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A Educação como lição de vida

Professora Yara fala na prioridade de inovações e capacitação técnica dos jovens

Entrevista
Por Aloysio Balbi
29 de setembro de 2024 - 0h01
Foto: Josh

Para ela, assim como para quase todas, lugar de mulher é onde ela quiser, um mantra do movimento feminista, que Yara sabe expressar bem. E ela já esteve, por mais de 20 anos, em sala de aula como professora, e outros 10 como gestora e legisladora. Tem a Educação como seu principal foco e fala na prioridade de inovações, no uso de tecnologia, na capacitação técnica dos jovens, e toca, com a delicadeza de quem é mãe e avó, na inclusão de crianças e adultos com algum tipo de transtornos, sendo doce ao falar de mães atípicas. Yara também discorre sobre economia e mostra preocupação com a empregabilidade, ressaltando o agronegócio como uma nata vocação da região.

Você tem na Educação sua referência de vida, tanto como professora na sala de aula quanto de gestora. Vamos falar sobre isso?
Vejo a Educação como o maior pilar da sociedade. São mais de 30 anos de magistério, sendo 23 anos de sala de aula. Me afastei da sala de aula para assumir funções como secretária desta pasta. Educação é o meu principal foco, e a partir dela poderemos alcançar tudo. Sem ela nunca iremos alcançar lugar algum. Acho que a sociedade, como um todo, já percebeu isso e hoje, quando se fala em custo da Educação, as pessoas finalmente compreendem que esse custo é, na verdade, um investimento.

Você acha que é possível fazer mais pela Educação na região?
Acho que sempre podemos fazer mais. Estamos vivendo um mundo inovador e a Educação é o eixo central de toda essa mudança. Então, a gente sempre pode fazer mais buscando inovar em todos os níveis, usando de maneira pedagógica a tecnologia, por exemplo. Se nós não tivermos essa visão, a Educação não caminha. E eu vejo a Educação como educadora, como professora de mais de 30 anos, sendo mais de 20 em sala de aula. Temos que investir nos equipamentos e no profissional para que ele também esteja adequado a essa nova realidade. Tudo isso resulta no investimento nos alunos. E quando falo de alunos estou abrindo o leque: estou falando de todos, inclusive os adultos, que não tiveram oportunidade de estudar no tempo certo. Educação, inclusive em todos os níveis, é o que eu defendo.

O município de São Francisco do Itabapoana se notabiliza, entre outras coisas, pela agricultura. Com o crescimento do agronegócio se pensa em cursos técnicos na área de agricultura?
O agronegócio está ganhando cada vez mais na musculatura, em São Francisco, seguido do turismo e da pesca. Tenho estudado muito este assunto e me cercado de pessoas que entendem a dinâmica e a técnica do setor. Temos que implementar, de forma urgente, em nosso município, cursos técnicos na área agrícola para que a gente possa estar atendendo a demanda deste setor e a empregabilidade dos nossos jovens. Vamos nestes cursos inserir os jovens neste contexto moderno de agricultura a partir da tecnologia, chamando as universidades da região para participar deste desafio. Nós precisamos manter os jovens no nosso município. Cursos para que eles possam estar prontos porque somos área preferencial em investimento de agronegócios no estado do Rio de Janeiro. Capacitar os jovens para isso é essencial.

Você é mãe de dois jovens, avó de duas crianças e tem choro novo chegando. Como é que você vê a Educação do futuro, pensando nos netos?
Meus filhos já são dois adultos. Eu sou avó e tenho um neto que já vai fazer vestibular. Agora, eu vejo a perspectiva que ele venha realmente investir em sua vida profissional em outro contexto, diferente de antigamente. A herança que nós deixamos para os nossos filhos, hoje, é a Educação, o estudo para que eles possam realmente estar se educando, estudando, buscando permanentemente um futuro melhor. E eu, como uma pessoa que trabalha na Educação, incentivo muito os meus netos. Agora, está chegando a Maria Liz que, igualmente, será incentivada. 

Falamos muito de Educação, mas vamos falar de mulher. Hoje, a mulher ganha mais espaços. Como você avalia isso?
Vejo a mulher na sociedade de um modo geral, crescendo, estando onde ela quer, porque lugar de mulher é realmente onde ela quer estar. Temos muitos exemplos disso em todas as áreas: desde o campo, com mulheres agricultores, passando pela política em todos os cargos, em todos os cargos quer na vida pública quer na vida privada. Mulher mostrando suas dores e cobrando seus direitos. Acho que a mulher vem derrubando todos os preconceitos, mas precisamos avançar ainda mais. Já está provado que a mulher pode fazer três ou quatro coisas ao mesmo tempo sendo esposa, mãe, avó e sendo uma agente de transformação. Mas, friso que precisamos avançar sempre.

Ainda sobre mulher e Educação, está em pauta a inclusão das mães atípicas, e, principalmente, de seus filhos, em tudo na sociedade. Qual sua visão sobre isso?
Vamos pegar como exemplo o autismo, mas existem outros diagnósticos. Na realidade isso sempre existiu, obviamente, mas agora, de forma muito pontual, vem sendo percebido e a sociedade encarando essa questão. Acho que temos que trabalhar com todos os níveis de transtornos com uma Educação inclusiva. Isso é ponto pacificado hoje em toda sociedade. Bom frisar que há adultos de hoje que têm esses transtornos, mas, antes, não eram detectados. As mães atípicas têm que ter um olhar diferenciado. As mães e seus filhos. Mas, não é só autismo. Existem vários transtornos que também precisam ser olhados. Fiz um projeto como vereadora estabelecendo um centro de especialização para atender todos esses casos em São Francisco do Itabapoana. As escolas também estão preparadas para a inclusão e todo o núcleo familiar sendo atendido com total acompanhamento.

E o ensino em dois turnos? Pensa nisso?
A gente sabe que isso é uma realidade também, a necessidade de dois turnos. Fui secretária de Educação duas vezes, então é muito bonito ter uma lei lá em Brasília, mas quando chega à ponta, que são os municípios, acaba a gente não tendo suporte para viabilizar de forma concreta e eficiente uma escola integral.  Falo em uma escola que tem que ofertar quatro alimentações, sendo duas refeições. Uma escola realmente diferenciada, que é o nosso sonho, com atividades diversificadas que vão além da pedagógica. Na realidade, muitas pessoas ainda não entendem o que é uma escola integral. Nós já temos uma escola integral em São Francisco onde oferecemos para crianças de 4 e 5 anos um ensino integral. Isso é um período integral, mas é algo que tem que se avançar muito, alcançando todos os níveis de ensino, incluindo o Fundamental e o Médio. Isso seria o ideal. Manter as crianças no ambiente da escola é tudo que queremos. Temos que avançar.

E a ponte da integração?
A ponte é uma realidade. Vai chegar o momento em que vai acontecer e vai integrar ainda mais os municípios, e será ótimo para a economia, impulsionando o turismo. Será melhor ainda para nossa vocação agrícola e para empreendimentos futuros, pois estaremos entre dois importantes portos: o de Presidente Kennedy, no Espírito Santo, e o do Açu, em São João da Barra. Vai mudar todo o perfil da região.

Estamos falando, também, de inovação. E o Parque de energia eólica?
Tornou-se um atrativo, pela beleza, mas, benefício para o município não trouxe. Existem outros projetos de energia limpa, que para o município será mais interessante. Esse parque, com imensos cataventos, não beneficia em nada o município, economicamente falando, não tem arrecadação. Eles poderiam ter, no mínimo, projetos sociais. Para você ter uma ideia, o entorno do parque, à noite, fica escuro porque não tem iluminação.