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Caso Eliana: “Tinha tudo para prisão em flagrante e não levaram”, diz Lara, irmã de Carlos Eduardo

O atropelamento pelo próprio filho que tirou a vida de Eliana Tavares chocou a cidade de Campos e teve repercussão nacional

Geral
Por Monique Vasconcelos
13 de novembro de 2024 - 10h10
Foto: Reprodução/Globo

Lara Aquino, irmã de Carlos Eduardo Aquino, que atropelou a mãe em Campos dos Goytacazes, contou durante a sua participação no programa Encontro com Patrícia Poeta (Globo) que chegou a ser agredida pelo irmão quando morava com a família, mas que não surtiu efeito. “Quando os policiais foram a nossa casa, quando eu fui agredida, tinha tudo para ter uma prisão em flagrante eles chegaram a me assediar e não levaram o meu irmão preso. Ele chegou inclusive a manipular os policiais, os policiais ficaram ali conversando com o meu irmão. (…) Eu também sou uma vítima”, desabafou Lara.

Entenda o caso

Eliana Lima Tavares, de 59 anos, morreu atropelada pelo filho, Carlos Eduardo Aquino, quando estava andando em uma bicicleta elétrica, na noite do dia 29 de outubro, no bairro Jardim Carioca, em Guarus. O estudante de medicina, além de matar a mãe, deixou outras cinco vítimas que estavam em outro veículo que também foi atingido, logo após o atropelamento. Carlos Eduardo sofreu lesão na face e foi levado por policiais para o Hospital Ferreira Machado. As cinco pessoas foram socorridas pelo Corpo de Bombeiros e uma delas chegou a passar por cirurgia e precisou de doação de sangue.

No dia seguinte à morte de Eliana, o delegado da 146ª Polícia Civil em Guarus, Carlos Augusto Guimarães, informou que o estudante de medicina foi detido por homicídio culposo sob o efeito de álcool/droga, mas que a tipificação do crime poderia mudar. “Em razão do histórico de violência contra a mãe, para saber se foi uma simples inobservância de um dever de cuidado ou se teve intenção de matar a própria mãe”, explicou o delegado logo após o fato. No dia seguinte ao atropelamento, Carlos Eduardo foi autuado por feminicídio.

Já no dia 31 de outubro, após audiência de custódia, a prisão preventiva foi decretada e Cadu, como era chamado pelos pais, foi levado para o presídio Carlos Tinoco da Fonseca, colocado em ambiente separado de outros detentos e transferido para o presídio Norberto Ferreira de Moraes, em Itaperuna, no dia 4 de novembro, por, supostamente, estar sobre risco de morte. “Os detentos tem um código de ética e matar a mãe não é muito bem tolerado até entre os bandidos”, disse um agente que prefere não se identificar.

Em entrevista exclusiva ao J3News no dia 31, o delegado revelou que havia registros de ocorrências por agressão a Eliana cometidos por Cadu e seu pai, Eduardo Aquino. “Ela era vítima de violência doméstica, por meio de agressões físicas e ameaças, há mais de dez anos. Em uma ocorrência registrada na Deam no ano de 2015, ela aparece como vítima de violência por socos, chutes e pontapés desferidos pelo filho Carlos Eduardo e pelo pai. Neste mesmo caso, uma denúncia anônima afirma que além das agressões, a mulher teria sido mantida em cárcere privado”, revelou. Em menos de cinco dias, no dia 01 de novembro, o advogado Márcio Marques, que havia sido contratado pelo pai do estudante, deixou o caso.

Ao encerrar as investigações, o delegado afirmou que “o ato criminoso foi caracterizado como dolo, quando há a intenção de matar. Os laudos periciais confirmaram que as lesões na vítima estavam diretamente relacionadas ao impacto do veículo com a bicicleta elétrica que Eliana Tavares conduzia. O exame do corpo flácido e os danos causados pelo impacto no para-brisa reforçam essa conclusão”, disse Carlos Augusto em coletiva de imprensa.

O delegado destacou também que depoimentos de familiares e testemunhas ajudaram a traçar o perfil do autor: “Um jovem com histórico de comportamento violento e agressivo. Ele já havia agredido fisicamente a mãe em outras ocasiões, além de manter um comportamento de humilhação constante”. Inclusive, um vereador de Campos teria relatado na delegacia que Eliana, após ter se envolvido em um acidente com o carro do filho, teria sido humilhada publicamente, criando um clima de tensão familiar. “Apesar de negar no depoimento, ele sabia que aquela pessoa na bicicleta (viva) e morta (no chão) era a mãe dele e em momento algum mostrou qualquer tipo de ressentimento, qualquer tipo de remorso, muito pelo contrário, chegou a tentar se evadir e ficou preocupado somente com o prejuízo material do veículo”, diz o delegado.

Carlos Eduardo está preso em Itaperuna, no presídio Norberto Ferreira de Moraes.