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Novos e antigos quiosques que não funcionam

Projeto Orla 2 prometia nova área de lazer para a população, mas o que sobrou foi o abandono do que poderia gerar renda

Campos
Por Redação
21 de maio de 2018 - 0h01

Dinheiro público desperdiçado. É essa a impressão que fica na população de Campos quando o assunto são os quiosques situados no bairro da Lapa, às margens do rio Paraíba do Sul. A ideia de transformar o cais em um dos “mais belos cartões postais da cidade” — informação divulgada no portal da Prefeitura Municipal em 2016 — não deu certo. A orla foi inteiramente repaginada, mas não foi inaugurada. O resultado de tamanho descaso com os recursos do povo é de assustar: além da escassez na limpeza pública, parte da estrutura, nunca utilizada, já está destruída. Quem sofre são os permissionários dos antigos quiosques, construídos há mais de 20 anos e caindo aos pedaços. Eles, que sonhavam com um novo lugar para trabalhar, aguardam a boa vontade do poder público e, nessa espera, veem o patrimônio à mercê de vândalos e usuários de drogas.

O intuito do projeto intitulado “Orla 2”, segundo notas oficiais divulgadas no Governo Rosinha, era criar um novo espaço de lazer em Campos. Foi realizado no local todo um projeto de reurbanização e tratamento paisagístico, que compreendeu ainda a construção de novos quiosques. Blindex, revestimentos estilizados, tijolos de vidro, louças e postes de iluminação modernos foram instalados na área, que conta ainda com quatro banheiros, sendo dois deles com acessibilidade. Tudo para que a população desfrutasse de um ambiente privilegiado. No entanto, menos de dois anos depois do último anúncio da Prefeitura sobre as obras, percebe-se que o privilégio foi restrito.

Os antigos quiosques, construídos ainda no primeiro mandato de Anthony Garotinho, há mais de 20 anos, permanecem ali, mas bastante danificados. Hoje, cinco permissionários atuam nesses locais, comercializando refeições e bebidas. Um deles, que preferiu não se identificar, disse que o lucro advém somente dos “clientes fiéis”. “Quem não nos conhece e não sabe que somos limpinhos, não vem até aqui. Nossos quiosques não atraem as pessoas. Estão sujos, quebrados…”, declarou o permissionário, que atua na área há 10 anos por intermédio da Companhia de Desenvolvimento do Município de Campos (Codemca), responsável pela administração do espaço.

Os novos quiosques também causam má impressão. Não pela falta de infraestrutura. Tudo o que seria necessário para beneficiar os comerciantes e atrair o público foi colocado ali. A questão é que, com a mudança na administração municipal, a inauguração do “point” não foi mais uma prioridade, e, um ano e meio após a conclusão das obras, não houve inauguração. O espaço é, então, utilizado na “clandestinidade”, por usuários e traficantes de drogas. Os quatro banheiros, por exemplo, tiveram as grades arrombadas e a sujeira assusta.

“Quando a obra estava na reta final, a expectativa foi grande. Esperávamos pela chance de trabalhar em um local digno e aumentarmos a renda. Mas quando dizem que a expectativa e a realidade são opostos, estão certos”, disse o permissionário entrevistado pela equipe de reportagem do Jornal Terceira Via que teve a identidade preservada.

Resposta da Prefeitura

Ainda que o projeto tenha sido idealizado e elaborado na administração anterior, o jornalismo entrou em contato com o atual governo de Campos e questionou se há alguma intervenção prevista para esse espaço. A resposta foi animadora: segundo a Prefeitura, o planejamento é que o espaço seja entregue no segundo semestre deste ano. Mas, para isso, os quiosques e os banheiros “serão reparados para permitir a realização de eventos”.

Quanto aos quiosques antigos, a informação é de que eles serão mantidos, mas reformados “através de proposta de parcerias com os permissionários”. Consta ainda na nota oficial do governo que um “novo projeto de iluminação e vagas para estacionamento será realizado, para melhorar as condições de acesso e uso ao espaço”.