O médico Luiz Clóvis Parente, vice-diretor da Faculdade de Medicina de Campos, é um dos nomes que simbolizam a história e a qualidade acadêmica da instituição, recentemente avaliada com nota máxima pelo Ministério da Educação (MEC). A FMC foi inaugurada em 14 de outubro de 1967. Desde então, já se formaram 4.710 médicos e 449 farmacêuticos. Em entrevista ao J3News, Dr.Luiz Clóvis analisa o reconhecimento da faculdade nacionalmente, além da formação profissional de médicos em todo o Brasil.
Egresso da quinta turma de medicina da FMC, Luiz Clóvis Parente é especialista em pneumologia, tisiologia e clínica médica, com titulação reconhecida pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT. Ele também mestre em Clínica Médica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Desde 1982, doutor Luiz Clóvis leciona Clínica Médica, disciplina que considera essencial na formação de futuros profissionais da saúde. Em 2017, assumiu o cargo de vice-diretor da faculdade, sendo reeleito em 2022, o que reforça o reconhecimento de sua dedicação e liderança acadêmica.
Como a direção da Faculdade de Medicina de Campos recebe a nota máxima da avaliação do MEC?
O resultado da avaliação reforça o compromisso histórico da FMC com a excelência acadêmica, com a formação humanizada de profissionais e com o investimento constante em infraestrutura, tecnologia e inovação no ensino na área de saúde. A nota máxima obtida reflete a capacidade de seu corpo docente e a atualização permanente de seus projetos pedagógicos e práticas de ensino, pesquisa e extensão. O reconhecimento do MEC é fruto de um trabalho coletivo que envolve professores, estudantes, colaboradores e toda a comunidade acadêmica. Essa conquista celebra quase seis décadas dedicadas à formação de médicos comprometidos com a ciência, a ética e a saúde pública — processos educacionais viabilizados pela parceria com o Sistema Único de Saúde/SUS.
O que representa esse reconhecimento pelo MEC?
O resultado de um planejamento estratégico implementado pela gestão atual, desde 2017, mesmo passando por desafios complexos como a pandemia de Covid-19 e os avanços tecnológicos do setor de saúde. São investimentos em material humano e em insumos que visam melhorar cada vez mais o processo de ensino aprendizado.
A nota máxima para o ensino da FMC diz respeito somente ao curso de Medicina ou de outras áreas também?
Esta última avaliação foi específica para o Curso de Medicina, quando conquistamos pela primeira vez o conceito máximo. O Curso de Farmácia já havia alcançado esse mérito e o de Enfermagem, foi autorizado este ano também com nota máxima.
Como observa a atual situação do ensino da Medicina em Campos dos Goytacazes, mas também em outras regiões do país?
Preocupante, pois há uma distorção na proporcionalidade de autorização de cursos de medicina no país, que provoca uma realidade de desequilíbrio no setor. Temos atualmente no Brasil 494 cursos de medicina, sendo 80% particulares, com uma oferta de 50.974 vagas/ano. Ainda assim, há cerca de 150 processos para novos cursos tramitando no MEC. É o que mostra uma pesquisa de demografia médica feita pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
O curso de Medicina é considerado um dos mais caros para a formação. Como observa esse alto custo, e como tornar mais acessível para pessoas de baixa renda que se sentem aptas aos estudos e profissionalização?
O curso de Medicina apresenta custo elevado devido à combinação de fatores estruturais, tecnológicos e humanos que exigem investimento contínuo e intensivo das instituições de ensino. Porém, a FMC é mantida pela Fundação Benedito Pereira Nunes e, pela filantropia, oferece 20% de bolsas de estudo para seus estudantes. Além de oferecer 10% de bolsas pelo Enem, no processo de financiamento do FIES.
Quantos profissionais lecionam no curso de Medicina na FMC?
Esse número varia de acordo com as necessidades de evolução do curso, atualmente estamos com 134 docentes, sendo 76% de mestres e doutores.
Além da formação profissional, como a FMC tem atuado em pesquisas e atividades de extensão na cidade?
A pesquisa em Medicina é essencial para o desenvolvimento do conhecimento científico e para a melhoria contínua das práticas de saúde. Temos atualmente parcerias com a Universidade Estadual do Norte Fluminense/UENF, Fundação Oswaldo Cruz/RJ, Instituto Federal Fluminense/IFF, Secretaria Municipal de Saúde/SMS, Fundação Municipal de Saúde/FMS e com a Palm Beach Atlantic University, dos Estados Unidos.
Consolidamos a curricularização da extensão, o que vem proporcionando atividades que levam o conhecimento acadêmico para a comunidade, promovendo impacto social direto. Conquistamos por seis anos consecutivos o Selo de Instituição Socialmente Responsável, pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior/ABMES, e, pela primeira vez esse ano, do disputado selo da ODS Educação.
Quantos alunos integram as classes da FMC atualmente?
Ao todo temos 802 estudantes matriculados no Curso de Graduação em Medicina, 173 em Farmácia e 40 em Enfermagem. Sendo 263 bolsas de filantropia distribuídos nos três cursos.
Quais projetos a FMC possui em relação ao ensino e aprimoramento institucional?
Atualização contínua na capacitação profissional de professores, técnicos e administrativos e modernização constante de insumos e laboratórios. Criamos recentemente o Laboratório de Pesquisa, de Medicina Intensiva e de duas salas consultório. Além disso, também promovemos espaços de reflexão e ação sobre as relações humanas, como na recém criação do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas/Neabi.
Quanto à atualização da Matriz Curricular, incluímos Espiritualidade, Cuidados Paliativos, Inglês, Português e Informática Médica. Além disso, mantemos sempre atualizados os conteúdos científicos baseados em evidências e diretrizes nacionais e internacionais.
O que considera fundamental comentar sobre a FMC e suas conquistas?
A Faculdade de Medicina de Campos se tornou referência no interior do estado do Rio de Janeiro, e, ao longo de sua trajetória, sendo a única da região com Hospital Escola e Centro de Saúde escola próprios. Promovemos a inserção de nossos acadêmicos desde o primeiro período em atividades de assistência à comunidade, por meio dos cenários de prática.
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