Sonho realizado | A motorista Marilene Borges assumiu o volante de ônibus há dois anos (Fotos: Reprodução)
As mulheres que dirigem ônibus, táxis e carros por aplicativos vêm ocupando cada vez mais estas funções que, antes, eram comuns apenas aos homens. Em Campos, o número de motoristas do sexo feminino cresceu nos últimos dez anos. É verdade que elas ainda são minoria frente aos profissionais masculinos. A cultura machista ainda existe, mas, se depender das mulheres motoristas, o preconceito tem sido enfrentado com coragem e afinco. Lugar de mulher também é ao volante, garantem as motoristas.
Faz dois anos que Marilene Borges se tornou motorista de ônibus. Carioca, se mudou para Campos há oito meses. Com experiência no trânsito do Rio de Janeiro, entregou o currículo na autoviação e foi aprovada para trabalhar. Aos 44 anos, casada e mãe de três filhos, ela diz que se sente realizada como motorista e recebe todo o apoio do marido e das crianças. “Minha filha caçula de 5 anos diz que quando crescer, será motorista como a mãe. Fico orgulhosa. Amo o que faço. Lutei muito para conquistar esse espaço que só alcancei há dois anos”, conta.
Pequena em estatura, gigante ao volante do ônibus
Marilene Borges diz que já foi frentista e operadora de câmera de vigilância de ônibus no Rio. “Ficava monitorando as câmeras do ônibus e sonhava estar ali dentro trabalhando. Até que um dia decidi fazer cursos de direção, e consegui meu primeiro emprego. Campos me recebeu muito bem. Há passageiros que se espantam quando me veem, uma mulher baixinha na direção, talvez preconceito. Mas sou muito respeitada, e me sinto bem em poder servir os passageiros diariamente. Estou muito feliz”. Ela costuma fazer as linhas Beira do Taí, São Sebastião e Parque Imperial, em Campos, e é a única contratada na empresa para a função de motorista até o momento.
Vou de táxi
Se as motoristas de ônibus ainda são raras, as de táxis estão em uma relativa vantagem em Campos. De acordo com o sindicato da categoria, há 846 veículos credenciados para o serviço no município. São 1500 profissionais de direção registrados trabalhando nesses carros. Atualmente, 15% dos motoristas são mulheres. Há dez anos, elas eram só 5% Aproximadamente, 140 condutoras transportam passageiros em diferentes locais do município. Apesar deste número, nem sempre a gente encontra mulheres guiando táxis.
Coragem | Emiliana Paes é taxista há seis anos e sabe dos riscos (Fotos: Carlos Grevi)
Há seis anos, Emiliana Paes, de 35 anos, se realiza dirigindo seu táxi. Ela deixou de ser garçonete para assumir o volante. É comum encontrá-la no ponto de concentração de veículos na Praça São Salvador. “Aqui há 68 táxis cadastrados. Sou a única mulher na função de motorista neste local”, garante. Enquanto ela é entrevistada e fotografada pela reportagem, seus colegas brincam dizendo que ela é uma estrela e que todos são seus fãs. Emiliana se diverte.
“É uma profissão como outra qualquer. Mas, o táxi oferece riscos. Para ser motorista de táxi, é preciso ter coragem, seja homem ou mulher. A gente nunca sabe quem vai entrar e qual o comportamento o passageiro vai ter”, diz.
Só para mulheres
Por temer assédio e violência, a motorista Edilaine Bernardes decidiu dirigir apenas para mulheres. Ela se inspirou em alguns serviços da Uber e da 99, empresas de aplicativos mais utilizadas no país, que oferecem e incentivam o trabalho feminino destinado exclusivamente para mulheres. Ela está desenvolvendo um aplicativo só para Campos. Enquanto não conclui, usa as redes sociais e a indicação de amigos para atender somente mulheres em seu carro. Decidiu montar o serviço porque não me sentia segura com motoristas homens. “Acho que Campos merecia um transporte voltado ao público feminino”, diz.
Exclusividade | Edilaine Bernardes dirige apenas para mulheres e prepara aplicativo
Por cinco anos, Edilaine foi instrutora de trânsito. No início de março, ela começou o serviço de motorista exclusiva para mulheres.
“Recebo muitas clientes por indicação. Elas adoraram a novidade, se sentem seguras. As amigas e as que chegaram por indicação dizem que agora não me largam mais. Espero expandir o negócio, e colocar vários carros para atender as mulheres dia e noite. Tenho trabalhado 12 horas diárias. Se precisar, levo ou pego filhos delas na escola. O importante é deixar as clientes satisfeitas”, conclui.