Formado em Eletrotécnica e Automação Industrial, ele sempre gostou de energia e não é apenas por esporte, e sim por vocação profissional. No esporte, ele queima energia correndo e jogando futebol. Na profissão, transforma raios de sol em eletricidade.
Gleidison, 38 anos, casado com Vivian e pai de Gabriel, atuou no mercado offshore em empresas como a GE Oil & Gas, mas em 2019 decidiu montar a sua empresa de energia solar, operando com vários diferenciais, desde a expertise até os bons preços.
Nesta entrevista ele garante que Campos é uma área preferencial para a expansão da energia solar e não há sombra capaz de inverter essa tendência.
O fato de Campos ser uma planície pode ser encarado como área preferencial para energia solar?
Sim, isso facilita muito na instalação e na elaboração do projeto e, consequentemente, diminui o custo de implementação dessa usina solar, uma vez que a preparação desse solo (a terraplanagem) em muitos casos vai ser desnecessário. No entanto, nosso principal foco de busca é pela irradiação solar da região ou dessa localidade, pois é esse o fator determinante para uma boa geração. Considero ainda outros quatro pontos importantes e que classificam Campos como excelente opção para o mercado de energia fotovoltaica, que seriam: disponibilidade de espaço para grandes projetos, a irradiação solar na nossa cidade, conectividade à rede elétrica e incentivos regionais com viabilidade econômica para tal atividade.
Consta que, além dos painéis residenciais, a energia solar também estaria conquistando setores produtivos como comércio e indústria. Isso é fato?
Sim, é um fato. Além de usos residenciais, a energia solar tem ganhado espaço significativo em comércios e indústrias, por várias razões, e começo pela principal delas, que é a economia. O empresário busca para seu negócio economia de custos e aumento de receitas para aumentar seus lucros e a energia elétrica pode ser uma grande vilã e consumir uma parte muito considerável do custo de qualquer operação. Logo, a energia solar não só contribui para essa economia como também traz previsibilidade orçamentária, retorno sobre o investimento com prazos muito atrativos, inferiores a quatro anos, e ainda nesse ponto acrescento incentivos e programas com linhas de financiamentos, leasing/PPAs e incentivos fiscais em algumas regiões que ajudam a viabilizar os projetos.
Ainda sobre os setores produtivos, o agronegócio também estaria no mapa destes investimentos para irrigação, etc?
Isso também é verdade. O agronegócio tem ganhado muito espaço com energia solar para irrigação, bombeamento e operações rurais. Aqui eu preciso até entrar num ponto que é a autossuficiência, ou seja, fazendas, áreas rurais podem operar independentes da rede elétrica, especialmente em áreas remotas ou que a qualidade da rede elétrica seja ruim, como é comum acontecer nesses cenários. Quando me refiro a ser autossuficiente, estou falando das baterias que proporcionam essa independência pela sua capacidade de armazenamento de energia. Temos outra solução muito usada já, que são as bombas d’água solar que permitem bombeamento e saneamento a lugares mais distantes e sem rede elétrica.
Campos está ficando no seu núcleo central muito verticalizada. Essa questão dos sombreamentos é impeditivo ou já existem soluções?
Verdade! Nossa cidade tem crescido e verticalizado, um fenômeno natural de todos grandes centros ou cidades em expansão. Mas respondendo à pergunta: sim, o sombreamento vertical pode atrapalhar sim, mas existem as soluções e, por isso, é tão importante um projeto bem planejado com empresas e profissionais experientes e que vão saber informar qual melhor solução oferecer para seu projeto.
Estão disponíveis hoje no mercado módulos de alto desempenho que têm um melhor rendimento mesmo em condições de sombreamento. Temos os microinversores que modulam o sistema, ou seja, fazem com que placas trabalhem de forma autônomo, de forma individualizada sem que uma esteja em série com a outra, não obstruindo a geração uma da outra caso bata sombreamentos em determinados momentos do dia.
Sua empresa expandiu durante a pandemia. A que você atribui esse crescimento? Mudança de comportamento?
A pandemia foi um desafio para todos nós, muitos comércios fecharam, muitos segmentos perderam sentido, muitas empresas tiveram que mudar a rota do seu negócio. No entanto, com a gente, com o nosso segmento percebo que foi diferente e concordo com você em relação ao comportamento. Como o trabalho ficou home office, o consumo elétrico das famílias aumentou com ar condicionado, computadores, mais tempo de TV etc e a conta de luz veio alta. As pessoas começaram a buscar soluções e foi também o momento em que se “popularizou” a energia solar, porque houve realmente uma queda no valor dos sistemas e que somada à concorrência que aumentou com o início de novas empresas, tanto de instalação quanto de distribuição dos kits. Eu cresci muito porque entendi o momento e consegui me posicionar como uma das referências da nossa cidade, principalmente pelo uso da internet com as mídias sociais e um trabalho sempre pensando na qualidade da entrega do serviço, respeitando prazos, sem promessas mirabolantes ou infundadas, consolidando nosso jeito de atuar com transparência e verdade com o cliente.
Quanto uma pessoa de classe média gasta para trocar a energia elétrica pela solar?
Ah, essa é muito fácil (risos)… o kit que mais atende ao perfil das famílias da nossa cidade é formado por oito placas que vão gerar uma média de 520kw/mês, ou seja, substitui uma conta de luz no valor de R$ 600,00. Esse kit hoje na Connect com toda instalação, homologação na concessionária, equipamentos top 1 do mercado está a partir de R$ 11.500,00.
Quem paga hoje uma conta de R$ 400/mês pagaria quanto se a energia fosse solar?
Aí já seria um kit um pouco menor, com seis placas e uma geração média aproximada de 380kw… hoje na Connect sai a partir de R$ 9.800,00
Em quanto tempo a pessoa recupera o dinheiro investido?
Isso varia um pouco pelo tamanho do projeto, mas em linhas gerais, o payback fica em torno de 30 meses.
O mercado imobiliário de Campos já está se adequando a essa realidade nos novos lançamentos?
Confesso que ainda acho tímido esse movimento por conta das grandes construtoras e construtores independentes. Ainda são poucos os que exploram esse viés de marketing e valorização do imóvel para venda já com a energia solar.
Esse setor está evoluindo muito. Quais serão as novidades para um futuro breve em relação à tecnologia solar?
São as baterias, evolução dos módulos solares com células bifaciais, PERC, TOPCon e HJT com melhor eficiência e menor perda em partial shading. Os carros elétricos são uma realidade. Você pode não gostar, mas é inegável os benefícios e economia e nessa linha entra cada vez mais o desenvolvimentos de baterias com grande alcance de armazenamento, porém pequenas, packs pequenos que pouco ocupam espaço nas casas e empresas. Temos as usinas solares de investimentos, uma excelente alternativa para quem está buscando investir seu dinheiro com alta rentabilidade.
Campos seria ou tem potencial para ser uma cidade quase toda iluminada pela energia solar?
Com certeza, temos visto esse movimento, essa mentalidade tanto no setor privado (as casas, as pessoas físicas mesmo, as empresas e comércios) e também o setor público, com o incentivo e diálogo que a Prefeitura tem tido com grandes empresas para construção de grandes usinas solares que atendem a grupos de farmácias e supermercados de fora, dentre outros setores.
Em termos ambientais, a energia solar tem alguma concorrente no chamado custo-benefício?
Vamos direto ao ponto: no âmbito ambiental, a energia solar geralmente tem concorrência baixa quando se considera custo-benefício, mas depende do contexto. Temos outras fontes de energia como eólica, biomassa, hidrelétricas etc, mas é difícil bater a solar. Faço uma ressalva com a energia eólica que, dependendo do contexto, mesmo num primeiro momento, ela sendo mais cara ao longo do tempo, pode ser uma opção mais interessante que a solar.