O juiz Ralph Manhães, da 98ª Zona Eleitoral remarcou para às 15h30 do dia 15 de março, a retomada da audiência de instrução e julgamento da ação penal do Caso Caixa d´água, em que o ex-governador do estado do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, a ex-prefeita de Campos, Rosinha Garotinho e mais seis pessoas são julgadas por participação em um esquema criminoso para criação de Caixa 2 para campanhas eleitorais.
A primeira fase da audiência aconteceu nesta terça-feira (6) e durou mais de sete horas, quando começaram a ser ouvidas as testemunhas de acusação do processo. O casal Rosinha e Garotinho foram dispensados pelo juízo eleitoral.
Além deles, respondem ao processo, o policial civil aposentado, Antônio Carlos Ribeiro, conhecido como Toninho e que seria o braço armado da organização – segundo o processo – além dos ex-secretários de governos da Prefeitura de Campos, Suledil Bernardino e Thiago Godoy; o empreiteiro Ney Flores; o presidente nacional do PR, Antônio Carlos Rodrigues e o genro dele, Fabiano Rosas Alonso. Todos foram presos, no ano passado, pela Polícia Federal, na Operação Caixa d’água, deflagrada no dia 22 de novembro.
Após cerca de cinco horas de audiência, o juízo eleitoral dispensou quatro testemunhas do processo – que seriam ouvidas no dia 8 de março, mas mediante pedido da defesa de um dos réus que teria outra audiência na mesma data, Ralph Manhães transferiu então a nova audiência para o dia 15 de março. Nesta terça, quatro pessoas prestaram depoimentos, entre elas, a principal testemunha, o empresário André Luiz da Silva Rodrigues, conhecido como Deca, que detalhou à Polícia Federal, em colaboração premiada, todo o esquema criminoso. Só ele, levou cerca de quatro horas falando em juízo. André Luiz confirmou todas as informações prestadas à PF e ao Ministério Público, ainda em 2017.
O ex-vice-prefeito de Campos, Francisco Arthur Oliveira, o Doutor Chicão, também foi interrogado na audiência. Ele foi o último a ser ouvido. A audiência terminou por volta das 21h.
Operação Caixa d’água
Segundo o processo, Garotinho era o líder da organização criminosa e praticou vários crimes com a mesma forma de agir nos anos eleitorais de 2010, 2012 e 2016. Os documentos e testemunhas mostram que Garotinho pressionava empresários a pagar propina para financiar campanhas políticas por meio de Caixa 2. Os empresários, por sua vez, faziam o pagamento, mediante a promessa de que iriam receber os créditos que tinham com a Prefeitura de Campos, por meio de contratos oficiais.
O processo relata ainda que Anthony Garotinho recebeu R$3 milhões da empresa JBF, por meio de um falso contrato entre a JBS e a empresa Ocean Link Solutions, de propriedade de André Luiz, mesmo dono da empresa Working que tinha contratos com a Prefeitura de Campos. A empresa Ocean Link foi indicada por Anthony Garotinho à JBF .
De acordo com o processo, após a delação premiada de André Luiz, a PF constatou a existência de uma Organização Criminosa “bem estruturada, com divisão de tarefas e, inclusive, com o emprego de arma, protagonizada pelo réu Anthony Garotinho, sua esposa, envolvendo empresários, políticos e secretários de governo municipal no período em que Rosinha Garotinho era prefeita”.
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