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O que é abuso psicológico?

Assunto está cada vez mais evidência em virtude das redes sociais

Saúde
Por Redação
21 de fevereiro de 2021 - 0h01

Para identificar um abuso psicológico pode ser necessário intervenção de um profissional (Foto: divulgação)

Nas últimas semanas, um dos assuntos mais comentados nas redes sociais de todo o país é o chamado abuso psicológico. O termo ganhou ainda mais evidência, diante de práticas danosas contra o ser humano, cometidas por uma figura pública em um programa de televisão. Tal comportamento perverso ocorre quando uma pessoa tenta controlar e humilhar outra mais vulnerável. A situação se agrava a medida que acontece em público, em que os observadores ficam inertes ao problema e nada fazem.

Segundo a psicóloga, Marilyn Barros, a sociedade só está falando deste assunto no momento, justamente porque o tema ganhou evidência em um meio de comunicação, um canal de transmissão de conteúdo para muitas pessoas. “Porém, isso sempre aconteceu. No abuso psicológico, há vítimas de indivíduos, que geralmente são narcisistas e percebem a fragilidade do outro, logo se aproveitam disso para criar cenários em que a pessoa é humilhada e denegrida. Tal ato eleva a autoestima doentia do abusador. Infelizmente, hoje, além de estar vivendo isso na realidade, temos visto muito na internet e na TV. O mais importante agora é trazer para a sociedade essa sensibilidade de entender que não é normal, o que até então era muito padronizado”, comenta.

Personalidade
A especialista detalha a específica personalidade do abusador. “É uma pessoa narcisista, que geralmente tem uma personalidade muito fragilizada. Ela se esconde nessa formação de opinião, de ser agradável. São indivíduos que transitam bem na sociedade, tem argumentos, são coerentes e parecem ser extremamente corretos. Ao sofrer um abuso, a vítima chega ao ponto de se questionar se merece passar por tal situação, justamente porque o ato vem de uma pessoa tão bem instruída e aceita. O que acontece na verdade, é que o abusador está projetando as suas falhas de personalidade no outro, atacando o tempo inteiro. Infelizmente, as atitudes vêm de pessoas que a gente nem imagina que são capazes de cometer tal atrocidade. É por isso que a sociedade fica tão chocada, ainda mais quando os casos que estão ultimamente em evidência envolvem artistas e pessoas famosas”, frisa.

Em todos os lugares
A psicóloga ainda explica que a questão de relacionar o abuso psicológico a uma pessoa famosa é mais chocante para a sociedade, porque justamente são personalidades e formadores de opinião. “É importante frisar que o problema acontece em todos os lugares, casa, escola, trabalho… o que me chama atenção a todo instante é como que as pessoas não são sensíveis ao sofrimento do outro. Para muitos, é normal ver o outro sofrer e ser humilhado. Como que a gente não se coloca ao ponto de defender o que tem que ser defendido? Se você vê alguém sendo humilhado e percebe que aquela pessoa está fragilizada, é preciso intervir. Não podemos aceitar isso acontecer. A mudança começa dessa forma. É necessário pegar esse gancho para que a gente vá se desconstruindo e se reconstruindo, no sentido de formar uma nova teoria do correto. Tem que haver essa discussão, no sentido de estar sensível ao que é gritante aos olhos e a gente sempre se calou”, diz.

Por que ninguém faz nada?
De acordo com a especialista, nestes casos, a resposta é simples. “Porque não há essa desconstrução. E junta-se isso com o medo. Hoje, vivemos em uma sociedade, principalmente neste ano que passou, com maior índice de doenças psicológicas. Logo, estamos numa sociedade com pessoas doentes, fragilizadas e quando vem uma pessoa assim narcisista a gente se questiona ‘será que fulano não mereceu?’, mas a questão é que ninguém merece. Estamos aqui para tentar ajudar e não julgar. Todo abuso psicológico é feito de fases. Existe a fase do arrependimento, a fase do tentar ajustar… e é importante entender que o arrependimento do abuso não é pela ação em si, mas pelo arranhão que a pessoa acaba causando na imagem dela. Infelizmente, todo mundo, em algum momento da vida, já foi abusado psicologicamente”, pontua.

Marilyn Barros

Tratamento
Marilyn Barros ainda completa que um abusador vai precisar de tratamento e acompanhamento para se regenerar. O ideal é que cada vez mais a sociedade tenha olhar clínico e sensibilidade para entender o que está acontecendo. É preciso aprender a identificar os gatilhos e saber quando alguém está sendo invasivo e humilhando o outro. “A vítima e o abusador têm o mesmo distúrbio, só que em polos diferentes. Todos são extremos. Um se protege das suas fragilidades extremamente, numa personalidade empoderada, bem coesa, e o outro expõe a sua fragilidade no sentido de não querer se proteger. O ideal é que ambos façam acompanhamento psicológico. Na verdade, não só o abusador e a vítima, mas todos nós devemos fazer para identificar, para entender o que é gatilho. O que eu posso terminar dizendo é que existe solução para o abuso psicológico”, garante.