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De olho na Alerj e no Executivo

Reeleito, Bacellar comenta as gestões de Cláudio Castro, Wladimir Garotinho e presidência da Assembleia

Entrevista
Por Ocinei Trindade
7 de novembro de 2022 - 0h02

O advogado e deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL), de 42 anos, pode ser considerado um dos políticos bem sucedidos e influentes dos últimos tempos no Estado do Rio de Janeiro. No último dia 2 de outubro, ele foi reeleito para seu segundo mandato na Assembleia Legislativa. Foram 97.822 votos conquistados. Bacellar se tornou uma espécie de braço direito do governador Cláudio Castro (PL), desde que este assumiu o Executivo estadual. O parlamentar foi escalado para fazer parte da gestão, assumindo a Secretaria de Estado de Governo.

Rodrigo Bacellar conta que começou a se interessar por política ainda muito jovem. Desde pequeno, gostava de participar do debate político dentro dos espaços de convivência; desde o grêmio estudantil da escola ao diretório acadêmico na faculdade de Direito; passando pelos cargos de  deputado estadual e secretário de Governo. A maior inspiração política surgiu dentro de casa. O seu pai, Marcos Bacellar, foi líder sindical do segmento eletricitário por décadas. Nos anos 2000, este foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes. O patriarca da família Bacellar segue ainda influente nas questões políticas do Município e também entre o clã. O irmão de Rodrigo, o vereador Marquinhos Bacellar (SD), poderá ser o próximo presidente do Legislativo Municipal.

Nesta entrevista, Rodrigo Bacellar avalia sua reeleição para Alerj, a possibilidade de se manter no governo estadual ao lado de Cláudio Castro ou até de disputar a eleição para a Presidência da Alerj, além das relações com o prefeito Wladimir Garotinho, faz uma avaliação da gestão municipal e das disputas políticas em Campos no ano de 2024. Rodrigo também comenta como poderão ser as relações do governo Castro com o governo Lula a partir do ano que vem.

Como avalia sua reeleição para a Alerj?
Conseguimos renovar nosso mandato. E sempre disse que o reconhecimento do nosso trabalho, após os quatro anos, seria nessa avaliação por parte da população durante a eleição. Fomos avaliados e aprovados. Agora é seguir trabalhando muito.

O que consideraria a respeito desse êxito nas urnas?
Vejo que muito desse reconhecimento foi pelo fato de ter sido um mandato com ações efetivas, sem ficar contando história. Não fizemos um mandato dentro de gabinete. Andamos por todo o estado, ouvimos demandas e conseguimos transformar muitos anseios em ações. No caso específico do interior, trabalhamos muito. Levamos o Segurança Presente para Campos, Detran em Guarus, obras em vários bairros, melhorias em estradas e a retomada das obras da Ponte da Integração, que estive por diversas vezes no TCE para ajudar a destravar questões burocráticas. Entre outras ações, graças à sensibilidade e olhar do nosso governador Cláudio Castro.

O que pretende defender na Assembleia Legislativa?
Vamos seguir na defesa do fortalecimento do nosso interior com projetos que estimulem a geração de empregos e, sobretudo, sendo uma ponte com o governador Cláudio Castro. Nossa região voltou a ser olhada como protagonista no cenário estadual. Temos o Porto do Açu, temos um comércio forte e vocações históricas na área de Agricultura. Vou seguir trabalhando para somar forças em prol da região. Meu sentimento é de gratidão pelos 97.822 votos. Vou para o segundo mandato com muita disposição para trabalhar não só por cada eleitor que votou, mas por toda população do estado do Rio.

A entrada de seu pai, Marcos Bacellar, para a política e a liderança que já exerceu no Legislativo de Campos ajudaram a te influenciar no seu interesse pela área?
O interesse vem desde antes do meu pai ingressar na política partidária. Antes de concorrer, ele já era sindicalista, envolvido com a política sindical, e foi justamente no sindicato que eu fui criado e passei minha infância e adolescência, vendo de perto os acalorados debates e a importância do diálogo.

Quais políticos te inspiram ou tem admiração? E por quê?
Minha grande referência é o meu pai, o ex-vereador Marcos Bacellar. Político de palavra, firme e que não tem medo de falar o que pensa. E mesmo com personalidade forte, sempre foi um político agregador, tanto que tinha o respeito e a admiração de todos os parlamentares da oposição e da situação.

Como avalia o momento do país e como observa o resultado da eleição do último dia 30 para presidente da República?
Estamos diante de um país dividido como nunca antes na história. É um momento que pede sabedoria e sensatez.

O Brasil saiu bastante dividido e polarizado dessa eleição nacional. Como fazer para combater ou diminuir esse acirramento?
Nessa hora é muito fácil fazer discurso sobre unificação, sobre paz. Fica bonito na teoria. Mas, na prática, a tarefa é árdua. O primeiro passo é a capacidade do diálogo, mesmo diante das diferenças. A polarização não se encerra de uma hora para outra, mas o diálogo entre os que pensam diferente será necessário. E, no estado do Rio, conseguimos, nos últimos anos, dialogar com um Legislativo plural e aprovar projetos importantes, com votos de políticos dos mais variados partidos. E o ponto de partida foi o fato de o governador Cláudio Castro respeitar quem pensa diferente e estar sempre aberto ao diálogo. Também contou muito o fato da Assembleia ser presidida pelo deputado André Ceciliano (PT), com grande experiência, sensibilidade e capacidade de articulação.

O Rio de Janeiro deu a vitória a Cláudio Castro, que é do teu partido e o mesmo partido do presidente Bolsonaro, no primeiro turno. O senhor fez parte da gestão Castro em uma pasta bastante estratégica como secretário de Governo. O senhor pretende seguir no Executivo?
Eu aprendi desde cedo que política é feita em grupo. No momento, nosso foco está na transição, auxiliando o governador Cláudio Castro e toda a nossa equipe. Nossas decisões são tomadas em grupo e tudo em seu devido momento.

O senhor tem interesse em disputar a Presidência da Assembleia Legislativa?
Vamos seguir trabalhando e prontos para ajudar no que for preciso, seja no Executivo ou Legislativo. Sem antecipar discussões e dialogando muito. Mas, logicamente, seria uma grande honra presidir um Legislativo de tamanha importância.

O que espera das relações do Governo do Rio de Janeiro com a Alerj e com o futuro Governo Lula a partir de 2023?
O governador Cláudio Castro já deu várias demonstrações sobre a sua capacidade de dialogar e não será diferente neste momento. Certamente, vamos colocar os interesses da população do Estado do Rio acima de qualquer outro assunto.

Em relação a Campos, como projeta a relação dos governos municipal e estadual a partir do ano que vem?
Campos nunca recebeu tantos investimentos do Governo do Estado em sua história. Reforma do HGG, Restaurante do Povo, Segurança Presente, obras em vários bairros, asfaltamento de ruas, Detran em Guarus, recursos para pagar salários de servidores. Tudo isso graças à sensibilidade do governador Cláudio Castro, que olhou por Campos e por todos os municípios da região. E seguimos com a mesma visão: estado forte tem que ter um interior forte.

O senhor tem interesse em disputar uma eleição para o Executivo de Campos ou é cedo ainda para falar nisto?
Como deputado e secretário estadual, fiz e seguirei fazendo muito pela minha cidade. Campos tem bons quadros que poderão estar nessa disputa. Mas tudo no tempo certo, sem antecipação do debate eleitoral.


Como observa a gestão Wladimir Garotinho à frente da Prefeitura de Campos?
Campos vai fechar o ano de 2022 com o maior orçamento da sua história, arrecadando muito com royalties do petróleo novamente. Além disso, teve recorde de investimentos do governo estadual. Ou seja, tem dinheiro e tem muita ajuda do estado. Mas, infelizmente, ainda se vê na cidade um transporte público precário, saúde com muitas críticas por parte da população e educação com problemas. Porém, seguimos dispostos a contribuir. Até porque, acima de qualquer divergência política, está a população da nossa cidade.

O que seria, em sua opinião, necessário para melhorar a vida da população campista neste momento?
Definir prioridades. Não pode deixar o povo sem ônibus para se locomover, sem itens básicos em hospitais e sem estrutura nas escolas, por exemplo. Estamos falando de áreas essenciais. Mas, ao mesmo tempo, tem reforma da Cidade da Criança, reforma do Cepop, reforma de iluminação do valão. Vejo que o caminho para transformar essa realidade passa pela definição das verdadeiras prioridades. Há, também, uma necessidade de se ouvir mais os segmentos da sociedade que têm muito a contribuir com a gestão municipal. Debater sobre desenvolvimento econômico, geração de empregos e diversificação da economia.

Sobre questões políticas e sociais, o que gostaria de destacar neste momento no Estado do Rio de Janeiro e do Brasil?
A população quer ouvir a verdade e se cansou de promessas ensaiadas. Em nossa campanha, andei por todo esse estado e falei que não sou de ficar de conversa mole fazendo promessas. Sou de trabalhar, de entregar. Foi assim que expandimos o Segurança Presente, dobramos as equipes da Lei Seca e criamos o RJ Para Todos. E será desse jeito que vamos seguir trabalhando muito para fortalecer ainda mais o nosso estado, com olhar atento para o nosso interior.