrificado para salvar a humanidade (na versão do cristianismo enquanto religião instituída pelo apóstolo Paulo). O que pode gerar uma grande surpresa para muitos, pois a maioria da população campista acredita que o São Salvador seja um santo”, completou.
Festa tradicional da cidade
Em 1652, começou a instalação do primeiro engenho de açúcar na região pelo General Salvador Correa de Sá e Benevides, o aclamado “Restaurador de Angola”, marcando o início dessa importante atividade econômica.
“De acordo com os documentos da Cúria Diocesana de Campos, a Festa do Santíssimo Salvador iniciou-se desde 1652, completando no dia 06 de agosto de 2021, 369ª anos, com a construção da Igreja Matriz, por Salvador Corrêa de Sá e Benevides, restringindo-se a uma manifestação religiosa, com procissão e missas celebradas em louvor ao padroeiro da capitania e, depois, do município”, disse Graziela.
Segundo a Diocese de Campos: “Essa é uma festa de tradição portuguesa, implantada pelos colonizadores. Curiosamente o fundador da Vila que deu origem a cidade de Campos dos Goytacazes foi o empreendedor português Salvador Corrêa de Sá e Benevides. O nome Salvador foi muito comum em Portugal durante os séculos XV e XVI, justamente pela fé e devoção a Jesus Cristo como o Salvador. Então nada mais lógico do que o Salvador Corrêa desejar homenagear o seu santo de devoção na escolha do nome da Vila, Villa de “São Salvador” de Campos dos Goytacazes e depois o escolhendo para seu padroeiro.”
De acordo com pesquisadores da região, podemos afirmar que essa festa é uma das mais antigas e de grande importância, por reverência ao padroeiro do município. A fé e a tradição se perpetuam e se adaptam às circunstâncias mais inesperadas.
Vale ressaltar que, neste ano, terá apenas atividades religiosas, assim como foi em 2020, devido à pandemia da Covid-19.