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Em depoimento a Bretas, Cabral liga Rei Arthur ao governo Garotinho

Ponte entre empresários prestadores de serviços e políticos seria feita pelo então Chefe da Casa Civil Jonas Lopes

Política
Por Redação
2 de julho de 2019 - 12h55

O ex-governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral (MDB), afirmou em depoimento prestado à Justiça Federal nesta segunda-feira, que o empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como Rei Arthur, mantinha relação muito próxima com Jonas Lopes de Carvalho Júnior, ex-chefe da Casa Civil do também ex-governador Anthony Garotinho (sem partido) e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ).
Ao juiz Marcelo Bretas, Cabral afirmou que Arthur já circulava o Palácio Guanabara durante o governo de Marcello Alencar, mas que foi somente durante o governo Garotinho que o empresário passou a ter atuar de maneira mais ativa na articulação entre políticos e empresários prestadores de serviços.

Então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Cabral afirmou que a ponte era feita por Lopes. Escolhido por Garotinho para chefiar sua Casa Civil, o advogado campista recebia propina, garantiu Cabral a Bretas.

“No governo Garotinho, ele [Arthur] passa a ser um colaborador e tem um convívio muito mais íntimo com o Jonas Lopes. Ele passou a organizar os prestadores de serviços, organizar as licitações. No meu governo não foi diferente. Ele coordenava os prestadores de serviços”, disse Cabral.

O ex-governador Garotinho firmou que é citado apenas indiretamente na delação de Cabral e que denúncias devem vir acompanhadas de provas.

Delação

Lopes é autor da delação que possibilitou à Polícia Federal (PF) desvendar um esquema de corrupção no TCE-RJ e levou 5 dos 7 conselheiros do órgão à prisão durante a operação Quinto do Ouro, em março de 2017. Na mesma ocasião, foi preso outro ex-presidente da Alerj, o deputado Jorge Picciani (MDB).

Sentenciado a 7 anos de prisão, Lopes assinou acordo de delação premiada e cumpre penas alternativas, com monitoramento de tornozeleira eletrônica. Ele e o filho, o advogado Jonas Lopes Neto, foram condenados, ainda, a devolver à Justiça R$ 13,3 milhões, valor equivalente ao perdimento dos valores recebidos ilicitamente, inclusive os mantidos em contas no exterior.

Eduardo Paes e caixa 2

Cabral afirmou, ainda, durante o depoimento, que Arthur pagou R$ 6 milhões indevidamente ao ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), durante a campanha eleitoral de 2008, a seu pedido. Em troca, o empresário teria sido beneficiado com contratos na área da saúde e no Centro de Operações Rio. Paes nega e afirma que as doações que recebeu foram declaradas e devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral.

O ex-senador Lindbergh Farias (PT) foi outro político que teria sido beneficiado por doações de Arthur, segundo o ex-governador. O petista teria recebido cerca de R$ 5 milhões.

O próprio Cabral afirmou ter recebido de Arthur R$ 1 milhão para a sua campanha ao Senado Federal, na forma de caixa 2. A colaboração teria se repetido em 2006, durante sua campanha vitoriosa para o Executivo Estadual, quando recebeu entre R$ 5 e R$ 6 milhões.