O DNA, que antes de tudo é uma descoberta da ciência, estabelecendo o perfil genético de cada ser humano, se transformou, recentemente, em uma ferramenta multifuncional em outras áreas, como a forense. Tornou-se capaz de identificar paternidade, provar autoria de um crime através de um fio de cabelo, entre outros. A reportagem especial desta edição mostra como funciona o banco de DNA.
Foi em uma quinta-feira pós-carnaval quando Rosimary Valadares de Souza, com 48 anos, pegou apenas uma bolsa e avisou a familiares que ia sair para pagar algumas contas. Ela nem chegou até a lotérica. Resolveu, na verdade, ir até a Canção Nova, em São Paulo, para um retiro espiritual. Sem levar bagagem ou voltar em casa, saiu de Campos e foi até o Rio de Janeiro. De lá, pegou um vôo para São Paulo e, em seguida, um táxi. O ano era 2016 e Rosimary nunca mais foi vista. Desde então, familiares buscam notícias.
A repórter Priscilla Alves relata que existem cerca de 200 casos de pessoas desaparecidas não solucionados em Campos e que podem, enfim, ter um desfecho após a primeira Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas, que acontece em Campos entre os dias 14 e 18 de junho.
Com a chancela do Ministério da Justiça e Segurança Pública, visa possibilitar a identificação de pessoas desaparecidas por meio de exames e bancos de perfis genéticos. Podem participar familiares de primeiro grau da pessoa desaparecida.
A coleta do material genético é feita com amostras da mucosa oral (bochecha). A campanha acontece também em Macaé e Itaperuna. Quem ainda não tiver oficializado o desaparecimento do familiar será orientado a registrar a ocorrência na delegacia.
É, mais uma vez, a ciência a serviço dos desalentados, pessoas que nunca mais viram seus filhos, irmãos, pais. Pessoas que sabem que as chances deste reencontro são remotas, mas que precisam saber o que realmente aconteceu para aceitar a perda.
Nunca foi tão importante a presença da ciência em nossas vidas. Algo que se mostra necessário todo o tempo. Todos temos o direito de saber o que nos foi tirado, ou por que deixou de fazer parte das nossas vidas. Isso se chama ato de amor e está no nosso DNA.