Campos dos Goytacazes sediou, nos dias 15 e 16, a terceira edição do Simpósio Internacional Fluminense de Oncologia. O evento científico reuniu pesquisadores, médicos e cirurgiões de diferentes áreas que se dedicam a tratar e a combater diferentes tipos de câncer. Este ano, o evento foi ampliado e realizado no Teatro Trianon. Para a comissão científica do Instituto do Câncer do Norte Fluminense e do OncoBeda (Grupo IMNE), responsáveis pela organização, o III SIFON deve repercutir nos próximos meses por conta das palestras, discussões e análises dos temas debatidos por renomados profissionais do Brasil, Canadá e Estados Unidos. O evento atraiu público de várias regiões em busca de conhecimento e novidades em tecnologia.
O coordenador do Centro de Radioterapia do Grupo IMNE Oncologia, Ronaldo Cavalieri, lembrou, na abertura do evento, o início do Simpósio em 2015, ainda em formato local, com 80 participantes. Em uma década, o SIFON se tornou internacional, já contou com mais de 120 palestrantes e centenas de inscritos no encontro científico. Ele destacou a parceria com a Universidade Estadual do Norte Fluminense, das ações voltadas para pesquisas de extensão, e o apoio a pacientes oncológicos que se hospedam na Casa Horizonte, mantida pelo Instituto do Câncer do Norte Fluminense. “O Grupo IMNE tem se destacado em seus 50 anos pelo pioneirismo na oncologia, em tecnologias avançadas e na cirurgia robótica”, destacou.
De acordo com o oncogeneticista do XY Diagnose e OncoBeda, Gustavo Drumond, o interesse pelos assuntos e palestrantes tem aumentado a cada edição. “Este é o terceiro encontro com formato internacional. Acredito que esse tipo de iniciativa veio para ficar. É um diferencial do Grupo IMNE, que busca sempre trazer o melhor da imuno-oncologia para a nossa região.” Ele moderou sobre oncologia de precisão, a biópsia líquida — um método de diagnóstico mais recente e moderno, feito por meio da coleta simples de sangue ou saliva do paciente.
O cirurgião torácico Ivan Azevedo foi um dos moderadores do Módulo Pulmão. “Trouxemos novidades em terapias e reunimos grandes nomes da cirurgia torácica para discussões atuais. Entre os temas abordados estão o transplante associado à cirurgia torácica e as fronteiras da cirurgia minimamente invasiva, além de outras inovações mundiais. Este é provavelmente o maior evento médico que Campos já sediou. Estar no mesmo nível técnico e científico de grandes congressos mostra o quanto a medicina e o ensino na cidade avançaram”, afirma.
A palestra de abertura do III SIFON foi dada pelo cirurgião torácico da Rede D’Or, Eduardo Fontena. “A educação médica é contínua. Os casos oncológicos exigem cada vez mais conhecimento dentro de um time multidisciplinar. Mesmo que o profissional não atue diretamente na cirurgia, ele precisa compreendê-la — por exemplo, quem segue na pneumologia deve entender a oncologia torácica, que está muito ligada à cirurgia. Uma área se conecta com a outra. Esses simpósios e congressos servem justamente para isso: para integrar os saberes.”
Para o diretor técnico do OncoBeda, André Porto, é importante atrair a atenção para Campos no sentido da realização do evento e de colocá-lo à disposição da população. “Tivemos vários palestrantes de diferentes partes do Brasil discutindo temas extremamente relevantes. Na oncologia, há muitos assuntos importantes, especialmente com base nas incidências. O que as pessoas devem levar desse evento internacional é a sensibilização em relação a uma abordagem multiprofissional, com o engajamento em uma proposta de tratamento de qualidade. Principalmente, para que possamos personalizar todas as estratégias terapêuticas voltadas ao paciente.”
Discussões de casos
O câncer de mama é assunto de interesse de muitos pesquisadores e de mulheres em geral. As cirurgiãs oncológicas Juliana Figueiredo e Ana Paula Borges, do Instituto Nacional do Câncer, palestraram sobre análises de casos, diagnóstico e tratamento. “É fundamental normalizar o diálogo sobre o câncer. Embora seja uma doença séria, quanto mais cedo for diagnosticada, maiores são as chances de cura. O câncer é detectado de forma cada vez mais precoce, graças a técnicas avançadas de rastreamento e exames de imagem. Os tratamentos modernos são menos mutilantes e mais precisos, com cirurgias minimamente invasivas, como a robótica, já amplamente usada no Brasil”, diz a doutora Juliana. Sua colega do INCA complementa:
“O foco não é só o tratamento do câncer, mas também a qualidade de vida da paciente. Encontros científicos são fundamentais para a troca de conhecimento entre profissionais de diversas áreas da saúde, todos comprometidos em melhorar o tratamento oncológico”, diz a doutora Ana Paula.
Para a mastologista e moderadora de debates Maria Nagime, a saúde da mulher sempre é destaque em eventos de oncologia. “As doutoras Ana Paula e Juliana conseguiram passar que realmente tudo que a gente tem em termos de estudo, nem tudo pode ser colocado em ordem prática no consultório. Temos que analisar prós e contras, porque há pacientes que não estão dentro do padrão em grande parte de alguns estudos conduzidos”, resume.
A oncologista e paliativista Elizabeth Uhl destacou a oportunidade valiosa de aprendizado e interação com colegas. “Trazendo esses profissionais de fora, conseguimos ampliar nosso conhecimento e, principalmente, oferecer um atendimento mais moderno, mais atualizado e cientificamente embasado à nossa população.”
A oncologista clínica do Hospital Sírio-Libanês (SP), Andrea Shimada, abordou cenários de tratamento da doença avançada, na paciente com câncer de mama, com metástase. “Um encontro como esse aumenta a qualidade do tratamento de todos os pacientes, aproxima o cirurgião, o radioterapeuta, o oncologista e o patologista, colocando o paciente, de fato, no centro do cuidado. Essa discussão entre todas as equipes aumenta a qualidade de vida, diminui o efeito colateral e aumenta a vida para esses pacientes, ou seja, a gente tem impacto em sobrevida, quando nós temos todas as equipes interdisciplinares.”
Tecnologia e pesquisa
O Módulo Rim e Próstata foi moderado pelo urologista Gustavo Araújo, coordenador do Programa de Robótica do Hospital Dr. Beda. Participaram o radio-oncologista Fábio Cury, da McGill University, do Canadá; a coordenadora de medicina nuclear da Clínica Villela Pedra, Roberta Hespanhol; o urologista da Santa Casa de Santos (SP), Matheus Paiva; Lisa Morikawa (Rede D’Or); Victor Dubeux (Rede D’Or); Daniel Carvalho (HCM/FCV); Daniel Matsuda (OncoBeda). “Debatemos condutas, protocolos, atualizações e, principalmente, técnicas cirúrgicas. Esses momentos de troca são fundamentais para mantermos a prática médica sempre atualizada e baseada em evidências”, diz o doutor Gustavo.
O evento contou com a presença do assessor parlamentar Bruno Guimarães, que representou a deputada federal Chris Tonieto (PL-RJ). “Sempre que o assunto é saúde, precisamos estar atentos. É fundamental para entendermos as demandas locais. Agradecemos ao Grupo IMNE pela estrutura e tanto conhecimento”, disse. Para a física Mylena Saraiva, o Simpósio reforça o compromisso com a excelência. “A nossa área é movida por tecnologia e inovação. As mudanças são constantes, e eventos como este mostram o quanto o Grupo IMNE valoriza a atualização científica”, revela.
Os profissionais e pesquisas no campo da Enfermagem também foram mencionados no SIFON. “Dentro da enfermagem, temos apresentado o quanto a nossa atuação é essencial em processos de alta complexidade, como na robótica, que tem transformado o prognóstico dos pacientes”, diz a enfermeira do OncoBeda, Virgínia Corrêa.
Para o oncologista Diogo Neves, diretor clínico do Hospital Dr. Beda e do OncoBeda, o Simpósio Internacional promoveu pautas de vanguarda debatidas no mundo inteiro. “O objetivo é vislumbrar o futuro, mostrar que as coisas estão evoluindo e que a oncologia caminha a passos largos. Queremos compartilhar isso com todos os profissionais da saúde. Congressos e simpósios são grandes redes de relacionamento. Saímos mais cultos, mais sábios, enriquecidos por essas trocas de conhecimento”, finaliza.