O Jornal Terceira Via teve acesso ao depoimento do deputado estadual e ex-aliado político de Anthony Garotinho, Geraldo Pudim (PMDB) prestado à Polícia Federal , na condição de testemunha na Operação Caixa D’água, que investiga uma suposta organização criminosa, liderada pelo ex-governador do estado do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, preso no dia 22 de novembro.
Embora o depoimento tenha sido no dia 29 de setembro – quase um mês antes da operação – o Terceira Via teve acesso, essa semana, aos documentos. Pudim relatou a delegados da PF detalhes do comportamento de Anthony Garotinho em uma reunião com empresários que, em 2014, prestavam serviço à Prefeitura de Campos.
A reunião acontecia em uma sala comercial, em um prédio, na capital fluminense, com o objetivo de arrecadação financeira para a eleição de 2014, quando Garotinho concorria ao cargo de Governador do estado. Segundo o depoimento de Pudim, a reunião foi presidida pelos coordenadores financeiros de campanha Ney Flores Braga e Thiago Godoy e só depois Anthony Garotinho chegou à reunião.
Segundo Pudim, a finalidade da reunião seria apresentar aos empresários a necessidade de recursos extras para serem usados na campanha de Garotinho. Segundo o depoimento, os empresários foram convidados por Ney Flores.
“Ney Flores começou a reunião, explanando sobre as dificuldades financeiras da campanha e que seria necessário mais o aporte de mais recursos financeiros para a referida campanha. Ney Flores não falou sobre valores, pois essa parte ficaria a cargo de Anthony Garotinho falar”.
Em outro trecho do depoimento Pudim narra que Garotinho “chegou rude à reunião afirmando que já teria ajudado a todos e que no momento em que ele mais precisava as pessoas estavam lhe virando as costas. Que isso causou um certo constrangimento aos presentes, uma vez que os empresários já haviam contribuído financeiramente para a campanha de Anthony Garotinho. Que a impressão que o depoente teve sobre a explanação de Garotinho foi que as oportunidades dadas por Anthony Garotinho aos empresários ali presentes eram muito maiores do que as contribuições financeiras realizadas pelos empresários”.
De acordo com o documento, em um determinado momento da reunião, garotinho revelou que precisava de R$ 5 milhões. “Que os empresários começaram a argumentar sobre como fazer essa nova contribuição, informando suas dificuldades e seus limites em conseguir um valor tão expressivo e com a urgência demandada.
Segundo Pudim, Garotinho rebatia cada dificuldade apresentada pelos empresários. “Que em determinado momento, Garotinho de forma grosseira e incisiva sugeria que os empresários tomassem empréstimos bancários, vendessem patrimônios e até mesmo gado. Ou seja, dessem um jeito para levantarem os recursos para doação”.
Em ouro trecho, Pudim afirma que Anthony Garotinho deixou a sala e isso causou dúvida e temor de possíveis retaliações, “haja vista que todos possuíam créditos com a prefeitura”. Pudim presenciou também a preocupação dos empresários, caso não conseguissem alcançar o montante e percebeu que eles tiveram medo de retaliação que pudesse vir por parte de Garotinho. “Ou seja, com o destino que cada um teria em relação aos créditos junto à prefeitura. Que ficou nítido o constrangimento de cada um dos empresários se não chegassem ao valor pretendido por Garotinho”, disse Pudim à PF.
Pudim ainda contou no depoimento que dia depois ficou sabendo por Ney Flores e Thiago Godoy que a arrecadação tinha sido satisfatória.