Não tenham dúvidas de que na política as decepções são tão grandes quanto as que nos arrasa na vida privada.
Na política elas são somatizadas, pois, há os anseios sociais, a morosidade em responder aos reclames sociais, a corrupção, a atrofia da máquina pública e a utilização dos mandatos, por muitos, para interesses estritamente pessoais.
O momento político atual, dentro do panorama das cidades é o pior possível. As decepções se alastram como se fossem pavios de pólvoras deixando a população eleitora cada vez mais incrédula com a destruição da classe política.
Por outro lado, são diante desses tempos sóbrios que surge a vontade de elevar conceitos, mostrar que sonhos coletivos podem ser realizados e que existem sim, homens de bem a serviço de uma sociedade melhor.
As decepções são geralmente ocasionadas pelo sistema inoperante, deficiente, deformado e que faz dos menos favorecidos, peças sofridas de uma engrenagem que oferece a cada dia menos.
Não é fácil sentir que a saúde é indigna, as portas de emprego a cada dia mais escassas, a educação atrofiada e a cada segundo com menos recursos e as ruas, vergonhosamente cheias de homens, mulheres e crianças sem esperança, mendigando por uma moeda nos sinais.
O retrato atual é decepcionante e a guerra ideológica só afaga os corações daqueles que acham que a vida é feita de julgamentos, comparações e da intromissão na vida privada.
Temos muitos cânceres sociais a serem extirpados e muitos deles têm nome no nódulo. São políticos canalhas, ladrões do erário que se posicionam como moscas, aguardando que a podridão se alastre para proliferar.
A banda podre da classe política sofre da patologia do “quanto pior melhor”. Eles precisam do caos, se alimentam da máquina emperrada, avançam aonde há fome e desespero e organizam uma ação inescrupulosa, oferecendo falsa dignidade para ter acesso ao título eleitoral do dependente.
A decepção na política nunca acabará, mas há chances de espalharmos para a sociedade a diferença abismal existente entre os homens de bem e os bandidos de gravata.
Quando olhamos de forma sensível para todo o dinheiro que foi jogado no ralo. Ao constatar que muito poderia ter sido feito e não foi, pois havia planos de poder individuais que dilapidaram quase tudo, nos vemos diante de terras arrasadas, secas e sem brilho.
A hora é de levantar a cabeça, reconhecer que não há cidade rica, que os dias de fartura ficaram para trás e que agora é hora de nos apresentarmos como políticos responsáveis e que sabem dizer “não” quando necessário. Ou tapamos as fendas oriundas da corrupção ou esvaziamos a cidade, pois fatalmente uma ‘tsunami’ virá e vai levar o pouco que restou.