O julgamento do caso Letycia, assassinada em Campos em 2023, está temporariamente suspenso. A paralisação ocorre devido a um incidente de desaforamento — recurso apresentado pela defesa de um dos intermediários do crime, que tenta transferir o julgamento para outra comarca.
Após mais de dois anos, o julgamento dos três réus envolvidos no assassinato de Letycia e do bebê estava marcado para o dia 30 de julho, onde seriam julgados o condutor da moto, o executor dos tiros e o intermediário do crime. Anteriormente, o júri estava marcado para o dia 21 de maio deste ano.
Segundo o advogado da família da vítima, Márcio Marques, embora o julgamento esteja suspenso por ora, o júri ainda está em pauta. “Se esse incidente de desaforamento for julgado a tempo, teremos júri. Caso contrário, será necessário remarcar a sessão mais para frente”, explicou.
A defesa do intermediário justifica o pedido de desaforamento do julgamento em razão do caso ter tido grande repercussão na imprensa local, o que teria comprometido a imparcialidade dos jurados de Campos. No entanto, o advogado da família da vítima acredita que essa justificativa é apenas uma estratégia para adiar o julgamento e, possivelmente, unificá-lo ao do mandante do crime.
“No fundo, creio que a verdadeira intenção da defesa do intermediário é juntar o julgamento com o julgamento do mandante. O desaforamento seria um pano de fundo, um mero ato protelatório, já que há uma grande chance de o Tribunal não acatar a alegação de parcialidade dos jurados”, avaliou.
O advogado também destacou que, se a alegação de influência da imprensa fosse suficiente para mudar a comarca do julgamento, outros casos de grande notoriedade nacional também teriam sido desaforados, o que não ocorreu. Ele citou como exemplo o caso da cunhada Ana Paula Ramos – Campos dos Goytacazes (2017).
A expectativa agora gira em torno da decisão do Tribunal sobre o pedido de desaforamento. Se o recurso for negado, o júri popular poderá ocorrer ainda nos próximos meses. Caso contrário, um novo agendamento será necessário.
Entenda o caso
Em 2 de março de 2023, a engenheira Letycia Peixoto Fonseca, de 31 anos e com oito meses de gestação, foi executada a tiros.
Uma câmera de segurança gravou o momento em que o carro onde estava Letycia estacionou em frente à casa de sua tia, no Parque Aurora, em Campos, quando dois homens em uma moto abriram fogo contra o veículo. Letycia foi atingida por um tiro na face, dois no tórax, um no ombro e um na mão esquerda. A mãe de Letycia, que estava fora do veículo, tentou segurar a moto, mas foi baleada na perna.
As duas foram socorridas e levadas para o Hospital Ferreira Machado (HFM). A mãe foi atendida, submetida a exames e recebeu alta. O bebê de Letycia, Hugo, nasceu de 30 semanas em uma cesariana de emergência, mas não resistiu e morreu no dia seguinte. Investigações apontaram que o crime foi premeditado, tendo Diogo Viola de Nadai, empresário e professor universitário, como mandante. Diogo mantinha um relacionamento com a vítima e era pai do bebê Hugo.