City Tour
O City Tour acontece em pontos referenciais de Campos, em termos de história, cultura e arte, bem como de preservação ambiental. No Centro Histórico, os participantes, residentes do município ou turistas, têm a oportunidade de contemplar os espaços já conhecidos — como a Praça do Santíssimo Salvador, o Calçadão, etc. — sob um viés diferente. Esse passeio também tem cunho pedagógico. Há 26 anos Everaldo é o responsável por levar estudantes de escolas da rede pública e privada da cidade para conhecer mais sobre a história de onde vivem — uma parceria entre a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e a Secretaria de Educação, Cultura e Esportes.
“São vários roteiros possíveis, tanto no perímetro urbano quanto rural; e, dependendo de quem está participando do tour, mudamos a perspectiva do passeio. É importante lembrar que poucos campistas têm conhecimento sobre o passado do município, portanto o city tour é recomendado a todos que tenham o interesse em saber mais sobre Campos, uma cidade repleta de histórias para contar”, declarou.
Quanto ao Centro Histórico, há muito o que descrever e exaltar. Nesta reportagem da série Destino Campos, Everaldo contou algumas das curiosidades que são expostas durante o city tour nesse trajeto.
Pouca gente sabe, mas essa praça está situada onde foi instalado o Chafariz Belga, em frente à Praça do Santíssimo Salvador. Aliás, em 1835, quando a Vila do Santíssimo Salvador foi elevada à cidade, esta era a única praça existente. Esse espaço já abrigou a Câmara Municipal de Campos e uma cadeia pública. Anos depois, na década de 1970, esses dois prédios institucionais deram lugar a outro, o Palácio de Mármore, onde funcionava o Juizado Eleitoral. Segundo o guia de turismo, onde hoje existe o Plaza Shopping, localizava-se a Santa Casa de Misericórdia, demolida na década de 1960 e, posteriormente, transferida para o local onde está até hoje. O nome “Quatro Jornadas” é uma referência a quatro fatos históricos que marcaram o município.
Praça do Santíssimo Salvador e Catedral
Foi em frente onde hoje está situada a Catedral que foi celebrada a primeira missa de Campos, na Igreja São Francisco, em honra a São Salvador, em 1677, no século XVII. O Visconde de Assecas, General Salvador Correia de Sá e Benevides, foi quem mandou celebrar a missa, quando Campos tornou-se Vila de São Salvador. Nessa época, a Catedral era a Capela de Nossa Senhora dos Passos e, ao lado, havia um cemitério. A Igreja São Salvador foi construída em 1953, em comemoração ao centenário de Campos; uma das grandes obras que aconteceram nesse período no município; a outra foi a construção do Fórum Nilo Peçanha, onde hoje está situada a Câmara Municipal. Já a praça, por estar localizada em uma área privilegiada, era chamada de “Praça da Constituição”.
Monumento ao Expedicionário
O monumento foi inaugurado em 1947. A figura do soldado, em bronze, tem 3m de altura e nas faces laterais, há alto relevo alusivo ao embarque de voluntários para a Campanha da Itália. Na parte posterior, há uma frase musicalda marcha de Guerra “Brasil”, de autoria de Thiers Cardoso. Na parte frontal, uma coroa de louros, também em bronze, com a seguinte legenda: “Campos, à glória eterna dos que lutaram pela Pátria”. Fazem parte do monumento os despojos do Capitão de Voluntários da Pátria, Manuel Teodoro de Almeida Batista, morto na Batalha de Tuiuti e os campistas que serviram na Campanha da Itália. O trabalho é do escultor campista ModestinoKanto, em uma iniciativa do Dr. Thiers Cardoso e de uma comissão de jornalistas.
“Onde hoje existe o Hotel Gaspar era a residência urbana do Comendador Paraíba. Após sua morte, ele deixou em testamento o uso e fruto do prédio para a Santa Casa, mas a esposa dele o vendeu para o senhor Gaspar que construiu mais um andar e o transformou em hotel. Foi nessa hospedaria em que se abrigaram várias autoridades do início do século passado”, contou Everaldo Reis.
Solar Visconde de Araruama – Atual Museu Histórico de Campos
O prédio onde hoje está situado o Museu Histórico de Campos era a residência urbana do Visconde de Araruama — o empreiteiro que comandou a construção do Canal Campos-Macaé, com 105 km de extensão e feito com mão de obra escrava. “Em uma de suas visitas a Campos, Dom Pedro veio pelo referido canal”, explicou o guia. Anos mais tardes, a Câmara Municipal comprou o prédio do visconde de Araruama, que também já serviu como sede da prefeitura.
Boulevard Francisco de Paula Carneiro (Calçadão)
O Calçadão do Centro já foi conhecido como Rua dos Homens de Pé. Isso porque as autoridades do século XIX reuniam-se no local para negociar escravos, fazendas e ainda o casamento dos filhos. Nessa área existia também o Café High Life, conhecido como a “Bolsa de Valores de Campos” e frequentado pelos homens de posses. Perto dali também havia o antigo Teatro Trianon, hoje onde está o Banco Bradesco. O teatro tinha capacidade para 2 mil pessoas e foi demolido na década de 1970. “Essa foi uma perda irreparável para a cidade”, contou Everaldo. Também no Boulevard Francisco de Paula Carneiro, em frente à Caixa Econômica, era o “Pelourinho”, espaço onde os escravos eram comercializados, punidos e sentenciados à morte. Atualmente há em seu lugar um monumento aos negros.
Chá CháChá
O local ocupado pelo bar Chá CháChá abrigou o primeiro Mercado Municipal de Campos, conhecido como Mercado das Quitandeiras. Mais tarde, em 1880, foi transferido para o Largo do Rocio, em frente à Faculdade de Direito de Campos. E, por fim, em 1921 foi inaugurada a Nova Praça do Mercado, onde permanece até hoje.
Solar Barão de Muriaé – Atual sede do 5o Grupamento de Bombeiros Militar
Esse solar era a residência urbana do barão, Manuel Pinto Neto da Cruz, senhor de terras e escravos em Campos. A residência rural era o Solar da Baronesa, em Guarus. Eles iam pelo Rio Paraíba do Sul de um solar ao outro. O Solar Barão de Muriaé é um monumento histórico da arquitetura portuguesa e marca a fase áurea da cultura da cana-de-açúcar nos primórdios do século XIX. Esse prédio é tombado pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultura (Coppam).
Essa é a livraria mais antiga do país, inaugurada em 1844 na Rua da Quitanda, hoje Rua Governador Teotônio Ferreira de Araújo, pelo português José Vaz Correia Coimbra. Passados 170 anos, a livraria resistiu firme a duas guerras mundiais, à abolição da escravatura e outros tantos fatos históricos, e permanece no mesmo ponto, ainda comercializando livros e itens de papelaria. Hoje, o estabelecimento está no Livro dos Recordes e, segundo o guia de turismo, em seus tours pelo Centro, a livraria é um dos locais certos de serem visitados.
Faculdade de Direito de Campos
Em 1910 foi inaugurada a Escola de Aprendizes e Artífices, projeto do então presidente da República e campista, Nilo Peçanha. Campos foi a única cidade que não era capital estadual a receber essa unidade que, na época, estava instalada no prédio onde hoje é a Faculdade de Direito de Campos (FDC). Perto dali está a Primeira Igreja Batista de Campos que foi também o primeiro templo batista de todo o Brasil.
Galpão dos Bondes
Onde hoje fica o prédio da Receita Federal, situava-se o Galpão dos Bondes. Eram depositados ali os bondes de tração animal e os elétricos. Em frente está a lembrança de que Campos foi o primeiro município da América Latina a receber energia elétrica — o primeiro poste está preservado ali.
“A extinta Companhia de Fiação e Tecelagem Campista, mais conhecida como A Campista, construída por Francisco Saturnino Braga e fundada em 1855, teve grande importância para a economia do município no século XIX. Em seu lugar esta situada hoje o Ciep Nilo Peçanha, um banco e um estacionamento no bairro da Lapa. Durante a segunda guerra mundial, o espaço serviu de abrigo para as forças armadas americanas”, contou Everaldo. Na década de 1940, a fábrica funcionava a todo vapor e produzia tecidos populares à demanda local e nacional. Mas em 1950 instaurou-se a crise econômica que levou ao fechamento em 1964.