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Erasmo Carlos…A fama em um filme

Longa-metragem conta a história da lenda do rock brasileiro, que estará em Campos, em novembro, para show do Terceira Via

Geral
Por Aloysio Balbi
30 de outubro de 2022 - 6h07

O filme “Minha Fama de Mau”, roteirizado a partir do livro homônimo do cantor e compositor Erasmo Carlos, faz sucesso na plataforma de streaming Globoplay, produção considerada o melhor relato de um dos mais importantes movimentos da música brasileira, a Jovem Guarda, que viralizou nos anos 60/70, influenciando costumes – do vocabulário ao vestuário – de seguidas gerações.

A obra do diretor Lui Farias é fiel à autobiografia do artista em uma linguagem moderna de cinema. Começa a ser ambientada na Tijuca, Zona Norte do Rio, onde Erasmo nasceu, criado por mãe solo, que morava em um cortiço, onde todos os moradores dividiam, não só o único banheiro, mas também suas dúvidas e amarguras.

Erasmo, que ainda não era Carlos, e sim Esteves – nome de certidão –, tinha 16 anos e sonhava um dia morar com sua mãe na beira do mar, em Copacabana, um sonho distante para um tijucano em 1958, quando o túnel Rebouças era uma mera expectativa. Enquanto o sonho não se realizava, Erasmo, com um grupo de amigos, roubava fios de cobre para conseguir os trocados.

Fazia parte desse grupo um jovem preto e já com sinais de obesidade que se chamava Sebastião, mas atendia pela abreviatura de Tião. Porém, Erasmo insistia em chamá-lo de “Tim” e Tião não gostava. – “Poxa, eu sou Tião! Não Tim”.

Pois é, Erasmo, que nem sabia que iria precisar de um sobrenome artístico, acabou despretensiosamente dando o nome de fama a outro monstro da música brasileira. O Sebastião ou Tião, que Erasmo chamava de Tim, viria a ser Tim Maia. Foi Tim, que nessa época, ensinou a Erasmo os três primeiros acordes do violão. Três únicos acordes que mudaram tudo no jovem Erasmo e em milhares de outros.

Erasmo era fã de Elvis Presley, o que era visível pela estética do seu cabelo “pega rapaz” – topete, para ser mais preciso –, além das costeletas e das golas das camisas em pé. Amava também Bill Halley e seus Cometas, bem como Chuck Berry. Tim, dono de um ouvido absoluto, era um músico completo e decidiu sair da Tijuca, não para a Zona Sul, mas, sim, para Nova York.

Antes de partir, Tim disse para Erasmo que rock tinha vida curta, e que ele gostava mesmo era de jazz. Discordaram, mas concluiu-se que para aquela época ambos estavam certos. O rock ainda era novo no mundo e não tinha a textura e a sofisticação do jazz, este bem mais próximo da Bossa Nova, que começava a surgir.

Se a Bossa Nova nasceu na Zona Sul do Rio, o filme sugere que a Jovem Guarda nasceu na Tijuca. Foi bem isso. Ele conhece Roberto Carlos, que já cantava em rádio e, sentados em um ônibus, acabam compondo a primeira música.

O filme vai unindo todas as pontas que ligam Erasmo a Roberto Carlos. No meio disso tudo tinha Wanderléa, a garota papo-firme, que teria sido objeto de desejo de ambos. Os três foram convidados para um programa semanal intitulado “A Jovem Guarda”, exibido pela TV Record.

O sucesso fez o país tremer, talvez, por isso, Erasmo tenha recebido o apelido de “Tremendão”. Também, naquela época, era chamado de “O terrível”. A partir daí, expressões como “bicho”, “morou?”, “broto”, entre muitas outras, virariam gírias obrigatórias nos lábios dos descolados.
Essa história ainda incluiu um terceiro Carlos, que não era nem Erasmo, nem Roberto, mas, sim, o Imperial. Fazer sucesso naquela época puramente analógica era praticamente impossível sem a mentoria imperativa de Imperial, que já tinha um pensamento quase digital.

E o filme vai narrando os primeiros passos desse caminho de sucesso que parece que não tem mais fim. Embora o “calhambeque” já buzinasse, Erasmo se locomovia de Rolls-Royce, e Roberto em um Mustang cor de sangue. “Meu carro é o mesmo que o da rainha da Inglaterra”, dizia Erasmo.

Seus carros eram vermelhos e eles não tinham espelhos para se pentear e usavam sapatos sem meias. Cabelos na testa, eles passaram a ser os donos da festa, pertencendo aos 10 mais. Definitivamente, eles arrombaram a festa, fizeram festas de arromba.

E são os detalhes importantes dessa época que o filme conta. Agora, é preciso colocar na conta do tempo mais de 500 canções que os dois compuseram em parceria. Um recorte dessas estradas, em retas e curvas fechadas até os dias de hoje, que os convidados para o show de Erasmo Carlos, evento de fim de ano do Sistema de Comunicação Terceira Via, verão e ouvirão no Teatro Trianon, em 29 de novembro. Enquanto isso, “Minha fama de Mau”, no Globoplay, é um bom aperitivo.