Prática esportiva que tem ganhado cada vez mais adeptos em Campos dos Goytacazes, a canoa havaiana foi criada há três mil anos na Polinésia, região conhecida por agrupar ilhas do Pacífico, entre elas o Havaí, atualmente território dos Estados Unidos. Naquela época, a canoa era usada como meio de transporte, mas tornou-se um esporte, que ficou popularmente conhecido no Brasil como canoa havaiana.
Com a iniciativa do atleta de canoagem Fábio Paiva, no ano 2000, a canoa havaiana chegou a terras tupiniquins importada dos Estados Unidos para ser montada no porto de Santos. Já no município de Campos, a prática surgiu com a Associação de Remo de Campos (Rema Campos), em 2016.
Em Lagoa de Cima, a prática da canoa havaiana teve início em 2019, através de uma empresa de passeios e aulas de formação dos remadores criada por Rafael Barros e Nadinho Peralva numa parceria com o Rema Campos, que havia adquirido a embarcação (Canoa Oc6 de seis lugares) e tinha intenção de expandir o projeto. “Quando nos foi dada a missão de levarmos a canoa para a Lagoa, inicialmente tínhamos que mostrar o esporte e a embarcação, ainda desconhecida de muitos por suas particularidades de remada, e também de mostrar turisticamente nossa região, que é também nossa vertente principal, especialmente nossa belíssima Lagoa de Cima”, disse Rafael.
Desde então muitas pessoas já foram ao passeio de canoa havaiana em Lagoa de Cima que acontece todos os fins de semana. “Iniciamos, um trabalho verdadeiramente de base, e estamos muito felizes pela formação de vários remadores praticantes eventuais, e até atletas, que hoje evoluíram a partir dessa formação”, contou Rafael.
Um desses remadores é o agricultor Leonardo Henriques, de 38 anos, que conheceu a canoa havaiana em setembro de 2023. “A experiência foi tão boa que sempre que dá, levo a família e amigos para remar”, conta.
Leonardo foi convidado por Rafael Barros para participar de um campeonato em Lagoa de Cima esse ano e os dois ganharam a disputa. “Fiquei muito feliz com o resultado. Meu time, o Campos Paddle, ficou em primeiro lugar, empatado com o time Kalani, outra excelente base de remo de Campos”, comentou contente.
“A canoa, para mim, representa o espírito de comunidade e cooperação. Temos que ter boa comunicação, remar juntos em harmonia, sincronizados, para juntos andar mais rápidos. “Me traz saúde, bem estar físico e mental. É uma meditação em movimento junto ao meio ambiente”, disse Leonardo.
Amor à canoagem depois dos 50
A canoa havaiana, seja usada como esporte ou como recreação, é democrática. Não há, por exemplo, barreiras de idade para começar a praticar a modalidade. A psicóloga Mariangela Dias, de 56 anos, conheceu a canoa havaiana em dezembro de 2021, aos 53 anos, através de um amigo. “Foi encantador, me apaixonei pelo esporte, comecei a remar todos os sábados e domingos na base do Rafael Barros”, contou Mariangela.
Foi amor à primeira remada. A psicóloga resolveu comprar uma canoa de dois lugares e começou a remar quase todos os dias em Lagoa de Cima. “Não importava o tempo que estava. Chuva ou sol, eu estava lá”, disse.
Mariangela pratica o esporte quase todos os dias às 5h da manhã com o Dinos VA’A no Rio Paraíba do Sul durante a semana e no fim de semana em Lagoa de Cima. A paixão é tanta que Mariangela se formou pela Federação do Espírito Santo e hoje é árbitra nacional, atuando em vários campeonatos, tanto regionais como nacionais e não mede palavras para elogiar a modalidade esportiva. “Remar faz bem para o corpo e a mente, digo: melhora o estado físico, ajuda a controlar a respiração, promove um estado de bem-estar mental, aumenta os níveis de vitamina D, fortalece as relações interpessoais, você conhece muitas pessoas legais”, afirma.
Regras
A canoa havaiana conta com seis remadores. Nas competições, existem três modalidades: sprint, maratona e grandes travessias. Outro aspecto comum na canoa havaiana é a possibilidade dos praticantes trocarem o lado das remadas.
Cada remador tem uma função específica:
Remador 1: responsável pelo ritmo e frequência de cada remada, ele fica na frente da canoa;
Remador 2: segue o remador 1, mas, do lado oposto, determinando o ritmo para os remadores 4 e 6. Outra responsabilidade é vigiar o iako (braço) dianteiro para evitar que uma forte oscilação faça a canoa virar;
Remador 3: é quem faz a contagem das remadas, alternando o lado a cada período de tempo combinado pelo grupo, o que varia entre 20 a 25 remadas, por exemplo;
Remador 4: é o responsável por vigiar o iako traseiro, de olho nas possíveis oscilações que podem surgir;
Remador 5: tem a função de retirar o acúmulo de água na canoa;
Remador 6: funciona como o leme da canoa,indicando a direção que deve ser seguida, além de ser responsável pelos gritos de incentivo aos colegas. Fica localizado na parte de trás da canoa, sendo considerado o capitão.