A construção de três terminais rodoviários em Campos dos Goytacazes, destinados a integrar o transporte coletivo de ônibus e vans, gerou expectativa entre os usuários, que há pelo menos uma década criticam a qualidade do serviço. As estações localizadas em Travessão, Ururaí e Donana ainda não foram concluídas, apesar de diversas promessas e adiamentos. Em janeiro deste ano, a previsão era de entrega até junho, o que não se concretizou.
A reportagem procurou o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) para obter informações sobre a entrega das obras. Em resposta, o órgão informou que ainda definirá o planejamento dos terminais, sem indicar uma data de inauguração.
Ao IMTT e à Prefeitura de Campos foram questionados os motivos da paralisação das obras, orçadas em mais de R$ 17 milhões, além das ações adotadas para melhorar e ampliar o transporte público na cidade, considerando as queixas recorrentes de usuários sobre horários irregulares, veículos superlotados e falta de cobertura nos pontos de embarque e desembarque. Por meio de nota, o IMTT se limitou a informar que “vai acontecer uma reunião nesta semana, que vai definir o planejamento dos terminais”.
Histórico das obras
Em março de 2023, a construção dos três terminais foi apresentada pelo então presidente do IMTT, Nelson Godá. Os locais foram definidos com base em estudos técnicos realizados por engenheiros do IMTT e da Secretaria de Planejamento Urbano, Mobilidade e Meio Ambiente, visando facilitar o trânsito e o deslocamento de ônibus e vans. As obras começaram meses depois da licitação da empresa contratada, anunciada em julho de 2022.
Em fevereiro de 2024, ainda na gestão de Godá, o IMTT informou que dois dos três terminais estavam próximos da conclusão, com cerca de 70% da estrutura pronta. Na semana passada, a reportagem visitou a estação no bairro Nova Canaã, no distrito de Travessão, onde encontrou apenas um operário fazendo vigilância. Ele disse, sem se identificar, que falta pouco para concluir a obra, mas ninguém soube informar quando isso ocorrerá.
Insatisfação da população
Em janeiro de 2025, o atual presidente do IMTT, Álvaro Manhães, informou ao J3News que pretendia concluir e entregar simultaneamente as três estações até o fim do primeiro semestre. No entanto, os adiamentos e o ritmo lento das obras aumentaram a insatisfação de quem depende do transporte público em Campos dos Goytacazes.
Próximo ao terminal inacabado em Travessão, o aposentado Cássio Silva comentou sobre as dificuldades enfrentadas:
“Hoje vivo no Quilômetro 10, em Travessão. Antigamente, o ônibus funcionava com horários regulares e confiáveis. Era bom, o horário era certinho. Hoje, a situação é diferente. Quando preciso ir à cidade, sou obrigado a usar as vans, mas não têm hora certa. Elas vêm de Travessão e Conselheiro Josino e circulam sempre lotadas. Minha família depende do transporte. Minha mulher, por exemplo, utiliza a van diariamente para ir ao trabalho”.
Moradora do Parque Eldorado, Hélcia Souza também fez diversas reclamações:
“O serviço já foi um pouco melhor no passado, mas precisa de reforço urgente. Se tivesse vans para suprir os horários em que os ônibus não passam, ajudaria muito. Os coletivos vêm muito cheios, todo mundo em pé. É muito complicado. Hoje (dia 21 de agosto), o ônibus que veio para o Centro estava com um pneu furado e, mesmo assim, fez a viagem. O motorista disse que não tinha outro ônibus para substituir. Ele teve que trazer a gente assim mesmo, devagar, porque não tinha condições de andar mais rápido. Acredito que é possível melhorar o transporte coletivo na região. Soluções existem e dá para mudar essa realidade”, afirmou.
