Eliana Buchaul: do jornalismo para a costura criativa (Foto: Reprodução)
O número do desemprego no Brasil assusta. São mais de 12 milhões de pessoas sem trabalho, o que equivale a cerca de 12% a taxa de desemprego. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No estado do Rio de Janeiro, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do órgão, 15% da população está desempregada. Muita gente acaba se virando na informalidade para sobreviver. São cerca de 27 milhões de pessoas nesta situação em todo o país. Em Campos e em qualquer cidade brasileira tem sido assim.
Tiago vende anúncios e serviços no Facebook (Reprodução)
Desempregado há alguns anos, Tiago Barreto encontrou nas redes sociais uma forma de sobreviver. Ele já desempenhou várias atividades no comércio e sempre gostou de marketing. Passou a divulgar produtos e serviços no Facebook como corretor. Depois de fazer de graça, começou a receber 20% de comissão das vendas. ”Como dei resultados, começaram a me dar comissão. Tenho parcerias com frete e mudança, técnico de fogão e forno, venda e reforma de estofado, toldos, fones de ouvidos e outros produtos. Alguns são permutas. Em uma lanchonete, consigo converter o pagamento em lanches, meu vício”, brinca. Tiago consegue faturar R$600 em média com as indicações. “ É pouco, mas para mim é muito. Se não tivesse essa ideia e ter dado certo, não teria nada para pagar contas de água e luz, por exemplo”.
Há pessoas que precisam se adaptar às condições de mercado, sejam favoráveis ou não, para sobreviver. A jornalista Eliana Buchaul exercia a profissão desde os anos 1980. Ela passou pelos principais veículos de comunicação de Campos, mas foi viver em outras cidades, como Quissamã, Rio de Janeiro e Brasília. Na capital federal, ela foi assessora de imprensa para políticos durante dez anos. “Eu estava infeliz, e resolvi voltar para Campos em 2013. Não consegui me encaixar no mercado de trabalho e decidi retomar uma atividade que iniciei em Brasília: costurar e produzir peças artesanais”, conta.
Como profissional autônoma, Eliana diz que vê vantagens, mesmo diante da crise do desemprego. “Estou satisfeita porque tenho tempo livre para fazer outras coisas. Criei uma marca, a Tana Baiana, e realizo costuras criativas com profissionais de educação, faço bonecos e personagens de festas. É muito bom poder lidar com gente do bem, com artistas e educadores. Estou aprendendo a administrar finanças e a encarar novas frentes de trabalho. Participo de feiras e eventos, e divulgo meus produtos em minhas redes sociais”, conta.
Cláudia Bravo faz bolsas de olho nos turistas do Rio e consumidores do país (Reprodução)
Quem também faz das redes sociais um aliado é a massoterapeuta carioca Cláudia Bravo. Ela viveu no Canadá por uns anos e voltou ao Rio de Janeiro, mas não conseguiu se estabelecer em um emprego formal. Passou a trabalhar como autônoma, mas a crise espantou os clientes. Nos últimos meses, ela confecciona bolsas personalizadas e divulga suas vendas pelo Instagram. “Estou começando, mas tem dado bons resultados. A gente recebe muitos turistas e eles gostam desse tipo de produto. Participo de feiras e eventos também. Pelas redes sociais, posso vender para qualquer lugar. Já tenho clientes em Juiz de Fora e em Campos”, revela.
Persistência
Diovana Terra é RP e ficou anos afastada da indústria farmacêutica (Reprodução)
Não desistir e procurar melhorar a qualificação profissional são dicas dadas por especialistas em mercado de trabalho. Diante da crise econômica que abateu o Brasil nos últimos anos, muita gente não descartou oportunidades. Formada em Relações Públicas, Diovana Terra foi trabalhar na indústria farmacêutica, onde ficou por seis anos consecutivos. Porém, acabou ficando desempregada com a a recessão. Foram três anos de afastamento. Nesse período, tentou sobreviver de diversas maneiras sem exercer a profissão de formação.
“A faculdade foi o início de um norte na minha vida profissional! Pois fazer relacionamentos, na minha opinião, é a grande chave do sucesso das vendas. Comecei um estágio na indústria farmacêutica, e me encantei, mas é preciso manter uma garra e perseverança. A crise fechou um setor de vendas na minha cidade e região. Vendi cosméticos, trabalhei em uma casa de festas, mas não deu certo. Me aventurei no ramo da moda com a abertura de uma loja, onde tive um sucesso relâmpago, mas fechei por não ter capital de giro para enfrentar a crise. Então, fechei a loja e tentei reingresso na indústria farmacêutica que só consegui depois de três anos. No momento, me sinto feliz de ter salário e benefícios. A gente não pode desistir de trabalhar. Demora às vezes, mas a gente vence”, conclui.