A erosão costeira em Atafona, no município de São João da Barra, é um problema que remonta à década de 1950 e que avança rapidamente, causando a destruição de mais de 500 construções, incluindo casas, comércios, ruas e escolas. Esse fenômeno afeta diretamente moradores, turistas e veranistas da região. Em busca de soluções eficazes, a SOS Atafona está mobilizando diversos grupos comunitários para realizar um ato público, com o objetivo de promover a preservação da praia de Atafona, de sua fauna e das casas que ainda resistem às forças da areia e da água. A manifestação, que visa cobrar ações imediatas, está marcada para o dia 23 de fevereiro, às 9h, com início na Praça da Entrada de Atafona, seguindo até o trevo da cidade.
Sônia Terra Ferreira, presidente da SOS Atafona, ressalta a necessidade de ações imediatas: “Já foram feitas inúmeras promessas, mas nenhuma solução foi colocada em prática”, afirma. A associação foi criada em 2019, mas sua abordagem teve modificações ao longo do tempo. “No início, lutávamos muito na justiça para pleitear as melhorias para Atafona, mas percebemos que isso era muito lento. Agora, estamos focando em um trabalho mais pessoal, de contato direto com as autoridades”, afirma Sônia, dando destaque para a necessidade de união para o ato público. “Essa manifestação é para mostrar às autoridades que estamos juntos em prol de Atafona”, completa.
Rede de comunidades
Maria Lúcia Freire é representante do grupo Quarentena Atafona e destaca a importância da mobilização comunitária: “O sentimento da gente é de solidão. Precisamos que nossos representantes coloquem a cara na reta. A erosão é um problema climático, mas em outros lugares, o poder público e a sociedade civil se uniram para mitigar seus efeitos”, afirmou.
O grupo Quarentena Atafona, criado durante a pandemia de Covid-19 em 2020, reúne moradores, veranistas e comerciantes em prol da preservação do distrito. “Somos cerca de 170 pessoas, e nosso objetivo é ajudar a comunidade local, preservar o meio ambiente e fomentar a economia da região”, detalha Maria Lúcia.
Maré de reivindicações
A SOS Atafona destaca as principais demandas da população praiana, com obras urgentes para conter a erosão, como barreiras marítimas, realimentação artificial da praia e recuperação de dunas. Além disso, é essencial o apoio imediato às famílias desalojadas, que perderam tudo e não receberam assistência adequada.
A associação aponta exemplos de cidades que conseguiram conter a erosão costeira com intervenções eficazes. Em Balneário Camboriú (SC), por exemplo, um projeto de alargamento da faixa de areia ampliou a praia em 70 metros, revitalizando a orla. Já em Jaboatão dos Guararapes (PE), a engorda da praia protegeu edificações e garantiu espaço para atividades recreativas.
Internacionalmente, países como a Holanda e Portugal são referência em engenharia costeira, com sistemas de diques, barreiras e realimentação de praias.
Ameaça ao meio ambiente
Sônia também chama a atenção para os danos da ação humana em Atafona: “As motocicletas e quadriciclos que transitam sobre as dunas destroem a vegetação, o que acelera a erosão. Além disso, o trânsito de veículos na praia ameaça as tartarugas que desovam aqui. Precisamos de fiscalização e conscientização para proteger nosso ecossistema”, afirma.