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A vacinação no Brasil no “Dia D”, na “Hora H” e lockdown em Campos

Campanha nacional de imunização começa com falhas e politização. Mas começa

Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
19 de janeiro de 2021 - 15h46

Depois da aprovação dada pela Anvisa, recheada de ressalvas (“observar eventos adversos…”; “… os benefícios superam os riscos”; “não há alternativa terapêutica…”), autorizando o uso emergencial de duas vacinas contra a Covid no Brasil, o Ministério da Saúde começou a distribuição das 6 milhões de doses da CoronaVac pelo território nacional.

Os senões da Agência são coerentes com as circunstâncias. Em sentido contrário, não se estaria a falar de ‘autorização emergencial’.

O Butantan tem mais 4,8 milhões de doses prontas da CoronaVac aguardando registro da Anvisa. Para seguir na produção, contudo, depende da liberação da China de novos insumos. O governo brasileiro aguarda, também, definição da Índia sobre as 2 milhões de doses da AstraZeneca/Oxford.

De toda forma, com falhas, mudanças de última hora e atrasos, o País vai dando os primeiros e efetivos passos para combater a doença que ora se encontra em alto nível de contágio. O curioso é que, tendo um péssimo histórico de combate à pandemia, o Ministério da Saúde cometa erros, também, na área em que o General Pazuello é considerado especialista: logística.

No frigir dos ovos, o “Dia D” mostrou-se uma incógnita ao próprio ministro. E a “Hora H”, atrasou.

Seja como for, os episódios em Manaus falam por si e descrevem o que tem sido o combate ao coronavírus no Brasil: um absoluto fracasso, onde pacientes de uma capital da federação morreram asfixiados, por falta de oxigênio nos hospitais.

Governo decreta lockdown em Campos    

O município retornou à fase laranja do Plano de Retomada das Atividades Econômicas e Sociais, fechando o comércio em geral, shoppings, bares, restaurantes, salões de beleza, etc. A descrição do que poderá funcionar (serviços essenciais) encontra-se no Decreto Municipal n. 026/2021, publicado em edição suplementar do Diário Oficial de 2ª-feira, 18.

A medida mais severa visa conter o avanço da Covid na cidade, que em curva ascendente de transmissão pode estrangular o sistema de saúde, ora com taxa de ocupação nos leitos de 90%. De fato, não adotar temporariamente restrições mais duras pode resultar num quadro insustentável.

A decisão – Em meados de dezembro, a equipe de transição (ou parte dela) do prefeito Wladimir Garotinho e do vice Frederico Paes na área da Saúde chegou a cogitar que o lockdown deveria ser decretado já naquele mês pelo governo de então.

Logo, seria de se esperar que tão logo a nova administração fosse empossada – ainda que sem todos os nomes anunciados na transição – medidas mais duras de restrição seriam adotadas.

Portanto, visto – digamos assim – pelo ângulo mais favorável, há de se entender que o governo foi prudente e aguardou o quanto pôde para implantar restrição de maior impacto.

De mais a mais, depois de quase três semanas, a equipe que compõe o novo governo está vivendo a atualidade e deixando no retrovisor a administração anterior. Não convém – como eventualmente possa ter feito um ou outro auxiliar menos experimente (e mais exaltado) nos primeiros dias de 2021 – se ocupar do que não foi feito nos 4 anos passados.

A manifestação das urnas foi clara o bastante. O que passou não aproveita ao presente.