O Parque Estadual do Desengano é um dos principais do estado do Rio de Janeiro e sua área abrange as regiões Norte e Serrana do estado, nos municípios de Campos, São Fidélis (Norte) e Santa Maria Madalena (Serrana). Conhecido por abrigar espécies raras da fauna e flora brasileiras e também por manter preservado um volume considerável da Mata Atlântica, o parque vai contar com mais um atributo. Para isso, é preciso que a Internacional Dark Sky Association, associação que fica nos Estados Unidos e está analisando documentos técnicos do parque, aprove o plano apresentado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Carlos Dário, gestor do Parque Estadual
“Quem faz trilha, está acostumado a olhar para baixo, para as cachoeiras, animais ou para os lados, para a vegetação. Com a aprovação do Dark Sky Park, ele vai ampliar a visão e poder olhar também para o alto, para contemplar o céu. Outro aspecto simbólico que teremos é que estaremos contemplando o mesmo céu que os nossos ancestrais contemplavam, sem essa poluição visual que encontramos hoje com o crescimento das cidades. É uma conexão atemporal que faremos com nossos antepassados”, explicou o gestor do parque, Carlos Dário Castro.
Para isso, uma estrutura mínima está sendo montada em uma área do parque para que ele não perca as características e atrativos naturais. “A trilha já existe. Estamos falando em criar um abrigo, sinalização, mirante, sinal de celular e um ponto de apoio para o visitante. Mas o céu já pode ser contemplado com toda sua beleza em qualquer ponto do parque, já que não há habitação próxima, seja a olho nu ou por meio de telescópios. Basta chegar e observar o céu”, frisou.
Em Campos, o Parque Estadual do Desengano é procurado para visitação de campistas e turistas às cachoeiras do Imbé, além da prática de trekking aos picos da região e pedal. O título de Dark Sky Park vai atrair também estudantes, pesquisadores e amantes da astronomia.
O presidente do Clube de Astronomia Louis Cruls, de Campos, o professor, físico e astrônomo Marcelo Oliveira, foi quem identificou a potencialidade do parque para observação do céu e compartilhou a ideia com o Inea. Uma pousada e um sítio nos arredores do parque estadual, em Santa Maria Madalena, já incentivam a prática da observação espacial. “Se tornaram locais de preservação do céu após eventos de astronomia. A partir daí, surgiu o contato com a coordenação do parque estadual que assumiu o compromisso de preservar a natureza para as futuras gerações.
O Dark Sky Park será o primeiro da América Latina. Outros já existem nos Estados Unidos, Europa e Ásia. “É uma maneira que o Brasil está fazendo para despertar vocações. O nosso país tem menos dias no ano para observação, por sermos um país tropical. A melhor época do ano para observação do espaço é no inverno, quando o clima está seco”, convida Marcelo Oliveira.