Para quem é fã de Indiana Jones, o Museu Histórico de Campos (MCGH) abre a possibilidade de se sentir um pouco como o herói aventureiro, com a atividade interativa “Um Dia de Arqueólogo”, durante a exposição “Entre Ossos e Urnas”, que acontece a partir de 20 de agosto. O projeto transforma o museu em um campo de descobertas e aprendizados onde a arqueologia ganha vida de forma acessível para públicos de todas as idades. A exposição é um projeto aprovado pelo edital Nossos Museus RJ, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro.
Arqueologia em Campos
Você sabia que Campos tem um importante sítio arqueológico? O Sítio do Caju ficava localizado na praça em frente ao cemitério do Caju, na Avenida XV de Novembro, às margens do Rio Paraíba do Sul. O local revelou fragmentos de urnas funerárias e ossos humanos que testemunham a presença dos povos Goitacá, Puris e Coroados.
Graziela Escocard, historiadora e coordenadora do MHCG, explica a relevância de sua história. “O Sítio Arqueológico do Caju é um dos mais relevantes registros da presença indígena em Campos dos Goytacazes. Descoberto e estudado por arqueólogos, o local revelou fragmentos de urnas funerárias, ossos humanos e outros vestígios que ajudam a contar a história de povos originários que habitaram a região muito antes da chegada dos colonizadores”, diz.
A mostra, baseada no livro “Pesquisas Arqueológicas no Sítio do Caju”, de Ondemar Dias e Jandira Neto (2014), exibe imagens exclusivas das escavações e fragmentos originais. Sobre o destino do sítio, a coordenadora esclarece: “Infelizmente, após a conclusão das pesquisas, o sítio foi aterrado e hoje não existe mais fisicamente. Ainda assim, seu valor histórico permanece inestimável, pois representa um elo direto com as nossas origens”.
Educando com teoria e prática
A exposição propõe uma ação educativa integrada, que transforma teoria em prática. “Como parte da exposição ‘Entre Ossos e Urnas’, a ação educativa ‘Um Dia de Arqueólogo no Museu Histórico de Campos’ convida crianças e adultos a vivenciarem, de forma lúdica, o trabalho arqueológico”, diz a historiadora.
No “Sítio Arqueológico Teórico”, os participantes realizam escavações simuladas em caixas de terra. “Com a orientação da equipe educativa do projeto, as crianças participam de uma escavação simulada em uma caixa de terra, onde encontram esqueletinhos de brinquedo, cacos de cerâmica e conchas, semelhantes aos achados reais do Sítio Arqueológico do Caju. Durante a atividade, os participantes aprendem sobre os rituais funerários indígenas, como os realizados pelos povos Goitacá, Puris e Coroados”, explica Graziela.
Identidade até os ossos
A coordenadora do Museu Histórico destaca o impacto social da exposição. “Projetos como este são fundamentais para aproximar a comunidade do patrimônio histórico e cultural de nossa cidade. Para os adultos, pais e responsáveis, é uma oportunidade de vivenciar a cultura de forma acessível, sem precisar sair de Campos dos Goytacazes, fortalecendo o vínculo com nossa história e identidade. Para as crianças, é uma chance de aprender brincando, descobrindo que museu é também um lugar de curiosidade, experimentação e encantamento”, afirma.
E acrescenta: “Outro objetivo é contribuir para a preservação da memória cultural dos povos originários, divulgando suas tradições, modos de vida e práticas funerárias, e promovendo o reconhecimento da sua importância na formação da identidade local. A experiência interativa e lúdica oferecida pela ação permitirá que os participantes ‘vivenciem’ o trabalho de um arqueólogo, realizando escavações simuladas e descobrindo artefatos.”
Graziela reflete também sobre a importância do sítio arqueológico para a identidade local. “A importância desse sítio vai muito além das peças encontradas. Ele representa um elo direto com nossas raízes, ajudando a compreender como esses primeiros habitantes viviam, se organizavam e realizavam seus rituais. Ter consciência desse patrimônio é fundamental para nós, campistas, pois fortalece a compreensão de que nossa identidade cultural é formada por muitas camadas e que preservar e divulgar essa memória é parte essencial da nossa história coletiva”, completa.
A visitação é gratuita e ocorre de 20 de agosto até 30 de setembro. Grupos escolares devem agendar pelo telefone (22) 98179-4455 ou e-mail museucampos@cultural.rj.gov.br. Visitantes individuais podem comparecer ao Museu Histórico de Campos, em frente à Praça do Santíssimo Salvador, de terça a domingo, das 9h às 17h, e inscrever-se no local para participar das atividades.