Após quase quatro anos de espera, o júri popular do caso Ana Paula deve acontecer no dia 12 de julho de 2021, às 10h, no Fórum Maria Tereza Gusmão, em Campos. Foi o que decidiu o juiz Wiclyffe de Melo Couto, da 1ª Vara Criminal depois de uma sequência de marcação e transferência da data, em uma espécie de estratégia dos advogados dos acusados que impetraram vários pedidos judiciais legais que resultaram nos adiamentos.
A família da vítima Ana Paula Ramos espera a condenação de Luana Sales – cunhada da vítima e apontada como mandante do assassinato – de Wermison Carlos Sigmaringa Ribeiro e Igor Magalhães de Souza, que respondem pela execução do crime e de Marcelo Damasceno Medeiros – que teria sido contratado por Luana para cometer o crime, mas terceirizado o ato.
A demora para a realização do júri se deu porque a defesa de Luana pediu e conseguiu o desmembramento do processo, para que ela fosse julgada separada dos outros réus. Em seguida, advogados dos outros acusados solicitaram que o júri acontecesse em outra cidade para evitar o chamado clamor social, já que o crime teve grande repercussão em Campos e chocou a toda sociedade.
Após idas e vindas, os processos voltaram a se unificar e os réus serão julgados no mesmo dia e local. “É um momento muito difícil para a família. Os autores serão punidos, mas minha filha não voltará”, desabafou a mãe de Ana Paula, Márcia Ramos.
O advogado da família da vítima, Márcio Marques, vai acompanhar o júri como assistente de acusação. “A defesa de Luana alega que ela foi tão vítima do crime quanto Ana Paula, uma vez que ela nega ter sido a mandante do assassinato, mas esta defesa não se sustenta porque temos provas de que ela entrou em contato com os autores antes e depois do crime”.
Sobre o caso
A universitária Ana Paula Ramos, de 25 anos, foi baleada no dia 19 de agosto de 2017, no final da tarde, em uma praça no Parque Rio Branco, em Guarus, mais precisamente na rua Comendador Pinto. Ana Paula levou quatro tiros — um deles acertou a cabeça — e morreu quatro dias depois, no Hospital Ferreira Machado (HFM).
A polícia chegou a suspeitar de latrocínio (roubo seguido de morte). Contudo, à medida que as investigações conduzidas pela 146ª Delegacia Policial (Guarus) avançavam, foi revelada a trama de um homicídio premeditado envolvendo quatro pessoas.
Luana, bancária, que era cunhada, amiga desde a adolescência e seria madrinha de casamento de Ana Paula, teria oferecido R$ 2,5 mil para que Wermison Carlos e Igor cometessem o crime. O contato com os assassinos teria sido intermediado por Marcelo, que era namorado de uma amiga de Luana. Antes do atentado, a cunhada da vítima já teria acertado R$ 2 mil e o restante seria pago após o crime.
De acordo com a acusação apresentada pelo Ministério Público, “o crime foi uma emboscada que, por sua vez, tornou impossível a defesa da vítima, na medida em que Ana Paula foi atraída pela primeira denunciada (Luana), sua cunhada, para o local da execução do crime, ocasião em que foi atingida pelos disparos feitos pelo terceiro e quarto denunciados, sem possibilidade de defesa. Consta nos autos que a primeira denunciada era cunhada da vítima Ana Paula e, como desejava a execução desta, contratou o segundo denunciado que, por conseguinte, ajustou com os executores, terceiro e quarto denunciados acerca do crime, ficando acertado também que deveria ser simulada a prática de um crime de roubo”, conta o processo.
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