×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Editorial: a insegurança na cidade e no campo

Todas as áreas rurais de Campos são pontos preferenciais dos ladrões

Geral
Por Redação
20 de maio de 2018 - 0h01

O problema não é novo, é recorrente e crescente. Os roubos nas propriedades rurais de Campos provocam um prejuízo maior do que seca, enchente ou praga. Em 2003 o jornal O Globo publicou reportagem mostrando que em um único mês, vinte fazendas tinham sido atacadas por quadrilhas especializadas que faziam roubos diversos, desde bombas de irrigação, transformadores, sementes, adubos até animais.

Nestes 15 anos, o Sindicato dos Proprietários Rurais de Campos considera que o problema se agravou. O roubo de gado aumentou em mais de 100%, com ladrões abatendo os animais nos pastos, deixando para trás somente a cabeça. Isso fez com que muitos pecuaristas investissem em sistema de segurança.

Em Sapucaia um fazendeiro monitora a sede, o pasto e o açude da propriedade. Instalou um enorme aparato de câmeras, muitas camufladas pela vegetação, ao mesmo tempo em que pastos receberam cercas eletrificadas.

Na ponta do lápis isso pode gerar uma sensação de segurança, mas significa também prejuízo, pois o dinheiro poderia estar sendo investido na produção. O prejuízo é maior ainda quando são roubados transformadores de energia elétrica, bombas e tubos de irrigação. Um desses roubos chegou a comprometer uma safra da usina Santa Cruz. Recentemente, em uma única propriedade, quatro transformadores foram retirados dos postes. As quadrilhas usavam um caminhão com falso adesivo de uma concessionária de energia elétrica. O prejuízo foi gordo, afetando todos os segmentos de produção, principalmente a de leite.

Todas as áreas rurais de Campos são pontos preferenciais dos ladrões. Em Serrinha, o número de roubo de gado é um pouco maior e, tanto produtores como moradores que trabalham em fazendas chegaram a fechar por alguns minutos a BR-101 para protestar.

A solução para esse grave problema seria a instalação, em Campos, de uma delegacia especializada para a área rural, mas isso já foi reivindicado pelos produtores, e a Secretaria de Segurança à época disse que essa “especializada” não se justificaria.

Não existe um número preciso nem uma estimativa ao vento sobre o prejuízo/ano destes roubos diversos no campo. Por outro lado, o Sindicato dos Produtores Rurais diz que esse número sem cifras é “assustador”. Existe também quadrilhas que usam a violência e atacam não só nos pastos, mas também as sedes das propriedades.

Embora com traços pré-metropolitanos, Campos ainda é um município rural. O maior município do estado do Rio de Janeiro em extensão territorial é formado por zonas rurais no entorno da cidade. Exatamente por isso, o problema é grave. Quando uma mulher leva um tiro na tentativa de um assalto no Centro de Campos, muita gente acha que a segurança está preservada em áreas distantes da cidade. Infelizmente não é bem assim. Ao mesmo tempo em que quadrilhas atacam na área urbana, outras se especializaram em ataques em áreas rurais.

Em qualquer lugar não existe segurança. A Polícia Militar com seus poucos recursos chega a atender ocorrências em áreas rurais através de seu Departamento de Policiamento Ostensivo (DPO), mas é um mapa muito extenso para ser coberto. Em tempos passados, os produtores faziam uma “vaquinha” para contratar patrulhas armadas, mas hoje isso é considerado crime. Enquanto isso, o boi que não voa vai sendo roubado.